mangirly ➳ nakamoto yuta

XXXV

YUTA

Aquela competição acabou com vitória da nossa equipe vermelha, com todos endeusando Yonwha pelo incrível desempenho de ter encontrado todas aquelas cartas de uma só vez.

        Mas estava completamente desanimado.

Em contrapartida, a equipe ao lado parecia ter entrado em um colapso interno. Não estavam mais sabendo trabalhar em equipe. Em especial, Chie.

Havia marcado de encontrar com ela de madrugada, no segundo andar do galpão aonde tínhamos passado a noite com o pessoal. Dessa vez, sozinhos. Talvez as coisas entre nós fossem tão abstratas que toda vez estaríamos sujeitos a conflitos. Queria mudar isso.

Muito.

Mas antes, tinha um obstáculo de 1,78 e olhos simpáticos que precisava colocar as cartas em jogo.

— Sicheng, posso conversar com você? — Perguntei na primeira oportunidade que o encontrei sozinho, o que não era fácil. Ele assentiu com a cabeça, pegando sua bandeja. Estávamos na fila do refeitório: serviam uma banana e suco, apenas. Ignorei o fato da minha barriga roncar apenas de ver aquilo. — É sobre a Chie.

— Eu imaginei. — Seu sorriso era estranho, perturbado. Sentamos num canto qualquer. — O que tem ela?

— Na verdade, o que tem você com ela.

Sentia meu estômago revirar ao terminar a frase. Sicheng já fora um amigo muito íntimo meu, mas naquelas últimas semanas não parecia o mesmo. Sabia exatamente o motivo, mas queria ouvir isso vindo dele próprio.

Ele soltou uma risada nasalada, tomando um gole do suco logo em seguida.

— Já te disse. — Ele deu de ombros, como se fosse a coisa mais explícita do mundo. — Ela me atraí.

Era como levar um soco no estômago dessa vez. Balancei positivamente a cabeça, desviando o olhar. Seja maduro, Yuta, meu subconsciente implorava.

— Olha... Eu sou apaixonado por ela. — Mantive o olhar fixo no chão, não querendo perder a coragem que estava nutrindo naquele momento. — Sei que vacilei diversas vezes, sim, isso pode me descredibilizar. Mas eu não quero mais ser assim e vou fazer de tudo para a conquistar. Portanto, não trate a mim como se fosse apenas um colega dela.

Um breve silêncio estabeleceu entre nós, até ouvir sua risada.

— Sempre soube que você é era um concorrente em potencial. Mas... Me diz, por que está me contando?

— Não quero estragar nossa amizade. Achei que fosse o melhor a se fazer. — Retornei a olhá-lo. Estava com uma expressão rústica, os olhos firmes na movimentação no galpão e seu punho levemente cerrado. — Tudo bem se respeitarmos o desejo da Chie sem jogos sujos e armações?

— Claro, irmão. — Ele sorriu amarelo, estendendo a mão para mim.

Estava prestes a fazer o cumprimento quando diretor Wang surgiu em nossa frente. Seu rosto tenso, cheio das marcas da idade, estava ainda mais evidente e eu podia sentir seu peito subir e descer mesmo ali, sentado.