Capítulo 24

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Músicas:

Sam Smith - Stay With Me

Taylor Swift - The Last Time

"Oh minha querida, eu lamento imenso que tenhas de me ver aqui e que saibas disto desta maneira, desculpa-me. Lamento por teres passado por estas coisas sem a minha presença, eu devia ter-te ajudado, como avó, tinha esse dever. Eu estou feliz e abandonei esse mundo maravilhoso completamente em paz, não fiques preocupada. Eu quero e peço-te que digas aos teus pais da maneira mais calma possível, e que não deixes o teu pai sozinho agora, eu sei que vai ser um choque enorme ele ficar sem mim agora."

"Não avó, isto não está a acontecer, por favor diga que é um pesadelo. A avó não está aqui comigo, eu não a consigo ver, é tudo fruto da minha imaginação." - Não pode ser, a única pessoa no mundo que me percebe, não. Sussurei um "Estou com medo."

"Não chores minha princesa, tudo vai ficar bem, eu prometo. Eu posso falar contigo enquanto estiveres a dormir para não ires abaixo."

"A avó tem de voltar, como é que isto tudo aconteceu? Estava doente e não contou a ninguém?" - As lágrimas não paravam e as minhas bochechas queimavam com a quantidade excessiva delas.

"Eu não podia ficar para sempre no mundo meu amor, chegou a minha hora e vocês têm de ser fortes, principalmente tu."

"Nenhum espírito lhe fez mal? Seja sincera por favor." - Ainda estou com dificuldades em processar isto tudo, não pode simplesmente ter acontecido isto, não, não e não.

"Eu estou num sítio melhor, acredita em mim."

"Como é que está num sítio melhor? A avó não pode fazer a porcaria da passagem porque tem o mesmo dom que eu, tem de ficar aí presa como um tigre numa jaula. Por favor, tem de me dizer se eu poder fazer alguma coisa."

"Oh querida, isto não é assim tão mau como pensas. Há várias razões por eu estar feliz, posso comunicar contigo."

"Não percebe que está tudo mal? Como é que vou dizer que morreu ao meu pai?" - Fodasse. Estas lágrimas não param de cair nem de nascer nos cantos dos meus olhos. Isto é horrível. A minha avó apoiava-me, tinha os melhores conselhos de todos e sorria de uma forma que me deixava feliz só de olhar para o seu sorriso.

Poderia ter morrido qualquer pessoa no mundo, porquê a minha avó? Porquê a mulher da minha vida?

"Sê forte Violet, não tropeces em tudo o que se atravessa no teu caminho, lembras-te do que te dizia sempre? És melhor do que qualquer boca invejosa, nada te pode deitar ao chão."  - A última frase foi dita em coro por ambas. Era tão bom lembrar-me das tardes no seu jardim a comer bolachas enquanto ela me dava lições da vida. Sou forte graças a ela.

"Não avó, não vá embora porra, explique-me as coisas! Não me deixe sozinha!" - Gritei tanto que o nó que se tinha formado na minha garganta soltou-se e tranformou-se em mágoa e angústia. Tudo o que via atravez das minhas pequenas janelas era escuro agora, um escuro profundo que me levou completamente ao abismo.

A luz que saía pela janela era forte, e o cheiro que pairava pelo ar era arrepiante e sufocante. Sentei-me na cama e quando olhei para os meus braços tinha agulhas em todo o lado. E uma figura alta ao meu lado, talvez a dormir.

"Harry?" - Parecia ser ele embora tivesse a cabeça encostada para poder descansar. O seu descanso acabou logo que eu o chamei, ele levantou-se e estava nervoso. Não, nervoso era pouco, ele estava muito, exageradamente nervoso.

"Oh Violet, finalmente. Estavas a deixar toda a gente preocupada. Não deste sinal de vida durante horas. Estás aqui desde ontem, deitada nesta cama injetada por várias agulhas." - O Harry aproxima-se e envolve a minha cara no meio das suas duas mãos.

Spirits || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora