Capítulo 27 - A primeira missão. (DANIEL) parte 2

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     Aquela primeira noite em claro foi a pior da minha vida. Tio Rodrigo, baleado em uma cama hospitalar, meu irmão gêmeo na cadeira, e tudo por causa de Mason.

     A ala hospitalar estava cheia de choros, fungadas, desmaios e tensão no ar. Passei boa parte do tempo na sala de espera da enfermaria com Maylle,enquanto Tia Lua e Melissa ficavam lá dentro com o pai e o marido. Precisávamos nos apoiar, mas se todos estávamos caídos, em quem nos apoiaríamos?

     Duas da manhã, três xícaras de café, duas desidratações leves e um pão de queijo depois, eu já não conseguia pensar ou distinguir formas direito. Maylle dormia no banco na minha frente, e mesmo em um banco duro e com três camadas de roupa, ela parecia bastante confortável. 

     Devo ter dormido por algum tempo, sentado no banco mesmo, porque quando acordei, abrindo os olhos devagar por causa da iluminação branca e forte, me assustei ao ver a equipe de elite completa na minha frente, Eloise com Maylle no ombro, e Devon sentado por perto.

     _ Eu devo estar sonhando._ Murmurei, sonolento e coçando os olhos.

     _ Você não está Daniel, fique calme._ Delanay abriu um sorrisinho, confortando levemente meu coração.

    Me remexi, tentando encontrar uma posição melhor pra me sentar, a cabeça latejando como se agulhas me espetassem.

     _ Como me pede pra ficar calmo, com meu irmão preso e o pai de Melissa baleado pelo prefeito?

     _ Pelo prefeito?!_ A veterana de guerra ficou séria, esboçando uma surpresa que não esperava dela. Seu rosto se endureceu, tornando-se uma rocha esculpida por anos de guerra e apocalipse.

     A porta do quarto onde estava Tio Rodrigo se abriu, e odos ficamos em silêncio, vendo Melissa sair e caminhar pelo corredor até nós, o rosto extremamente abalado.

     _ Oi..._ Ela murmuro, esboçando um sorriso sem forças.

     _ Ele está bem?_ Louis perguntou, e ela espremeu os lábios, fechando os olhos e massageando as têmporas.

     _ Ele está estável.... Mas não bem._ Melissa respondeu._ Os tiros não foram no lado esquerdo, e sim no direito do peito. Mas um dos tiros perfurou o pulmão, e o outro ficou alojado na caixa tôraxa, quebrando duas costelas dele. As cirurgias aqui são poucas, tem poucos médicos pra fazer, e ele precisa delas rápido... Mas ele está vivo, acho que é o que importa por enquanto.

     _ Vem cá..._ Abri os braços, e a garota veio me dar um abraço, fungando. A reconfortei, abraçando-a forte.

     _ Foi Mason quem atirou em seu pai?_ Ela virou para Delanay, fazendo que sim com a cabeça pra pergunta.

     _ Eu sabia que uma hora aquele canalha faria algo desse tipo! Assim que voltarmos, farei uma reclamação com o G.O.V.E.R.N.O, e provavelmente ele será deposto e pegará alguns anos de cadeia._ A mulher recostou-se na parede, cruzando os braços de indignação.

     Devo, que até aquele momento estava quieto e invisível em seu canto, se levantou, e veio se sentar ao nosso lado, olhando para Melissa profundamente. Seu rosto parecia condolente demais, se comparado a pessoa ignorante, orgulhosa e invejosa que era.

     _ Sinto muito pelo que aconteceu, sinto mesmo. Pelo seu pai, e pelo seu namorado preso._ Ele murmurou, um meio suspiro escapando dos lábios._ Sei o que pensam de mim, mas ninguém que está aqui é um monstro a ponto de ficar indiferente a essa situação.

     _ Mason é._ Melissa resmungou, com razão.

     _ Sim... Mas ele não está aqui agora não é?_ Minha cunhada fez que sim com a cabeça, esboçando um sorriso tristonho. Devon espremeu os lábios._ Eu realmente não quero incomodar, sei que não gostam da minha presença aqui. Só queria desejar melhoras ao seu pai, Melissa.

     Devon se levantou, bruscamente. A garota apertou mais minha mão, vendo o moreno se distanciar e desaparecer pelo corredor. 

     _ Porque se dá ao trabalho?_ Ela me olhou, franzindo as sobrancelhas, confusa._ Sabe, de olhar pra cara dele, ou responde-lo?

     _ Devon é amigo do meu namorado, e nunca foi babaca comigo, como vocês dizem que ele é._ Ela murmurou, quase que dando uma bronca em mim._ Além disso, é meu pai, e ele desejou melhoras a ele. Que mal pode haver nisso?

     O silêncio a respondeu, as palavras subentendidas no ar. Não confiávamos, mesmo que parecesse a melhor das intenções.

     _ Vocês são cheios de pré-conceitos, me surpreende vindo de vocês, com as vidas que tiveram._ Melissa trincou os dentes, revirando levemente os olhos._ Já pararam pra pensar que não é ele o errado dessa história toda? Que não é ele o orgulhoso aqui?

     _ Incrível que, enquanto seu pai está lá baleado, você está aqui, dando lição de moral na gente..._ Louis resmungou, cruzando os braços.

     _ Incrível, que enquanto meu pai está lá baleado, eu precise estar dando lição de moral em vocês..._ Ela rebateu, calma como nunca a vi, e se levantou, um semi-sorriso triste nos lábios._ Obrigada por estarem aqui, realmente precisamos de apoio agora, mas prometi que voltaria lá pra dentro rápido. Minha mãe precisa de mim, mesmo...

     Fizemos que sim com a cabeça, e a ruiva entrou no quarto novamente, deixando apenas o silêncio em seu lugar.

     Henrique e Juliana passaram por ali, entrando no quarto e passando algum tempo por perto. Tia Marina, Tio renato, Clara, Yasmim e Gabriel também passaram por ali. O fato de todos estarem ali, me fez pensar em Nando, me fazia fazia ficar triste por ele não estar por perto também, e sim, preso.

     Veio até mim, que eu não sabia sequer onde ele estava preso, pra onde tinham levado meu irmão. Isso me preocupava seriamente. Me preocupava eu não poder vê-lo antes da minha primeira missão. E essa, era outra coisa que me preocupava.

   Dormi, no máximo duas horas na madrugada. Naquele banco duro, com Maylle do outro lado do corredor, o tempo parecia passar devagar, os minutos arrastados. Acho que Louis e Eloise passaram a noite por lá, enquanto Delanay, Robert e D.M iam e vinham, com café, comida e outras coisas um pouco mais aleatórias.

     Bateram sete horas da manhã no relógio da sala de espera. Entrei no quarto, após ser autorizado pelo médico, para me despedir de Melissa e Tia Lua, e ver como Tio Rodrigo estava antes da missão. Uma Luana chorosa, de olhos esbugalhados e vermelhos, me abraçou no apertado quarto de UTI e Melissa me agradeceu diversas vezes por estar sempre ali.

     _ Você vai voltar, intacto, disso tudo._ Tia Lua garantiu, mais pra si mesma do que pra mim.

     _ E quando eu voltar, Tio Rodrigo já vai estar curado._ Garanti, mais como uma prece.

     _ Se cuide, por favor._ Melissa pediu.

     _ Cuide de Nando._ Ela fez que sim, sorrindo tristemente e assentindo com a cabeça.

     Dei um ultimo abraço nas duas, olhando brevemente para o homem ruivo e sedado na cama hospitalar antes de sair. Lá fora, a equipe inteira já me esperava, ostentando sorrisos tristes. Até D.M, que não iria na missão estava ali. Maylle me abraçou, me beijando brevemente. Um até logo, eu esperava, estava escrito em seu olhar, e dispensávamos as palavras.

     _ Está pronto soldado Morais?_ Delanay me perguntou, tentando quebrar o clima tenso.

     _ Mudaria se eu disse que não?_ Sorri, amargamente, e ela balançou a cabeça em negação.

    Delanay conduzindo a todos pelo banker, até as ruas um tanto escuras da vila, onde pequenos grupos paravam e nos viam passar, uniformizados, armados, com mochilas de suprimentos. Prontos pra defender a vila, defender aquelas pessoas, que não sabiam que outras pessoas horríveis e desprezíveis, viviam entre eles.

     Mas agora, o que importava era o mundo lá fora, que eu não pisava fazia meses.

    O apocalipse se abria novamente pra mim.

   Um Cap triste, reflexivo, com várias perguntas feitas pelo mundo! Começou a Batalha? No que acham que isso vai dar? Coloquem suas opinioes e teorias nos comentários, e não se esqueçam da ☆ que me ajuda muito!

   Cap 07 do mês de férias! Até amanhã!

Gêmeos Contra O Apocalipse Zumbi (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora