V

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— O que você fez para eles? — disse, puxando um livro qualquer apenas para abanar em minha cara.

— Só disse a verdade. — ela deu de ombros, fazendo a mesma coisa que eu. — Eles não são garanhoes, muito menos bonito.

— Você disse isso?

Soltei uma risada, aquela garota parecia ter medo de nada. Ao perceber que havia um bom tempo que estava rindo e ela ainda estava com uma cara fechada, levei a mão até a boca, inutilmente tentando disfarçar o quão desapontado estava por ela não rir junto.

Respirei fundo, pensando na forma menos fútil de se puxar assunto.

— Você é japonesa? — desembuchei.

— Você é coreano? — ela respondeu no mesmo instante. Franzi o cenho, inclinando a cabeça.

— Por que você...

— Ahh, finalmente posso ir embora. — uma terceira voz disse, entrando na biblioteca. No mesmo instante nos calamos, prendendo até a respiração.

Numa escala de 0 a 10, quão estranho eu seria se achasse Kim Chie fofa ao tampar sua boca com as duas mãos?

Praticamente me belisquei para que acordasse pra vida.

— Ei, Sunhae, vamos? — outra pessoa disse parecendo ter vindo da porta.

      — Ah, vamos!

      Ouvimos alguns passos de salto e olhei para Chie com os olhos arregalados, em seguida só escutamos um barulho de fechadura. Nos levantamos em imediato, correndo até a porta récem trancada, mas os dois já estavam saindo do colégio e fechando a porta principal.

       — Você é burro?! — Chie virou para mim, sem deixar de ficar nas pontas dos pés para ver pela janelinha da porta.

       — O que eu fiz?!

       — Você não fez nada! — ela me olhou. — Poderia ter impedido ela!

       — Você fez? — naquele momento, estava me recordando do quanto aquela garota já me deu dor de cabeça, começando a ficar com um súbito ódio.

       Chie me fuzilou com o olhar. Era incrível a confiança que ela tinha, conseguia ser intimidadora. Então respirei fundo, saindo de perto da porta.

        — Tudo bem, não poderia ficar pior.

        Foi quando as luzes se apagaram e Chie soltou um grunhido raivoso, caminhando com pés pesados até o interruptor e apertando várias vezes, não ligando.

      — Ótimo, agora eu nem consigo te ver. — ela resmungou, me fazendo rir.

      — Você queria me ver?

      Quando terminei de falar, finalmente percebi o que havia dito. Mordi a ponta da língua, não sabendo aonde esconder minha cabeça e também sem entender o motivo de minha timidez, era só Chie, merda.

      — Na verdade, não.

      Suspirei aliviado, aquela resposta era tudo que eu precisava. Pude ver o vulto de Chie ir até as janelas, em seguida puxando uma para cima, que subiu facilmente.

      — Está aberta. — ela virou para mim e pude ver um sorriso. — Anda, acho que você não quer perder seu emprego, nem eu minha cabeça.

mangirly ➳ nakamoto yutaOnde histórias criam vida. Descubra agora