Prólogo

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Madrugada, 28 de agosto de 1999 - Frankfurt, Alemanha

Abri os olhos e me deparei com o quarto escuro, finalmente era meu aniversário, por mais que eu tivesse que dividir tudo com Gus ainda era o meu dia favorito do ano. Me levantei da cama, sem fazer barulho, eu sabia que caso alguém me encontrasse poderia ser um grande problema, segui para a porta e abri, o corredor vazio me fez sorrir, o escritório do papai ficava no fim do corredor e lá estava todos os presentes.

Corri para o escritório e entrei na sala repleta de livros antigos e objetos que faziam meu corpo tremer. A porta se fechou atrás de mim, mas eu não tinha medo, afinal eu sou um Kauffman e o futuro líder da família, não posso ter medo de nada. Tudo estava estranhamente quieto, até que a voz de meu pai chegou aos meus ouvidos. – O que você está fazendo aqui, Klaus? – A pergunta de Olrac, me fez virar para a porta, vi meu pai parado, os olhos azuis deles vidrados em mim.

– Papai... – Não sabia o que fazer, eu estava ali para ver os presentes, mas se eu falasse para ele todo o meu plano daria errado. Meu pai se abaixou e me pegou no colo, não era costume dele tanta demonstração de carinho, mas como era meu aniversário acho que fazia parte dos presentes. – Estou com problemas? – Perguntei, sabia que eu poderia ficar de castigo por meses.

Era tão bom estar no colo de meu pai, me sentia apenas uma criança, protegida do mundo, ele caminhou até a mesa e sentou-se em sua cadeira de couro. – Não meu filho, não hoje... – Vi meu pai abrir o grande livro sobre a mesa. – Veja este grimório. – Me debrucei sobre pesado livro de feitiços. – Dentro deste velho livro há os feitiços mais poderosos de nossa família, alguns deles foram criados por outros bruxos e nós os melhoramos. – Eu adorava magia, adorava ser um bruxo e principalmente aprender sobre feitiços. – Porém, Klaus... – A mudança no tom de meu pai me fez tremer.

– O que foi papai? – Minha voz era fina, típica de uma criança de oito anos de idade. – Porque você ficou tão sério? – Há época eu não tinha conhecimento do que estava por vir.

– Meu filho, há feitiços. – Meu pai passou a mão sobre minha cabeça, como se nada fosse mais importante do que eu. – Há feitiços que requerem muito mais do que a energia do bruxo que o profere. Esses feitiços são poderosos e perigosos. – Eu não entendia o que meu pai queria dizer com aquilo, qual era o ponto em que ele queria chegar.

Olhei para ele expressando toda a minha confusão. – Não consigo entender, porque está me dizendo isso?

Olrac riu de mim, mas não foi para me menosprezar, meu pai sabia que eu era jovem demais para entender totalmente o que ele falava. – Apenas se lembre, meu filho. – Ele me deu um beijo em minha testa. – Haverá o dia em que você precisará desse conhecimento. – Concordei com a cabeça, se meu pai havia dito algo para eu fazer, assim o faria. Ele levantou e seguiu de volta para o centro do escritório. – Você veio aqui por causa disso não foi? – Com um movimento da mão dele os presentes apareceram.

Eu sorri, haviam tantas caixas, eu mal podia esperar para abrí-las. – Sim, queria saber o que vou ganhar de aniversário. – Porém naquele momento eu não queria mais nada, estava deitado no colo de Olrac. – Mas acho que vou esperar até amanhã. – Coloquei a cabeça do ombro de meu pai e adormeci.

Ermickville - A Fúria da Besta [Livro 1 - COMPLETO] (EFCW)Onde histórias criam vida. Descubra agora