Bom... OH NÃO, MEU ÔNIBUS...

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Instagram: Emmanoele_martins


                      Emma narrando:

Primeira intuição, coração palpitando, boca seca, pele arrepiada. Aqueles olhos entravam em minha pele adentro. Quem era? O que ele queria? Eu não o conhecia. Eu não o via.

Emma... Emma... Ele chamava meu nome, porém eu ainda não o via...

Eu te amo garotinha.... Ele sussurrava em meu ouvido... Você é meu tudo, eu o procurava...

Dou um tapa no despertador que toca estridentemente ao meu lado. Sento na cama e estico meus braços, abro os olhos devagar e me deparo com a escuridão do meu quarto. Lá fora está claro, porém, as cortinas estão fechadas. Percorro o olhar por todo o quarto e uma sensação estranha preenche minha mente. Sinto algo molhado entre as pernas e a lembrança dele me deixa atordoada, não era a primeira vez que eu sonhava com ele, na verdade já havia um bom tempo em que eu o reconhecia nos meus sonhos, toda noite de uma forma diferente - Será que é  hoje ?- Sussurro para eu mesma. Levanto e começo a me aprontar, daqui a alguns minutos eu tenho colégio. Ensino médio não é nada fácil. Ser bolsista no colégio do centro...tenho que manter minhas notas altas e não posso faltar nenhum dia. Essa pressão em ser perfeita acabava comigo, essa falsa alegria e plenitude não significava nada para mim.

Creio que meu maior defeito... se é que posso considerar como um, é ser muito transparente, tanto em minhas palavras, quanto em atitudes, e principalmente em afeto pelas pessoas. Talvez seja pelo modo a qual fui criada, muita responsabilidade, sempre balanceando... A real é que no auge dos meus 17 anos me considerava extremamente perdida em muitos aspectos. Futuro, escola, família e principalmente amor. Todas as minhas amigas, ou pelo menos quem eu considerava que fossem amigas, me deixaram por caras babacas que se acham. Não é que eu tenha inveja, não. Eu só queria alguém presente para sanar essa minha carência afetiva, eu sei que estou errada em pensar assim e homem nenhum irá suprir minha carência mas, eu só queria um amor para chamar de meu.

[...]

- Animo Emma, melhora essa cara poxa, hoje é sexta e Alex disse que vamos ao cinema! Tudo bem que semana passada ele disse a mesma coisa e me deu um bolo no final, mas... eu sempre vou esperar por ele - Iludida, essa era a definição da Mari, seus galhos em cima da cabeça estava tão grande que descia para frente dos olhos, só podia ser.

- Não aguento mais Mari - Tentava sorrir enquanto ela vinha saltitante em minha direção, isso eu a apreciava, não importa o que acontecesse ela estava sempre saltitante e alegre, como ela conseguia fingir assim?

- Daqui a algumas horas já vamos poder ir embora e depois... Curtir o final de semana! Você vai no show com a gente dessa vez né? - Sorrio.

_ Claro! - Claro que não, segurar vela definitivamente  foi uma vez na vida, da última vez fomos ao cinema, Mari levou Alex e ele levou um amigo, eu fui também e fizemos um role a quatro, quer dizer, a cinco porque do lado do amigo de Alex sentou uma loira peituda que fez ele perder a concentração em tudo a sua frente. Resumindo, o garoto e a Loira se pegando, Alex e a  Mari do outro lado, e eu, morrendo de vergonha.

Dias de sexta- feira o colégio não obrigava a usar uniforme. Eu optava por um estilo confortável,  ainda mais no calor insuportável que estava fazendo essa semana Ah! Eu amo água, amo piscina, mar, cachoeira e tudo que envolve o elemento água, isso era muito forte em mim.

Após algumas horas estávamos finalmente liberadas para ir para casa, saímos no portão e eu me perco de Mari naquela multidão de alunos, com certeza ela foi atrás do namorado pegador. Decido subir a avenida e pegar meu ônibus sozinha, meus planos incluíam, pipoca, refrigerante e série a tarde toda, e depois uma bela de uma soneca.

Estou no meio do caminho quando paro, já cansada. Poxa vida, desde quando este morro ficou tão longo? Respiro fundo e fecho os meus olhos um instante por causa do sol. Deveria ter escolhido uma roupa mais fresca. Com passos lentos, continuo subindo a avenida. Percorro meus olhos pelo local e encontro algo que me agrada, um vendedor de picolés. Abro a minha bolsa a procura de dinheiro e verifico se tenho o suficiente. Me aproximo pronta para comprar um picolé.

- Chocolate, Uva, Flocos, Açaí, Morango, leite condensado...

- Vou querer um de morango por favor - Lhe estendo o dinheiro, e ele procura meu picolé.

Abro a embalagem gelada e logo continuo subindo a avenida, o picolé está se derretendo  facilmente por causa do calor, mas alivia naquele momento, chego ao tão esperado ponto de ônibus, verifico a placa e vejo que o próximo chegará em poucos minutos. Ótimo!

Ando em direção a lixeira para jogar fora a embalagem do picolé, deposito no lixo e quando vou me virar para voltar para o ponto me esbarro em alguém. Um líquido gelado vem contra mim rapidamente e desliza sobre minha blusa a manchando inteira e logo em seguida caindo no chão. Encaro o chão, caramba isso vai dar muito ruim, encaro a pessoa a minha frente que cometeu o desastre.

- Me desculpe - Ele sorri e eu sorrio junto, um pouco perdida em seus olhos. Que olhos.

- Que isso a culpa foi minha - Minto, tentando limpar a minha blusa... Em vão.

- Eu estava distraído olhando o celular que nem percebi que você vinha em minha direção, acabou que, te sujei toda de suco.

- Não precisa se preocupar - Sorrio sem graça - Merda pareço uma palhaça.

- Vamos... Eu faço questão de te arranjar uma outra blusa, ou... - Começamos a andar em direção a sombra, realmente aquele sol estava impossível - A propósito... - Ele se volta para mim - Me chamo Rafael - Sorri.

- Olha... Muito obrigada, realmente não precisa se preocupar, eu estou meio manchada, mas, eu sei que não foi por querer e você foi tão gentil e eu.. - Merda, não consigo me concentrar, o que eu estou falando?

- Não fiz nada mais que minha obrigação, garota - Ele diz simpaticamente... Garota? Merda!

- Bom... E-eu sinto que já te conhe...- Vejo meu ônibus virando a esquina e começo a pensar no quanto o outro vai demorar para chegar. Puta Merda! Meus planos de ver série? Estou toda melada e laranja deixada no meio da praça em plena sexta feira em um calor imenso - Ah ótimo, era só o que me faltava.

- Como?

- Meu ônibus, eu acabei de perder.

- O próximo irá demorar? É tudo minha culpa, desculpa mesmo...

- Imagina... Eu vou até o ponto, obrigada viu- Ele sorri e se vira, dando passos para longe de mim.

- Olha... - Ele volta - Eu posso te dar uma carona, se quiser, eu... não estou a fim de chegar em casa cedo mesmo e... seria uma forma de me redimir após o estrago que eu te fiz  - Ele fixa os olhos em mim e eu sorrio sem saber o que dizer - O que acha?

- N-Não tem necessidade, eu posso esperar o próximo... Obrigada mesmo.

- Ora... O movimento por aqui não está tão grande então creio que seria perigoso você esperar sozinha.

- Realmente está tudo bem.

- Eu realmente faço questão, pode confiar... Eu sei que você me conheceu agora mas... Pode ativar sua localização se quiser, ou colocar um daqueles áudios de pai policial, não sei. Mas, eu te prometo que não vou fazer nada, apenas te ajudar - Sorrio.

- Tudo bem... eu acho

- Fora que sua roupa está toda manchada, como irá embora assim?

- Realmente eu estou parecendo uma palhaça mesmo - Analiso minha roupa com um ar de reprovação .Ah para, o que eu tinha a perder? Um bonitão me oferecendo carona e sorrindo pra mim, não tinha como negar...

As idiotices de um bilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora