Capítulo 7

352 15 0
                                    

“Desculpa.” – Os olhos dele encontraram os meus, estavam carregados de cansaço e muito raiados.

“Não tens de pedir desculpa, amanhã é um novo dia, tens de ir descansar e tentar empurrar a ideia de estares farto da Ema para trás nos teus pensamentos.” – Tentei meter o braço esquerdo dele sobre os meus ombros para o levar para o seu carro. Lá ele podia descansar um pouco e eu podia ir até casa a pé. Não achei que fosse muito boa ideia deixá-lo sozinho no carro durante a noite por isso fiquei com o Harry, até ele se sentir mais calmo.

“Não preciso de me acalmar, vou levar-te a casa.”

“Eu posso ficar aqui contigo até te sentires melhor, Harry.”

“Eu estou bem, para de falar comigo como se eu não aguentasse uma bebedeira.” – A minha vontade de ficar ali com ele e a esperança depois daquele beijo desapareceram depois de ver a forma como ele estava a falar comigo agora.

“Não precisas de falar assim comigo, deixa-me em casa.”

“Desculpa, é que ainda estou irritado por te ter beijado sem pensar.” – Estou muito melhor agora, obrigada.

Não falei com ele o resto do caminho até minha casa e notei na expressão confusa na cara dele quando não respondi ao que ele disse.

“Bem, chegamos. Vejo-te amanhã na escola?”

“Adeus Harry.” – Bati com a porta do lugar do passageiro e andei até à porta de minha casa.

Não me consigo acreditar que ele me beijou sem ter intenções para o fazer. Fui um brinquedo para ele? Eu não vou admitir este tipo de comportamentos dele, já fui humilhada o suficiente com esta cena de hoje.

Harry’s POV

“Adeus Harry.” – Ela bateu a porta do carro e não me disse mais nada, nem sequer me deu oportunidade de me despedir. Eu acho que não disse nada mal, amanhã talvez lhe ligue a perguntar se está tudo bem. Não, ela não vai querer que eu lhe ligue depois de a ter beijado, certamente contra a vontade dela.

Quando cheguei a casa a minha mãe estava deitada no sofá, quando cheguei perto dela e vi que ela estava a dormir desliguei a televisão e fui ao quarto buscar um cobertor para ela não ter frio durante a noite. Eu não tinha sono, estava cansado e com umas dores de cabeça que nunca mais acabavam.

Nunca mais bebo na vida, não consigo sequer abrir os olhos, a dor de cabeça consome-me de uma forma que perdi a vontade de me levantar para fazer o quer que fosse. Apenas abri os olhos para ver as horas, vi que eram ainda 07:00h e voltei a fechar os olhos.

Violet’s POV

Fodasse, começa logo mal o dia, vou chegar tarde à primeira aula. Desci as escadas à pressa, peguei numa maça e comecei a correr até à escola.

O caminho hoje parecia mil vezes maior, faltavam apenas 2 minutos para soar o toque de entrada e eu ainda não tinha saído da minha rua.

Quando cheguei já tinham todos entrado e por isso decidi ir até o café comer alguma coisa. Já tinha falta e não me apetecia mesmo nada ir a Português.

O Harry não estava e agradeci mentalmente, não estava pronta para jogar joguinhos mentais estúpidos com ele. Paguei o meu café e dirigi-me à porta quando vejo um carro familiar estacionar em frente ao café onde eu estava. Era o carro do Harry. Ele tinha um ar péssimo, olheiras de 3 cm, olhos escuros, lábios secos e estava c uma expressão de cansaço no rosto. Olhei para a mala e fingi estar a tirar o telemóvel de dentro dela para não ter de falar com o Harry.

“Violet?” – Tarde de mais, ele viu-me e dirigia-se a mim, eu conseguia ouvir as suas botas cada vez mais perto.

Olhei para cima e vi-o a vir em direção a mim, por momentos pensei em começar a correr, mas sei que era uma péssima ideia.

“Pensei que tinhas aulas.”

“Cheguei atrasada e decidi vir tomar um café para me animar. E tu, por aqui tão cedo? Tens um ar cansado, devias de estar a dormir.”

“Vim tomar um café também. E vinha esperar que saísses porque queria falar contigo, mas já que estás aqui, falamos já. Entramos?” – Apontou para a porta do café e eu assenti com a cabeça, seguindo-o para dentro do estabelecimento.

“Eu queria pedir desculpa pelo que fiz ontem, a sério, não estava de todo consciente e não pensei nas consequências.”

“Não tens de pedir desculpa.” – Sim, tens de pedir desculpa, beijaste-me no teu estado mais vulnerável, quero sinceramente que penses que eu te odeio.

“Tens a certeza?”

“Sim, absoluta. Não tens de te preocupar. Bem, vou andando. Vejo-te depois.” – Meti a minha mochila às costas e rezei para que ele não viesse atrás de mim.

O dia correu bem até a hora de ir embora, estava a chover.

“Caraças, era mesmo isto que faltava para o meu dia ser perfeito. Bem, até amanhã!” – Despedi-me da Natacha e comecei o meu caminho até casa.

Cheguei encharcada a casa, quando entrei no meu quarto descalcei-me e vesti logo o pijama. Fui ver se tinha alguma chamada da minha mãe ao telemóvel e não tinha. Quando ergui a cabeça estava lá ele, bem à minha frente, sentado na ponta da minha cama, com um sorriso.

“Que raio estás tu a fazer aqui?” – A minha voz saiu mais fraca do que aquilo que eu queria que saísse.

“Vim visitar-te, dei-te muito espaço ultimamente.” – Ele assustava-me, não era como os outros espíritos, ele simplesmente estava sempre por perto mesmo eu não o vendo, eu sei que estava.

“O que é que tu queres?” – A minha voz agora saiu como um trovão, não porque eu quis. Saiu porque estava mesmo irritada.

“Eu não quero nada, aliás, quero ver-te e poder falar contigo.”

“Então fala, não tenho muito tempo, tenho de estudar.”

“Então, tu pensavas que eu me ia embora assim e que podias ir sair com o Harry? E achavas que podiam beijar-se e eu não fazia nada?”

Como é que eu não pensei nisto antes? Eu sabia que ele iria ver. Ele vê tudo.

“Eu beijo quem quero, e tu já devias de ter ido. Não fazes nada aqui, ainda não percebes-te que o lugar das almas é para além da passagem?”

“Passagem? O que é isso da passagem?” – Eu não me acredito que ele ainda não tenha visto a passagem. Eu pensava que ela a tinha visto só que não queria entrar nela.

“Sim, tu tens de fazer a passagem Mark, achas que podes, simplesmente ficar aqui comigo para sempre?”

“Claro que posso Violet. Faria qualquer coisa para ficar contigo e te proteger daquele gajo.”

“Sai daqui! Sai!” – Quando dei por mim estava no chão com as mãos nos ouvidos a gritar para que ele saísse. Ele assustava-me muito, pelo facto de querer ficar comigo. Eu nunca lidei com isto antes. Costumava entrar em contacto com almas que queriam fazer a passagem, não com aquelas que queriam ficar.

Olhei para cima e estava escrito num papel assim “Vais ser minha, Violet.” Gritei e rasguei o papel em mil pedacinhos.

(Olá meninas, desculpem a demora mas tive a semana cheia de testes e não consegui meter mais cedo… Comentem e votem! LY <3)

Spirits || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora