Eu não soube como, mas quando dei por mim estava abraçando Cole. Meus braços rodearam seu corpo enquanto eu pressionava o rosto contra a sua camisa, aspirando o máximo do seu cheiro que pudesse. Senti seu coração batendo contra a minha bochecha em uma demonstração de afeto. Quando percebi o que estava fazendo, arregalei os olhos e senti meu rosto ficando vermelho. Mas por mais que meu cérebro me recriminasse por essa demonstração exagerada de saudade, não tive coragem de me afastar.
— Você está tremendo — ele sussurrou pressionando a boca no topo da minha cabeça. Mexi o rosto contra a sua camisa e seus dedos se fecharam em meus ombros, afastando nossos corpos o suficiente para que pudesse me encarar. — Está tudo bem. Ou pelo menos vai ficar. — prometeu. Mas eu não sabia se ele tinha prometido aquilo para mim ou para si.
— Eu... — pausei sem saber o que, de fato, queria dizer. Não conseguia relacionar o vibrar do meu peito com palavras. — Não te prenderam.
Ele encolheu os ombros, constrangido.
— Eu tinha um álibi.
— Mas e a prostituição?
— Sua mãe disse que é melhor me referir como acompanhante. — ele deu um pequeno sorriso. O primeiro desde que tinha posto os pés em seu apartamento. Entendi o porquê estava sem jeito. Eu também estaria se acabasse de chegar da cadeia e a mulher com quem eu transo estivesse dormindo em minha cama. Se ele não fosse compreensível, seria eu a ganhar uma passagem só de ida para prisão por invasão. Eu ia me justificar por estar ali, mas algo em seu olhar me impediu. — Por que não me contou que sua mãe era advogada?
Era óbvio que Faith iria abrir a boca para contar que éramos parentes. Não podia ficar com a porcaria da boca fechada? Não ficaria impressionada se ela desse uma entrevista completa para a impressa. Pressionei os lábios, franzindo o cenho em uma careta.
— Vamos apenas dizer que nossa relação maternal não é das mais convencionais. Nem das melhores. — dei de ombros.
Ele desviou os olhos do meu rosto.
— Tenho realmente que agradecê-la.
Meu coração se apertou com suas palavras. Recordei-me do que minha mãe disse sobre usá-lo como bode expiatório e temi que mesmo com o álibi, a polícia não tivesse o deixado sair. Pega pelas emoções que esses pensamentos me proporcionaram, pressionei meu rosto contra sua camisa novamente. Seus dedos em meus ombros afrouxaram e escorregaram por minha coluna. A suavidade desse toque me fez ficar arrepiada e suspirei.
— O que aconteceu lá? — murmurei temerosa.
Cole soltou o ar e senti seu corpo se tencionando contra o meu. Quando recuei para procurar uma resposta em seu rosto, ele estava encarando o teto, distante. Vi seu pomo de adão mexendo-se enquanto engolia em seco e voltou a me encarar. Tinha um sorriso em seus lábios, mas era visivelmente forçado. Passou a ponta dos dedos por meu rosto até os meus cabelos, pondo uma mecha atrás da orelha.
— Posso tomar um banho primeiro? — perguntou sussurrando.
Por mais que estivéssemos sozinhos, falar baixo parecia a coisa certa a se fazer. Como se usar o tom normal de voz fizesse as coisas ainda mais reais. Assenti, finalmente tirando os braços de seu corpo. Ficamos parados por alguns segundos apenas nos encarando, completamente perdidos e sem nenhum vestígio da energia que tínhamos no começo do dia.
Cole abriu a boca, como se quisesse dizer algo, e eu segurei o ar, carregada pela expectativa. No último segundo ele desistiu apenas seguindo pelo corredor. Acompanhei-o com o olhar enquanto ele tirava a camisa e largava no chão, entrando no banheiro em seguida. Não demorou muito para que o barulho do chuveiro tomasse conta do ambiente e catei sua camisa do chão, ligeiramente incomodada com a bagunça.
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Senhor Luxúria
RomanceCom a vida resumida em ver séries, usar roupas visualmente masculinas e escutar as teorias bizarras de sua prima, Berthany não tinha ideia de que um caminhão de mudanças parado na frente do seu prédio faria sua vida dar uma volta de cento e oitenta...