Capítulo 52 - Tal pai, tal filhos (DANIEL) parte 3

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     Comi alguma coisa aleatoriamente de dentro da geladeira, a cabeça dolorida. Há dois dias que não tinha noticia nenhuma de Veronika, e sinceramente, isso não me incomoda nem um pouco.

     Estava enchendo minha mente com formas e planos de como encontrar Clara. Mas tudo o que realmente conseguia pensar, era em procurar pelos corredores e portas. Isso seria difícil passar despercebido, mas era impossível não pensar em Clara e no rosto dela, me pedindo para seguir.

     Me levantei, sentindo o corpo inteiro vibrar quando arrastei a cadeira, me levantando com um salto. Yeva me observou sair, mas não disse uma só palavra. A porta bateu nas minhas costas, e corri para descer as escadarias

     Não tinha realmente uma possibilidade de achar onde Clara estava, a perspectiva era mínima, mas andar e procurar dava uma sensação de que estava fazendo alguma coisa.

     Os corredores cheios de pessoas estranhas me pareciam completamente mórbidos agora, sem vida, apenas uma área branca.

     Toda vez que ficava sozinho no corredor, abria frestas nas portas, procurando alguém que me ajudasse ou Clara.

     Era inocência minha achar que ajudariam...

     Virei em um corredor, parando quando meu olhar encontrou o dela. Os olhos cinza faiscando, uma intensidade moderada ao me ver.

     _ Daniel._ Ele murmurou, se adiantando.

     Meus punhos se fecharam. A raiva inundou meu ser quando ele deu mais alguns passos. De dentes trincados, murmurei:

     _ André.

     Ele me olhou, um tanto atônito. Talvez, pensasse que eu chamaria ele de "pai". Grande engano. Eu não tinha um pai a muitos anos. Talvez, nunca realmente tive um.

     _ Filho, eu preciso te contar..._ Começou, mas o cortei, andando mais um passo em direção a ele.

      _ Não quero ouvir você, não quero ouvir suas desculpas. Não quero ouvir você tentar se explicar._ Disse, pausadamente, quase cuspindo nele.

     _ Mas você vai me ouvir, em algum momento._ rebateu, os olhos e a expressão se endurecendo.

     _ Como pode ter tanta certeza?_ Perguntei.

     Nos encaramos, os dois em uma batalha de olhares fulminantes, a tensão no ar.

     _ Eu quero ouvir sua história._ Finalmente ele cortou o silêncio, sua expressão suavizando-se._ E gostaria que ouvisse a minha.

     _ Pode ir em frente._ Troquei o peso das pernas.

     _ Vamos para outro lugar conver...

     _ Não vou mover um músculo.

     Senti que André começou a ficar irritado. Sorri internamente por causa disso, a marra contornando meu rosto.

     _ Ok, não vou brigar com você._ Suspirou franzindo as sobrancelhas._ Naquele dia, quando vocês tinham dez anos, eu encontrei pessoas ligadas ao... Ao seu avô. E ele não era uma boa pessoa._ Começou._ Essas pessoas me disseram que seu avô morreu, e que agora, eu teria que continuar com os... Negócios dele...

     _ Se está tentando me dizer que seu pai era um mafioso, ou um traficante, fala na cara._ Interrompi._ Não sou como sua outra filha, um bebê. São 16 anos, não sei se se lembra.

    Ele ficou quieto por um momento, provavelmente surpreso deu saber da existência de Hanna Emily. Balançou levemente a cabeça, e voltou a falar.

Gêmeos Contra O Apocalipse Zumbi (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora