Capítulo 9 - Um Eclipse Inesperado.

246 35 169
                                    

— Eu sei que hoje foi difícil para todos, mas me orgulho com a maneira que a Blackwell agiu para salvar a vida de uma jovem. — comenta Snow encarando a paisagem através da janela — E também estou orgulhoso de você, Peeta. — ele se volta para mim — Você foi um herói ao convencer Madge a não se jogar de cima daquele terraço.

Não consigo permanecer com o olhar no seu por muito tempo, por isso abaixo a cabeça e encaro minhas mãos, que estavam um pouco tremulas devido ao nervosismo. Eu não estava nenhum pouco confortável naquela sala, sem contar que não conseguia parar de pensar em Madge. Após o ocorrido desesperador no dormitório feminino, ela havia sido medicada com um calmante e levada para o hospital. Eu estava imensamente feliz por ter impedido que ela tirasse a própria vida, mas permanecia preocupado. Madge era uma pessoa maravilhosa e estava sofrendo com a maldade das pessoas, assim como Katniss estava sofrendo com os acasos da vida.

Depois que a poeira abaixou e os ânimos se acalmaram, Snow mandou chamar-me em sua sala para poder esclarecer algumas coisas. E naquele exato momento eu estava bem ali, sentado a sua frente, na companhia de Gale, Haymitch e Seneca.

— Não fiz nada demais. — as palavras saem baixas de minha boca.

— Você só está sendo modesto. — comenta Seneca atraindo minha atenção — Como um verdadeiro herói. — ele me lança um pequeno sorriso enquanto ajeita os óculos.

— Sim. Um verdadeiro herói. — repete Haymitch com um tom áspero de ironia.

— Como diretor da Academia Blackwell, levo meus deveres muito a sério. E levo o bem-estar de todos os alunos ainda mais a sério. O que aconteceu hoje nunca deveria acontecer em uma instituição de sabedoria e conhecimento. — ele se volta para Haymitch — Sr. Abernathy, como nosso chefe de segurança, as portas para os telhados deveriam estar sempre trancadas. É o procedimento normal, mas elas não estavam. E essa é de fato a sua responsabilidade. Quanto a você Sr. Crane... — ele se volta para Seneca — Sei que não devo esperar que saiba o que se passa com todos os alunos, mas a Madge o ajudou na aula, você deveria ter notado algo estranho. Já você, Sr. Hawthorne... — ele encara Gale enquanto puxa a cadeira para se sentar — Como é o responsável pelas festas do Clube Vortex, e como a Srta. Undersee foi a sua última festa, você terá que responder mais algumas perguntas. — Gale revira os olhos com suas palavras, mas Snow não percebe por estar analisando-me minuciosamente, como se estivesse tentando encontrar respostas em minha postura — Sr. Mellark, por que exatamente você estava no telhado com a Srta. Undersee? Ela contou a você o seu plano? Ou algo do tipo? Por favor, conte-nos tudo. — pede, repousando os cotovelos sobre a mesa e cruzando os dedos em frente ao rosto, encarando-me de um modo intimidador.

Sinto uma gotícula se suor escorrer de minha testa até a lateral de meu rosto. Definitivamente eu não estava nem um pouco confortável com aquela situação. O que eu iria responder? Minha cabeça estava quase explodindo de tanta dor, e graças a isso não estava conseguindo raciocinar direito para poder inventar uma mentira. A situação estava bem complicada, todos naquela sala tinham culpa em relação ao que estava acontecendo com Madge. O primeiro era Gale, por tê-la drogado e feito com quê praticamente a escola inteira fizesse brincadeiras de mau gosto com ela. O segundo era Haymitch, por tê-la acusado de estar envolvida com a parte mais "sombria" da Blackwell. E em terceiro Seneca, que a pesar de ser um excelente professor, havia a abandonado no momento em que ela mais precisou. A situação estava bem delicada.

Senhor, o que eu faço?

— Sr. Mellark? — chama Snow, tirando-me de meus pensamentos — Estamos esperando sua resposta.

Afundo-me mais ainda na poltrona, soltando um longo suspiro antes de finalmente respondê-lo.

— Não. Eu não sabia o que a Madge pretendia fazer. — encaro seus olhos gélidos - Mas vi o Sr. Crane falando com ela logo antes da nossa aula, e em seguida, ela saiu chorando. — confesso, e sinto os olhos de Seneca caírem-se sobre mim.

Efeito BorboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora