Capítulo 9

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Não atender o telemóvel era uma opção, estava cansada e não me apetecia falar com ninguém, foi por essa razão que tinha vindo para aqui. Mal peguei no telemóvel e vi o nome que se encontrava no ecrã, o meu estômago deu mil voltas. Por um lado não queria falar com ele mas por outro queria saber como é que ele estava.

“Olá?” – A voz soava pelo outro lado, uma voz rouca, mais rouca que o costume.

“Olá Harry.” – A minha voz saiu tremida, talvez por estar nervosa com o rumo da nossa conversa.

“Bem, queria saber se uh.. Querias sair?”

“Bem agora não posso, talvez logo à tarde?”

“Sim logo à tarde é perfeito. Queres que te vá buscar a casa?”

“Se não te importares, claro.”

“Claro que não. Bem, até logo.”

Despedi-me dele e desliguei a chamada, eu devia de ter recusado sair com ele.

Voltei para casa, quando cheguei a minha mãe estava a fazer o almoço e eu decidi ir estudar um pouco.

Meti os meus fones nos ouvidos, abri o caderno e fiz uns exercícios. A ideia do Mark aparecer não saia da minha cabeça, eu queria que ele aparecesse para me falar da minha suposta nova irmã, mas não queria que ele arranjasse confusões. Decidi chama-lo.

“Mark? Eu sei que posso ter maus comportamentos às vezes mas podes aparecer… Por favor.”

“Já te disse que nunca saio daqui, estou sempre contigo.”

“Desculpa falar disto outra vez mas podes ajudar-me, falar mais sobre a minha irmã? Sobre a outra mulher do meu pai?”

“Bem, só vou poder falar da tua irmã.”

“Porquê? Não sabes nada sobre a mulher dele?”

“Na verdade acho que ninguém sabe.”

“Então, porquê?”

“Da primeira vez que via a tua irmã, ela estava com uma mulher, que eu pensava que era a mãe dela, mas não era, era a tia.”

“E porque razão ela estava com a tia e não com a mãe?”

“Eu acho que a mãe dela morreu.” – A mãe dela morreu? E o meu pai mesmo assim teve a decência de deixar a própria filha com uma tia?

“Tens a certeza?”

“Não, mas posso descobrir se quiseres.”

“Sim, achas que consegues descobrir como é que a minha irmã se chama?”

“Chama-se Lucy, mora no centro de Nova York, numa casa pequena, é um pouco mais alta que tu, cabelos grandes castanhos, olhos escuros. Mas é parecida contigo.”

“Como é que sabes isso? Tu andas a espiá-la?”

“Fui lá duas vezes.”

“Porquê?” – Para além de me espiar a mim, ainda espia a minha irmã. Só podem estar a gozar.

“Não sei, estava preocupado contigo, com a tua mãe, não sei… Já devias de saber que só quero o teu bem e o bem da tua família.”

“Não é a espiares a minha suposta irmã que me estás a ajudar.”

“Mesmo que com isso te traga informações?”

“Sim, espero que não voltes a fazê-lo.”

Ele foi embora, como vai sempre para fugir às discussões. Gostava de o ter conhecido em vida, para ver como é que ele se safava das discussões e dos problemas, visto que não podia simplesmente desaparecer.

Spirits || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora