Capítulo 7 - Consequências.

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— Você tem certeza de que está bem? — pergunta Katniss mais uma vez, preocupada, enquanto analisa-me atentamente.

Já fazia alguns minutos que o sangramento em meu nariz havia parado, porém uma dor de cabeça um pouco incomoda persistia.

— Tenho sim, Katniss. — sorrio para tranquiliza-la — Não foi nada demais, eu realmente estou bem. — ela suspira parecendo aliviada.

— Ótimo, porque tem um lugar que eu quero te mostrar. — ela sorri abertamente enquanto se levanta e estende a mão para mim — Vem, vamos a um dos meus esconderijos secretos.

— Certo, "garota maravilha"... Mostre-me o caminho para a sua caverna misteriosa. — rio, pegando em sua mão após depositar o dinheiro sobre a mesa.

[...]

— Seja bem-vindo a American Rust, minha casa longe do inferno. — anuncia, abrindo os braços a minha frente.

Estávamos em uma espécie de ferro velho, próximo à linha do trem. O local ficava situado nos planaltos de Arcadia, e possuía uma vista privilegiada do horizonte. Era um local realmente bonito, apesar dos carros e inúmeros objetos jogados ali já sem utilidades.

— Bruto e destruído. É, combina com você... — comento divertido e ela solta uma gargalhada.

— Obrigada pela parte que me toca. — ela entrelaça seu braço com o meu — Agora vem, vamos nos divertir.

Seguimos para uma área mais aberta em meio ao ferro velho e Katniss se afasta, erguendo a blusa para retirar o revólver do cós da calça. Encaro-a incrédulo.

— Você está brincando? Depois de ontem, já chega de armas, Katniss. — ralho, cruzando os braços — Fico assustado por você ter uma.

— Não confia em mim? — questiona estreitando os olhos em minha direção.

— Claro que eu confio, mas não nessa arma. — ela revira os olhos e me estende sua garrafa de cerveja.

— Quer um pouco, para relaxar? — faço uma careta enquanto nego e ela solta uma risadinha — Você é tão fofo. Não mudou nem um pouco. Mas agora... você pode encontrar cinco garrafas enquanto preparo a estante de tiro?

— Cerveja e armas? Bela combinação. — rio ironicamente.

— Você pode lidar com isso. Agora, encontre cinco garrafas, por favorzinho? — implora fazendo uma carinha pidona.

— Tudo bem. — solto um suspiro derrotado — Você sempre me desarma quando faz essa carinha fofa.

Rimos e me afasto a procura das cinco garrafas. Eu ainda estava relutante quanto aquilo, mas não queria discutir. Encontro à primeira garrafa dentro de um pneu velho, e mais duas próximas aos destroços de um carro. Fico imaginando se a Katniss não pensa no pai quando olha para todos esses carros destruídos. Afinal, se não fosse por aquele maldito acidente, Thomas estaria vivo e as coisas teriam sido completamente diferentes.

Um barulho a minha esquerda acaba me assustando, e quando ergo meus olhos, acabo avistando um cervo.

Ótimo, essa é uma oportunidade fotográfica perfeita!

Sigo seus passos cautelosamente, até ele parar próximo a alguns arbustos. Retiro a câmera da mochila e a posiciono em frente ao meu rosto. A foto é tirada em questão de segundos, e o flash acaba o espantando, fazendo com que o mesmo suma por entre os arbustos. Balanço a fotografia no ar algumas vezes antes de voltar meus olhos para ela, analisando-a atentamente, e os meus olhos acabam se arregalando com o que vejo. Não havia servo algum na fotografia, somente as árvores, os arbustos e as colinas mais ao fundo. Ele havia simplesmente desaparecido da imagem, ou melhor, era como se eu nunca houvesse tirado uma foto dele.

Efeito BorboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora