Psicologia das calças apertadas

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— Você demorou — Cole reclamou passando um braço ao redor de meus joelhos e me erguendo em seu colo. Um dos meus pés roçou em sua excitação, o que me deixou ainda mais quente. Fechou a porta com a mão livre sem desviar os olhos dos meus em nenhum momento e eu coloquei as mãos em seus cabelos escuros, sedenta para beijá-lo. — Como foi o seu dia?

Ele me sentou no sofá, fazendo o mesmo na mesa de centro para que ficássemos frente a frente. Tinha um brilho de maldade em sua íris que me dizia que sua próxima ação dependeria de minha resposta. Por isso, estiquei-me para tocar a parte de trás de meu ombro fingindo uma careta de dor.

— Foi um pouco estressante, mas recebi um e-mail da editora que me quer como estagiária — disse, percebendo que era algo que não tinha sequer compartilhado com Nat. A cabeça de Cole pendeu para o lado, como se observasse a um filhote e o achasse fofo.

— E o seu trabalho?

Dei de ombros.

— Terei de abandonar — fui sucinta e inclinei-me na sua direção, deixando que nossos rostos ficassem a poucos centímetros de distância. — E o seu trabalho?

Ele arqueou a sobrancelha, talvez ainda impressionado com o jeito como eu estava lidando com o seu ganha-pão. Cole não percebia que saber disso me aliviava de uma maneira quase doentia. Ainda mais com a distância que ele impunha emocionalmente entre si e as clientes, chamando-as de clientes e não pelos nomes. Ele desviou os astutos olhos do meu rosto botando uma mão em seu queixo, pensativo.

— Se eu disser que foi como todos os outros dias, você estranharia?

Dei de ombros.

— Não sei como é seu dia a dia. — rebati e ele reteve o riso. Era como se uma parede que existia entre nós dois tivesse desmoronado e os vestígios estivessem bem aos nossos pés. Aquele medo de me aproximar ainda estava ali, só um pouco abafado pela curiosidade. Cocei minha nuca sem jeito de fazer minhas próximas palavras serem menos rudes. — Você realmente faz isso porque precisa ou é diversão?

O riso que Cole estava retendo finalmente foi solto e meu rosto ficou vermelho por achar que aquilo talvez fosse uma quebra dos códigos dos bons modos aos prostitutos. Era reconfortante perceber o quanto ele se sentia confortável conversando comigo sobre isso. Quem sabe ele não quisesse se abrir a muito tempo com alguém que não o pagasse depois?

— O que você acha de mim, Berthany? — ele disse e eu retive a careta por ele dizer meu nome inteiro. Estava tão acostumada com ele apenas me chamando pelo apelido — Não quero que tire conclusões por conta da minha profissão. Gosto do que faço e sou bem seleto com isso, mas algumas vezes eu uso isso para fugir dos meus demônios — ficou em silêncio por alguns segundos e quando viu que eu questionaria sobre seus demônios, preferiu mudar para um assunto que estivesse no seu controle. — Eu sou formado, sabia?

Isso me fez recuar um pouco e meus olhos arregalados demonstravam minha surpresa. Não era pela idade de Cole, ele deveria estar beirando os vinte e sete anos, no máximo e essa informação só confirmava os meus pensamentos. Ele se inclinou mais uma vez na minha direção, fazendo com que os ossos de sua espinha ficassem destacados sob sua pele. Mantinha minha atenção em seus olhos, não querendo me perder na descida dos meus olhos por seu corpo. Cole estava apenas com uma calça de moletom cinza – a mesma que usou na primeira vez que conversamos perto do lixo.

— Em que? — perguntei com o cenho ainda franzido.

— Você não acreditaria se eu contasse.

— Tente, por favor — pedi.

Havia seriedade em seu tom de voz por mais que seus olhos brilhassem com seu bom humor. Nat tinha uma teoria sobre pessoas que mostravam somente o seu lado bem humorado, que quando ficavam irritados era como o inferno. Cole parecia o tipo de pessoa a quem essa regra se aplicava. Isso ou ele era o Spock do sexo.

Senhor LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora