Capítulo 1

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“Acorda Violet!” - Ouvia sempre a mesma coisa todas as manhãs, é a minha mãe a chamar-me para a escola. Acorda-me sempre bastante cedo, muitas das vezes nem há luz do outro lado da minha janela que é branca como o resto do quarto, só a cama é que é castanha, mas mesmo assim é um castanho claro também.

“Já desço mãe, vou tomar um duche.” - Demorava sempre muito tempo a tomar banho, talvez fôsse por isso que ela me acordava tão cedo.

“Estou à tua espera, quero que me faças um favor.” - Ela cada vez gritava mais alto.

Fiquei curiosa com o que seria o favor, mas continuei o caminho para a casa de banho e preparei tudo para o duche. Peguei numa toalha grande para o meu corpo e numa mais pequena para o cabelo. Liguei a água para que aquecesse enquanto me despia.

Durante o banho ouvi o meu telemóvel tocar, e como não gosto de deixar as pessoas à espera quando me ligam, acabei de tirar o amaciador, sequei-me rápido e fui a correr para o quarto. Como não tinha conseguido atender, tentei ligar de volta, era a Natacha, a minha melhor amiga.

“Não vens Violet?” - Começou a gritar novamente a minha mãe. Eu sabia que se ligasse à Natacha que não me despacharia e que ía deixar a minha mãe à espera por isso decidi mandar-lhe uma mensagem: Desculpa não ter atendido mas estava no duche. Encontramo-nos no portão da escola às 08:10 está bem? Beijo.

Enquanto escrevia descia as escadas com a mochila às costas. Dirigi-me até a cozinha, onde a minha mãe estava.

“Então, qual é o favor?” - Perguntei bastante curiosa.

“Podias levar esta encomenda a casa de um cliente? Mora já aqui ao pé.” - A minha mãe fazia bolos decorados para vender e eu ía muitas vezes entregar por ela, mas ela nunca me tinha pedido para ir de manhã.

“Está bem. Fica a caminho da escola?”

“Sim. Mas se quiseres voltas para casa e eu levo-te lá.” - A minha mãe não gostava que eu fosse sozinha.

“Eu vou a pé, afinal ainda tenho tempo.” - Enquanto dizia isso, peguei numa maça e na encomenda e saí de casa acenando para a minha mãe.

No caminho ía pensando no dia de escola que me esperava, não gostava nada de estar no 12º ano, era bastante secante, quase não podia sair por causa dos exames. Mas tinha de pensar positivo, se me esforçasse tinha melhor acesso à Universidade.

Quando cheguei a casa do cliente fiquei um pouco em pânico, porque não sabia muito bem se era aquela morada que estava escrita no papel colado na encomenda. Toquei à campainha e uma senhora muito bonita abriu-me a porta.

“Olá, és a Violet?” - Não percebi o porquê de ela saber o meu nome mas também não perguntei.

“Sim sou. É a Mrs.Cox? Tenho a sua encomenda.” - À medida que fui esticando os braços para lhe dar o bolo que tinha pedido, ela agarrou-me pelos ombros e quase me obrigou a entrar dentro de sua casa. Confesso que fiquei com um bocado de medo, mas com certeza que a minha mãe não me mandava para um sítio que soubesse que poderia ser perigoso.

“Sim sou. Estás atrasada para a escola?”

“Não, ainda tenho algum tempo.” - Não era bem isto que queria responder, o que queria mesmo era sair dali.

“Tens tempo para um chá ou queres outra coisa?”

“Acho que sim, pode ser chá, obrigada.” - Eu nem sequer gosto de chá de manhã, nem respondo por mim com o medo. O que será que a mulher queria de mim?

“Vou buscar um chá muito bom que sei que vais adorar, espera um pouco.”

Por momentos pensei que ela me quisesse fazer mal mas depois achei-a muito simpática. Enquanto estava à espera sentou-se um rapaz no sofá onde eu estava também sentada.

Para quebrar o silêncio tomei a iniciativa de dizer olá.

“Olá, és filho da Anne?”

“Sim.” – A forma como ele respondeu, com aquela voz rouca fez-me arrepender logo de ter começado a conversa.

Não respondi, mantive-me calada à espera que o chá chegasse. Não podia esperar muito mais tempo nem ficar para conversas, tinha de estar na escola daqui a 20 minutos no máximo.

Enquanto isso, Anne havia chegado com as chávenas e com uns bolinhos e pousou-as em cima da mesinha em frente do sofá.

“Então, Violet? Já conheces-te o meu filho Harry?”

“Sim, já tive oportunidade para isso.” – Respondi de uma forma rude pois não tinha sido muito bem recebida pelo Harry.

“Bem Violet, pedi-te para entrares porque a tua mãe contou-me que consegues ver espíritos...”

O quê? Só podem estar a gozar. A minha mãe, a minha própria mãe anda a espalhar e a contar aos clientes que eu vejo... Espíritos? Não, a sério isto foi longe de mais. Tomei a liberdade de me levantar, agradecer o chá e a conversa, e dizer que não queria falar disto agora. Talvez falasse noutro dia.

“Então até outro dia, está aqui o dinheiro da encomenda. Gostei de te conhecer.” – Disse com um sorriso estampado no rosto enquanto me erguia a mão com o dinheiro.

“Muito obrigada. Também gostei de... Conhecer-vos.” – Olhei para Harry e parei um pouco no que disse. Não sei bem porque o fiz, secalhar porque tive medo que ele olha-se de uma forma agressiva para mim.

Peguei no dinheiro, e logo de seguida virei-me para trás para ir para a escola.

A Natacha deve estar fula, tinha prometido estar no portão às 08:10. Peguei no meu telemóvel e vi se tinha alguma resposta dela. E tinha.

“Está bem Violet! Liguei-te para dizer o mesmo. Espero por ti, beijinhos.” Depois de ler passei o dedo pelo ecrã e liguei-lhe.

Depois de lhe ter dito que estava a chegar ela compreendeu e disse que também tinha chegado à pouco.

O que eu gostava nela era a calma dela, era realmente incrível. Ela era muito compreensiva.

Depois de ter andado mais de 10 minutos avistei a Natacha ao longe enconstada às grades do portão. Corri até ela e entramos juntas no edificio.

(Bem meninas, é a primeira vez que publico Fic’s no Wattpad e espero não me arrepender. Obrigada a quem ler e votar. Beijinho a todas! <3)

Spirits || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora