Capítulo 10

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Quando abri os olhos o Harry estava a ficar sem ar, mesmo ali à minha frente e eu não conseguia fazer nada para impedir o Mark de fazer alguma coisa.

“Violet… Por favor…” – O rapaz que estava na minha frente baixou-se para que aquele ataque parasse. “Faz isto parar!”

“Mark, pára! Por favor!” – Ele olhou para mim e em segundos estava ao meu lado. Era bom porque tinha parado de atacar o Harry mas mau ao mesmo tempo porque com certeza me ia fazer alguma coisa, ou fazer alguma chantagem para eu ia para casa.

“Ele não tem o direito de estar contigo, ele admitiu que te beijou porque estava bêbado e agora dá-te a mão.”

“Tem calma, ele…”

“Não! Não o defendas, tu sabes que é verdade.” – Sim, na verdade ele tinha toda a razão mas eu não ia deixar que o meu subconsciente me fizesse concordar.

“Verdade ou não, tens de ir embora, depois falamos. Por favor.”

“Eu vou mas já sabes que eu vou estar a ver tudo, e se ele faz alguma coisa que te magoe eu não vou hesitar em tirar-lhe todo o ar que ele possa respirar.”

Baixei-me para ajudar o Harry, levantei-o do chão e levei-o até ao carro.

“O que é que ele queria? Eu não lhe fiz nada.”

“Ele estava a proteger-me.”

“Proteger-te de quê? Eu só te trouxe a jantar Violet…” – Sim, trouxeste-me a jantar para perguntar o porquê de eu te estar a ignorar. “Ainda queres jantar ou queres que te leve a casa?”

“Vamos. Estás melhor?” – Ele assentiu com a cabeça e logo depois de ele fechar o carro, fomos para o restaurante.

Eu nunca tinha estado aqui antes, não é muito requintado mas também não é daqueles restaurantes que costumamos ir quando não nos apetece cozinhar.

O empregado guiou-nos a uma mesa para dois depois do Harry falar com ele.

“E agora, vais-me dizer porque me estás a ignorar?” – Não queria dizer nada, ele ia pensar que eu era uma miúda estúpida e sentimental. Ele beijou-me porque estava bêbado, até o percebo, só fiquei magoada. Como é que explico isso a um rapaz que conheço à umas semanas?

“É só que, tenho estado a estudar para os exames.” – Menti, como era óbvio.

 “Ainda nem a meio do ano vamos. Foi a pior mentira que já me disseram, acredita.” – Por de trás do tom sério com que ele falou, estava um pouco de humor, e um pequeno sorriso cresceu no seu rosto enquanto eu ficava corada, eu senti que tinha ficado porque ele já apanhou uma mentira minha uma vez, aquela de ficar em casa para ajudar a minha mãe com as encomendas. Ou seja, no dia do beijo.

“Não, eu não quero contar.”

“O quê? Porquê?” – Porque vou parecer uma desesperada talvez.

“Olha, estou a ignorar-te porque me beijas-te enquanto estavas bêbado.” – Senti a minha cara ficar quente pela segunda vez esta noite. Tapei a boca com as mãos mentalmente e observei o rosto do Harry ficar com uma expressão carregada.

“O quê?” – O arrependimento começou a apoderar-se do meu corpo.

“Esquece… Quer dizer, não era bem isso que eu queria dizer.”

“Então, era o quê?”

“Beijaste-me sem intenções para isso, não foi?”

“Bem, eu…”

“Não, não precisas de responder, já sei que sim.”

“Espera, eu beijei-te porque tu és uma amiga incrível e ajudaste-me, e como estava bêbado, beijei-te, mas não foi só o efeito do álcool que me deu essa vontade. Já te queria beijar desde o primeiro dia em que te vi.”

Spirits || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora