Capítulo 25

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3 dias.

3 dias passaram-se desde que estive naquele hospital horrível. 3 dias passaram-se desde a morte da minha avó. Contei aos meus pais calmamente nesse mesmo dia, depois da boleia do Harry. Foi doloroso ter de ser eu a contar uma notícia destas. O meu pai fez-se de forte, mas eu sei que ele desabou em lágrimas quando se encontrou sozinho. A minha mãe não disse nada, ficou chocada e nem se apercebeu que tinha a cara completamente molhada. 

O funeral foi ontem. A minha avó estava em Nova York mas como ela era daqui, o corpo veio para cá para podermos fazer o funeral.

Nem vou dizer como correu o funeral, estive agarrada ao Harry a cerimónia toda. Estive perto de ter um ataque de pánico, ver a mulher que sempre deu tudo por mim mesmo à minha frente morta, sem ação acabou mesmo comigo. Eu chorava e pedia silenciosamente para que ela abrisse os olhos e falasse comigo, ou que saísse um homem com uma camara na mão a dizer que isto fazia parte dos apanhados. Como esperava, isso não aconteceu e depois de 2 horas a assistir aquilo, o Harry pegou na minha mão e levou-me para dentro do seu carro.

Eu estava zangada comigo própria, não conseguia acreditar que tinha acontecido mesmo isto. Porque é que tinha de ser logo ela? Ela sempre foi boa pessoa e não entrava em conflitos.

O Harry esteve a noite toda a tentar animar-me, mas ele não conseguiu que eu ri-se uma única vez. Passei esta noite no apartamento dele para não estar no ambiente triste que estava a minha a casa. 

Estou agora sentada no sofá de minha casa a tentar encaixar tudo. O desaparecimento repentino do Mark e a morte da minha avó logo depois da suposta vozinha me dizer que ia correr muito mal para mim se eu não fizesse o que ela mandasse. Essa tal voz não seria capaz de matar a minha avó, uma pessoa inocente. Certo?

A minha linha de pensamentos termina quando o telemóvel branco ao meu lado vibra, atendo levando o pequeno e fino aparelho ao meu ouvido.

"Sim?" - O número estava em privado, e só ouvia uma respiração pesada do outro lado.

"É a Violet?" - Confirmo e ouço um riso irónico e seco.

"Que prazer finalmente falar contigo outra vez." - A voz é-me familiar e sei logo quem é. Louis.

"Olha, eu não tenho nada para falar contigo."

"Eu acho que tens. E que tal um café?" - O meu sangue gela e considero recusar mas a curiosidade vence-me e aceito.

"Tudo bem, um café amanhã."

"Boa escolha Violet." - A chamada é rapidamente desligada e eu suspiro de alívio.

Subo as escadas e ajudo a Lucy com as malas. Eles têm voo daqui a 2 horas.

"Vou ter saudades, sabes." - Ela acaba por dizer no meu pescoço no meio do nosso abraço.

"Eu também. Nunca pensei dizer isto." - Ambas rimos e ela larga-me, para poder olhar-me nos olhos.

"Sê feliz com o Harry, okay?" - Bem, eu e ele somos amigos mas amigos podem ser felizes. Agradeço.

Os meus pais estavam agora com a Lucy dentro do carro a dar-me recados e mais recados.

"Sim mãe." - Digo pela milésima vez desde o ínicio desta conversa.

"Só quero que fiques bem Violet." - Ela sorri fracamente.

Ela está em baixo, eu sinto. A minha mãe nunca ficou tanto tempo sem mim, e tão longe.

O carro sai do meu campo de visão à medida que desce a rua e eu fungo. Estou a tentar não chorar. Sou quase uma adulta, não posso sentir saudades segundos depois de eles sairem daqui.

Spirits || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora