“Desculpa.” – Os olhos dele encontraram os meus, estavam carregados de cansaço e muito raiados.
“Não tens de pedir desculpa, amanhã é um novo dia, tens de ir descansar e tentar empurrar a ideia de estares farto da Ema para trás nos teus pensamentos.” – Tentei meter o braço esquerdo dele sobre os meus ombros para o levar para o seu carro. Lá ele podia descansar um pouco e eu podia ir até casa a pé. Não achei que fosse muito boa ideia deixá-lo sozinho no carro durante a noite por isso fiquei com o Harry, até ele se sentir mais calmo.
“Não preciso de me acalmar, vou levar-te a casa.”
“Eu posso ficar aqui contigo até te sentires melhor, Harry.”
“Eu estou bem, para de falar comigo como se eu não aguentasse uma bebedeira.” – A minha vontade de ficar ali com ele e a esperança depois daquele beijo desapareceram depois de ver a forma como ele estava a falar comigo agora.
“Não precisas de falar assim comigo, deixa-me em casa.”
“Desculpa, é que ainda estou irritado por te ter beijado sem pensar.” – Estou muito melhor agora, obrigada.
Não falei com ele o resto do caminho até minha casa e notei na expressão confusa na cara dele quando não respondi ao que ele disse.
“Bem, chegamos. Vejo-te amanhã na escola?”
“Adeus Harry.” – Bati com a porta do lugar do passageiro e andei até à porta de minha casa.
Não me consigo acreditar que ele me beijou sem ter intenções para o fazer. Fui um brinquedo para ele? Eu não vou admitir este tipo de comportamentos dele, já fui humilhada o suficiente com esta cena de hoje.
Harry’s POV
“Adeus Harry.” – Ela bateu a porta do carro e não me disse mais nada, nem sequer me deu oportunidade de me despedir. Eu acho que não disse nada mal, amanhã talvez lhe ligue a perguntar se está tudo bem. Não, ela não vai querer que eu lhe ligue depois de a ter beijado, certamente contra a vontade dela.
Quando cheguei a casa a minha mãe estava deitada no sofá, quando cheguei perto dela e vi que ela estava a dormir desliguei a televisão e fui ao quarto buscar um cobertor para ela não ter frio durante a noite. Eu não tinha sono, estava cansado e com umas dores de cabeça que nunca mais acabavam.
Nunca mais bebo na vida, não consigo sequer abrir os olhos, a dor de cabeça consome-me de uma forma que perdi a vontade de me levantar para fazer o quer que fosse. Apenas abri os olhos para ver as horas, vi que eram ainda 07:00h e voltei a fechar os olhos.
Violet’s POV
Fodasse, começa logo mal o dia, vou chegar tarde à primeira aula. Desci as escadas à pressa, peguei numa maça e comecei a correr até à escola.
O caminho hoje parecia mil vezes maior, faltavam apenas 2 minutos para soar o toque de entrada e eu ainda não tinha saído da minha rua.
Quando cheguei já tinham todos entrado e por isso decidi ir até o café comer alguma coisa. Já tinha falta e não me apetecia mesmo nada ir a Português.
O Harry não estava e agradeci mentalmente, não estava pronta para jogar joguinhos mentais estúpidos com ele. Paguei o meu café e dirigi-me à porta quando vejo um carro familiar estacionar em frente ao café onde eu estava. Era o carro do Harry. Ele tinha um ar péssimo, olheiras de 3 cm, olhos escuros, lábios secos e estava c uma expressão de cansaço no rosto. Olhei para a mala e fingi estar a tirar o telemóvel de dentro dela para não ter de falar com o Harry.
“Violet?” – Tarde de mais, ele viu-me e dirigia-se a mim, eu conseguia ouvir as suas botas cada vez mais perto.
Olhei para cima e vi-o a vir em direção a mim, por momentos pensei em começar a correr, mas sei que era uma péssima ideia.
“Pensei que tinhas aulas.”
“Cheguei atrasada e decidi vir tomar um café para me animar. E tu, por aqui tão cedo? Tens um ar cansado, devias de estar a dormir.”
“Vim tomar um café também. E vinha esperar que saísses porque queria falar contigo, mas já que estás aqui, falamos já. Entramos?” – Apontou para a porta do café e eu assenti com a cabeça, seguindo-o para dentro do estabelecimento.
“Eu queria pedir desculpa pelo que fiz ontem, a sério, não estava de todo consciente e não pensei nas consequências.”
“Não tens de pedir desculpa.” – Sim, tens de pedir desculpa, beijaste-me no teu estado mais vulnerável, quero sinceramente que penses que eu te odeio.
“Tens a certeza?”
“Sim, absoluta. Não tens de te preocupar. Bem, vou andando. Vejo-te depois.” – Meti a minha mochila às costas e rezei para que ele não viesse atrás de mim.
O dia correu bem até a hora de ir embora, estava a chover.
“Caraças, era mesmo isto que faltava para o meu dia ser perfeito. Bem, até amanhã!” – Despedi-me da Natacha e comecei o meu caminho até casa.
Cheguei encharcada a casa, quando entrei no meu quarto descalcei-me e vesti logo o pijama. Fui ver se tinha alguma chamada da minha mãe ao telemóvel e não tinha. Quando ergui a cabeça estava lá ele, bem à minha frente, sentado na ponta da minha cama, com um sorriso.
“Que raio estás tu a fazer aqui?” – A minha voz saiu mais fraca do que aquilo que eu queria que saísse.
“Vim visitar-te, dei-te muito espaço ultimamente.” – Ele assustava-me, não era como os outros espíritos, ele simplesmente estava sempre por perto mesmo eu não o vendo, eu sei que estava.
“O que é que tu queres?” – A minha voz agora saiu como um trovão, não porque eu quis. Saiu porque estava mesmo irritada.
“Eu não quero nada, aliás, quero ver-te e poder falar contigo.”
“Então fala, não tenho muito tempo, tenho de estudar.”
“Então, tu pensavas que eu me ia embora assim e que podias ir sair com o Harry? E achavas que podiam beijar-se e eu não fazia nada?”
Como é que eu não pensei nisto antes? Eu sabia que ele iria ver. Ele vê tudo.
“Eu beijo quem quero, e tu já devias de ter ido. Não fazes nada aqui, ainda não percebes-te que o lugar das almas é para além da passagem?”
“Passagem? O que é isso da passagem?” – Eu não me acredito que ele ainda não tenha visto a passagem. Eu pensava que ela a tinha visto só que não queria entrar nela.
“Sim, tu tens de fazer a passagem Mark, achas que podes, simplesmente ficar aqui comigo para sempre?”
“Claro que posso Violet. Faria qualquer coisa para ficar contigo e te proteger daquele gajo.”
“Sai daqui! Sai!” – Quando dei por mim estava no chão com as mãos nos ouvidos a gritar para que ele saísse. Ele assustava-me muito, pelo facto de querer ficar comigo. Eu nunca lidei com isto antes. Costumava entrar em contacto com almas que queriam fazer a passagem, não com aquelas que queriam ficar.
Olhei para cima e estava escrito num papel assim “Vais ser minha, Violet.” Gritei e rasguei o papel em mil pedacinhos.
(Olá meninas, desculpem a demora mas tive a semana cheia de testes e não consegui meter mais cedo… Comentem e votem! LY <3)
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Spirits || h.s
FanfictionViolet e Harry cruzam os seus caminhos num mundo diferente e cheio de emoções.