Soltei sua mão assim que nos encostamos em um corredor, já bem afastado do ginásio. Tudo ali estava vazio por conta disso, a escola toda estava no campo. Abri a porta de uma das salas ali e entrou, fazendo sinal com a cabeça para que Chie entrasse também.
Ela descruzou seus braços, olhando ao redor antes de também entrar e me encarar.
— Seja breve. — Puxou as mangas de seu agasalho e colocou as duas mãos na cintura.
— Serei.
Um passo à frente foi mais que o suficiente para que a postura durona de Chie avacalhasse, fazendo com que ela desviasse o olhar para meus pés e começasse a recuar para trás. Apenas coloquei minhas mãos em minhas pernas, me inclinando minimamente para ficar na sua altura e a encarar de volta.
— Chie, você gosta de mim?
Ela arregalou os olhos, entreabrindo a boca e, sem emitir som nenhum, desistindo de falar diversas vezes.
— Q-Que pergunta é essa, Yuta? Somos amigos ou conhecidos, eu-
A verdade é que eu esperava essa reação. Chie nunca diria aquelas três palavras, também não conseguia a imaginar se abrindo para uma pessoa que conheceu há algumas semanas atrás. Então assenti com a cabeça.
— Se essa for sua resposta, ter te beijado foi realmente um erro, me desculpe. — Terminei de me inclinar, abaixando minha cabeça por completo e deixando que os fios de cabelo caíssem sobre minha testa, impossibilitando de ver sua reação. — Mas eu não fiz aquilo por você estar diferente.
Fiquei um tempo assim, dando um tempo para ela.
Decidi que deveria parar de inibir meus sentimentos, independente de quais eles fossem. Deveria descobrir com o tempo, parar de preocupar pelo menos um pouco com as consequências e pensar que as coisas não dariam errado. Eu cuidaria de Chie. E o mais importante: eu aprenderia a me confessar a ela. Só precisava de mais tempo, era tudo.
— Por que você fez aquilo, Yuta? — Finalmente escutei sua voz.
Levantar a cabeça nunca foi tão difícil, mas quando fitei seus olhos e dei um passo à frente sem que ela desse outro, eu senti que ela não estava mais com medo. Talvez também tomara uma decisão. Sorri, mesmo que involuntariamente.
— Bem, eu-— Chie! — a voz de Winwin soou pelo corredor, e ela se afastou imediatamente de mim.
Mas seu olhar mostrava sua agonia de saber o resto da frase. O meu mostrava talvez a raiva de não ter conseguido continuar.
Ela se reverenciou, desculpando e saindo logo em seguida.
— Sicheng, estou aqui! — Podia escutar agora as vozes ali da sala, apertando meu punho.
— Oh, você sumiu. Vamos, nossa equipe precisa da nossa estrela de volta, e eu também! — Winwin riu, ela o acompanhou.
"E eu também."
As vozes foram ficando cada vez mais abafadas e depois impossíveis de serem ouvidas. Sentei-me em uma cadeira próxima à janela, encostando minha cabeça na mesa e fechando os olhos.
Talvez aquele fosse um sinal para eu desistir?
~
CHIE
Meu coração estava acelerado. E se Yuta ouvisse? Me acharia uma criança? Ele estava se aproximando cada vez mais e tudo que meu cérebro me fazia fazer era andar para trás, como se ele fosse meu pior pesadelo. Por que não conseguia fazer nada direito perto dele?
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mangirly ➳ nakamoto yuta
Fiksi Penggemaryuta precisa fazer com que a filha de seu chefe volte a se vestir como garota caso queira seu emprego de volta. ➙ 211017