Capítulo 2

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Faltava pouco menos de 5 minutos para a campainha soar e na verdade não me apetecia nada ter aulas às 8 e meia...

“Olá Violet. Fizeste os trabalhos de Biologia?” – Apareceu de repente um rapaz alto, de olhos claros e cabelo um pouco em pé. Bem, não era muito alto, mas ao meu lado era... Eu tinha apenas 1,58.

“Fiz, porquê?”

“Importas-te que eu na aula de Filosofia os copie? Não tive tempo ontem porque tive surf.” – Não era normal o Beau não fazer os trabalhos por isso acenei afirmamente e ele agradeceu. Passados segundos apareceu o professor e entramos todos.

Durante a aula dei o meu caderno de Biologia ao Beau para que ele copiasse os trabalhos e continuei atenta até que o Harry, aquele rapaz rude me invadiu os pensamentos. Só conseguia pensar na maneira com que ele falou comigo e com que me olhou.

“Violet.” – Dirigiu-se a mim o professor Richard.

“Diga.” – Arregalei os olhos com espanto porque não sabia do que estava ele a falar na aula.

“Escolhia para responder, visto que está muito atenta.”

Senti um grande fervor nas minhas bochechas. Ficava corada com muita facilidade e estava definitivamente envergonhada naquele momento.

“Eu não sei a resposta...” – Respondi.

“A menina não sabe a pergunta, que é diferente.”

O olhar dele deixou-me completamente chateada. Não se pode pensar em outras coisas num instante?

“Pois não.” – Respondi com frieza porque era isso que ele precisava, de frieza. Nunca gostei deste professor, desde o ínicio do ano que implica comigo.

A Natacha de seguida respondeu por mim, o que fez com que o professor se acalma-se e proseguisse a aula.

“No fim quero falar consigo Violet.” - Concordei com o professor. Embora estivesse zangada não podia ser fria com ele nem responder torto.

No fim das aulas da parte da manhã, disse à Natacha para ir comigo ao café em frente. Decidi comer lá. A cantina da escola não serve comida, serve qualquer coisa para nos alimentar, alguma coisa que sabe horrivelmente mal.

A Natacha como sempre acompanhou-me e quando chegamos ao café vi alguém no balcão que me fez logo de seguida o reconhecer. Era o Harry. Boa, agora é que não o vou tirar da cabeça. Ele virou a sua cabeça 180º e sorriu para mim. Quer dizer acho que era para mim, e devido a essa incerteza virei-me para ver se tinha alguém atrás de mim. Não tinha.

Ele aproximou-se e disse olá. A Natacha respondeu enquanto eu ficava pasmada com a atitude dele.

“Desculpa como te falei hoje de manhã, fico sempre assim de manhã. Acordei mal disposto com o barulho da campainha.” – Ele sorriu mais uma vez o que me deixou completamente à vontade.

“Não faz mal, eu percebi.”

“Querem vir almoçar comigo e com o meu grupo?” – Não tinha a certeza se aceitava ou não. Nem o conhecia.

“Hum... Acho que sim. Natacha, não te importas?”

“Claro que não, vamos.” – Eu já sabia que ela ia responder assim.

Durante o almoço reparei que o Harry me olhava sempre que podia. Isso deixou-me um bocado incomodada mas não disse nada.

“Então... Queres ir sair logo?” – Fiquei admirada com aquela pergunta. Tinha-o conhecido à umas horas e convida-me para sair. Como não me sentia bem com a ideia não aceitei, inventado uma desculpa esfarrapada.

“Não vai dar, combinei ajudar a minha mãe com as encomendas de última hora.”

“Tenho a certeza que ela não se ia importar. Ainda por cima quero falar contigo sobre um assunto.”

Já adivinhava qual seria o assunto, e por isso ainda fiquei mais convicta de que não iria a essa saída.

“Não dá mesmo Harry, fica para outra vez.”

Paguei o meu almoço e o da Natacha e saí daquele café.

**

Eram 21:00h e eu não tinha grande fome, por isso decidi jantar uma taça de cereais, das pequenas.

“Violet, tens visitas!” – A minha mãe ainda não tinha perdido o vício de gritar sempre que quer alguma coisa. Custa muito subir as escadas, bater à porta e falar.

“Já vou.”

Enquanto descia vi o Harry. Eu não me acredito, agora vai descobrir que lhe menti e vai ficar chateado.

“Harry?” – Desci as escadas a correr.

“Vim buscar-te.”

“Mas eu disse que não podia...”

“Liguei à tua mãe e ela disse que tratava das encomendas.” – Disse com ar de gozo. Ele já sabia que eu tinha mentido mas pareceu-me que não quis dizer nada para que eu não ficasse envergonhada...

“Ah...” – Corei.

“Então, vamos?”

Ele pegou na minha mão e guiou-me até fora de casa. A minha sorte era que ainda não tinha vestido o meu pijama.

Ficamos o caminho quase todo em silêncio, até que ele o rompeu com aquela pergunta que eu rezava que ele não fizesse.

 “Consegues ver alguém? Algum espírito preso a mim?” – Vi a curiosidade no olhar dele. Mas eu não lhe podia mentir. Não tinha nenhuma alma ao redor dele...

Spirits || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora