Não confie no prostituto do apartamento 6A

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Eu não soube como, mas quando dei por mim estava abraçando Cole. Meus braços rodearam seu corpo enquanto eu pressionava o rosto contra a sua camisa, aspirando o máximo do seu cheiro que pudesse. Senti seu coração batendo contra a minha bochecha em uma demonstração de afeto. Quando percebi o que estava fazendo, arregalei os olhos e senti meu rosto ficando vermelho. Mas por mais que meu cérebro me recriminasse por essa demonstração exagerada de saudade, não tive coragem de me afastar.

— Você está tremendo — ele sussurrou pressionando a boca no topo da minha cabeça. Mexi o rosto contra a sua camisa e seus dedos se fecharam em meus ombros, afastando nossos corpos o suficiente para que pudesse me encarar. — Está tudo bem. Ou pelo menos vai ficar. — prometeu. Mas eu não sabia se ele tinha prometido aquilo para mim ou para si.

— Eu... — pausei sem saber o que, de fato, queria dizer. Não conseguia relacionar o vibrar do meu peito com palavras. — Não te prenderam.

Ele encolheu os ombros, constrangido.

— Eu tinha um álibi.

— Mas e a prostituição?

— Sua mãe disse que é melhor me referir como acompanhante. — ele deu um pequeno sorriso. O primeiro desde que tinha posto os pés em seu apartamento. Entendi o porquê estava sem jeito. Eu também estaria se acabasse de chegar da cadeia e a mulher com quem eu transo estivesse dormindo em minha cama. Se ele não fosse compreensível, seria eu a ganhar uma passagem só de ida para prisão por invasão. Eu ia me justificar por estar ali, mas algo em seu olhar me impediu. — Por que não me contou que sua mãe era advogada?

Era óbvio que Faith iria abrir a boca para contar que éramos parentes. Não podia ficar com a porcaria da boca fechada? Não ficaria impressionada se ela desse uma entrevista completa para a impressa. Pressionei os lábios, franzindo o cenho em uma careta.

— Vamos apenas dizer que nossa relação maternal não é das mais convencionais. Nem das melhores. — dei de ombros.

Ele desviou os olhos do meu rosto.

— Tenho realmente que agradecê-la.

Meu coração se apertou com suas palavras. Recordei-me do que minha mãe disse sobre usá-lo como bode expiatório e temi que mesmo com o álibi, a polícia não tivesse o deixado sair. Pega pelas emoções que esses pensamentos me proporcionaram, pressionei meu rosto contra sua camisa novamente. Seus dedos em meus ombros afrouxaram e escorregaram por minha coluna. A suavidade desse toque me fez ficar arrepiada e suspirei.

— O que aconteceu lá? — murmurei temerosa.

Cole soltou o ar e senti seu corpo se tencionando contra o meu. Quando recuei para procurar uma resposta em seu rosto, ele estava encarando o teto, distante. Vi seu pomo de adão mexendo-se enquanto engolia em seco e voltou a me encarar. Tinha um sorriso em seus lábios, mas era visivelmente forçado. Passou a ponta dos dedos por meu rosto até os meus cabelos, pondo uma mecha atrás da orelha.

— Posso tomar um banho primeiro? — perguntou sussurrando.

Por mais que estivéssemos sozinhos, falar baixo parecia a coisa certa a se fazer. Como se usar o tom normal de voz fizesse as coisas ainda mais reais. Assenti, finalmente tirando os braços de seu corpo. Ficamos parados por alguns segundos apenas nos encarando, completamente perdidos e sem nenhum vestígio da energia que tínhamos no começo do dia.

Cole abriu a boca, como se quisesse dizer algo, e eu segurei o ar, carregada pela expectativa. No último segundo ele desistiu apenas seguindo pelo corredor. Acompanhei-o com o olhar enquanto ele tirava a camisa e largava no chão, entrando no banheiro em seguida. Não demorou muito para que o barulho do chuveiro tomasse conta do ambiente e catei sua camisa do chão, ligeiramente incomodada com a bagunça.

Senhor LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora