A profissão perfeita para um clichê erótico

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Consegui cumprir parcialmente a ordem de Natalie. Ao final da noite, quando o vinho fez o ato de calçar o meu sapato quase impossível e meu rosto ficou corado pelo teor de álcool em meu sangue, sussurrei no ouvido de Cole que o meu período tinha acabado. Pareceu apenas o tempo de uma batida de coração entre o momento em que estávamos sentados observando o mar e nos agarrando no banco de trás do carro.

Teríamos ido mais além dos beijos se não estivesse começando a amanhecer e as pessoa não saíssem para passear com seus cachorros. Vencida pelo bom senso, saí do colo de Cole e voltei para o meu lugar no banco de motorista. Movi os dedos por meu rosto tirando o cabelo da frente e liguei o carro preparando-me para sair.

— Não é muito sensato que eu dirija depois do tanto que bebi — pressionei os lábios em uma careta e olhei para Cole tentando me recordar quantos copos ele tinha ingerido. Independentemente da quantia tinha sido menor que a minha. — Venha. Você dirige! — desliguei o carro.

Ao invés de sair do carro e dar a volta como uma pessoa normal – e sóbria – faria, estiquei uma das pernas passando por cima de Cole e quando dei por mim tinha retornado ao mesmo local que estivera dois minutos antes. Antes de empurrar Cole para o lugar do motorista, encostei-me em seu peito, sentindo seu coração batendo contra as minhas costas. Suas mãos se fecharam em torno de minha cintura e seu nariz roçou pela extensão do meu pescoço. Os pelos do meu braço se arrepiaram e soltei um suspiro baixo.

— Vá logo! — reclamei empurrando-o para o lado. Cole me segurou com mais força, como uma criança que não queria se separar da mãe. — O que houve?

Ele pigarreou, explicitando seu nervosismo. Quis me virar para ver seu rosto, mas suas mãos me induziam a permanecer na mesma posição: sentada em seu colo, olhando para frente. Ele ficou alguns segundos assim, fazendo-me cogitar a teoria de que estivesse se aproveitando. Mas seu corpo tenso e a falta de animação debaixo de minha bunda diziam que o nervosismo de Cole era real. Seus lábios se pressionaram contra minha orelha e minha respiração ficou mais densa.

— Eu não sei dirigir. — desabafou.

O choque me fez retornar ao meu lugar para poder encará-lo. Arfei ao ver seu rosto vermelho de vergonha e seu pomo de adão tremendo. Não negaria que estava com vontade de rir. Cole devia ter vinte cinco, vinte seis anos e não tinha aprendido a dirigir? E ainda tinha trabalhado como mecânico por seis meses? Reprimindo meu instinto natural, peguei sua mão e a apertei, mostrando o meu apoio. Ele observou nossas mãos juntas e sorriu.

— Eu dirijo, mas se a polícia aparecer, você pula para o meu lugar. — eu disse. Liguei o carro novamente e o tirei da vaga. Por sorte não tinha nenhum carro por perto e estava bem cedo para ter algum pela rua.

— Acho que não vai ser uma boa ideia, já que eles estão loucos para me por na cadeia. — recordou-me. Encarei-o pronto para dar uma bronca por seu pessimismo, quando ele segurou os meus braços em pânico. As íris tingidas de verde. — Por favor, mantenha os olhos na estrada.

Pisquei seguindo o seu conselho e me esforçando para me manter em linha reta. Para descontrair, aproveitei para dar a boa notícia que tinha me esquecido.

— Acho que arrumei um emprego para você. — disse casualmente. Senti seus olhos queimando na lateral do meu rosto, mas mantive minha expressão o mais neutra possível. — Primeiro quero que você entenda que não fiz isso porque não gosto do seu antigo emprego, nem porque acho que não tem capacidade de arrumar um. Apenas juntei o útil ao agradável.

— Apenas conte, Little Bee.

Meus dedos apertaram o volante.

— Meu pai está abrindo uma mecânica, meio que transferindo a que tinha no Alasca — dei de ombros, algo difícil de fazer quando se está tensa. — Eu me lembrei que você foi mecânico em seu tempo de rebeldia e sugeri a ele que te tivesse como primeiro funcionário. Ele concordou e pediu para que você fosse falar com ele. De nada.

Senhor LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora