"O tempo não apaga as marcas,alguma coisa dentro de nós as faz parar de doer, aos poucos nos acostumamos com a dor, em noites frias rostos estranhos perturbam e violentam nosso sono, sei que marcas são só marcas, mas as vezes a ferida se abre e não...
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Continuo parado, junto com meu coração que parou de bater, a encaro, como se da sua decisão dependesse minha vida, pois se ela disser sim, vou ser o homem mais feliz do mundo, mas se disser não, serei capaz de me jogar desse barco.
Ela entrega Steph para Carla e caminha para mim, seu olhar marejado, mas seu andar seguro me encara tão firme, acho que vou desmaiar com esse olhar, para diante de mim, posso até sentir seu perfume, mais um, pouco posso tocar seu rosto, mas não consigo ter reação alguma, meu peito parece que vai explodir de ansiedade.
- Você quer que eu esqueça tudo o que de mal me aconteceu naquele dia, no dia que quase morri por causa da sua família, do dia que perdi meus filhos, e você, que não esqueceu um minuto sequer do dia que te deixei e o pior, se recusou terminantemente a me deixar explicar, e ainda assim ficou me julgando e me machucando com as suas conclusões precipitadas, você espera que eu esqueça tudo isso Christian? – porra ela tem razão, é muito sofrimento, causei muita dor a ela, e é dor, tanta dor que vejo em seu olhar, não consigo lidar com isso, abaixo minha cabeça, inspiro o ar, preciso me recuperar, é o fim, não a mereço, a perdi realmente para sempre. Dou um passo para trás, mas algo me deixa surpreso, ela segura meu rosto com as duas mãos, esse toque me faz estremecer, sabia que sentia falta de suas mãos, mas não tanto assim. Levanta meu rosto para olhar para ela, seus olhos brilham, como brilhavam anos atrás.- sim Christian, eu me esqueço de tudo, até porque o meu amor por você, é maior que tudo isso, maior que toda dor, que toda magoa, maior que tudo.
- Porra.- murmuro e ela me estreita os olhos, mas não posso deixar de suspirar de alivio.- Ana...- murmuro sem conseguir concluir, a puxo para mim.- ah , como é bom tê-la em meus braços de novo.- murmuro antes de beija-la. Nossas bocas se procuram em um beijo cheio de saudade, molhado por lágrimas, ao som de gemidos e múrmuros, parece que o mundo acabou, que só restou nós e esse beijo, o beijo que esperamos anos para voltarmos a troca-lo, beijo que daqui pra frente, será gesto constante em nossas vidas. Solto a boca dela, colo minha testa na dela, beijo seu nariz, ela ainda chora, acho que eu também, - casa comigo? – peço e ela agora sorri e sorrindo faz que sim com a cabeça, porra agora que morro de felicidade. A levanto do chão e a giro no ar, ela ri e chora ao mesmo tempo.- amo você.- falo a colocando no chão, mas não a soltando, acho que não estou preparado para isso.
