Minha vontade agora, era eu mesma pegar uma peixeira e arrancar um pouco da pele dos braços daquele filho de uma puta. Mas não podia agora... E acho que não conseguiria mesmo. A temporada naquela maldita base pacífica de estudos me deixou café com leite, e acho que não conseguiria dar a dor que aquele garoto merecia por ter tentado me atacar.
Lance conseguiria. Provavelmente Daniel ficaria sem um dos dedos, várias novas cicatrizes e talvez um rim a menos. Nada menos do que ele merecia, mas isso não importava tanto agora. Era mais importante o que ele revelaria pra gente...
Eu caminhava pelos corredores brancos e extremamente vazios daquela pequena base, em busca do dormitório que jogaram minhas coisas. Aquele estilo de base do N.E.I.C.O.G.O.Z era o que mais me agradava, pequena, compacta, onde eu poderia saber cada palavra que saia da boca de quem estava ali. Diferente da base que foi destruída, que era grande demais para saber tudo.
Minhas botas bateram no piso de pedra, enquanto eu bufava de impaciência, procurando o quarto certo.
_ Veronika?_ Uma voz extremamente grossa e forte me chamou, vinda da virada do corredor que passei a uns dez segundos. Felizmente, eu sabia bem quem estava ali atrás.
Girei nas canelas da bota, um sorriso enorme nos lábios, os dentes brancos brilhando na luz forte da sala. Meus olhos tilintaram de satisfação, ao ver aquele homem de pele bronzeada, barba no queixo, rosto anguloso e com algumas rugas dos seus quase 40 anos. E aqueles olhos, que eu considerava mais incríveis até que os meus. Os dois olhos, de um tom claro de cinza.
_ André!_ Disse._ A quanto tempo não nos vemos cara!
_ A muito tempo, uns 3 anos que você desapareceu!_ Ele se adiantou, começando a caminhar ao meu lado no corredor. Estava mais forte do que antes, com uma aparência de pai, que era estranha ver nele, o cabelo cortado mais rente a cabeça, um topete baixo no meio._ To vendo que melhorou seu português, está muito melhor do que da ultima vez que nos falamos.
_ Fui mandada pra várias bases nesses anos, tive oportunidade de conversar em muitas línguas, e ultimamente, teve um surto de brasileiros por nossas bases. Falando em base, a ultima que eu estive foi explodida por uma equipe do S.J.G._ Ele me olhou, arregalando levemente os olhos, as sobrancelhas cheias arqueadas._ Isso foi a... Umas cinco horas, acho.
_ Meu Deus, isso foi tipo, agora!_ Ele disse, espantado._ Vocês capturaram alguém?
_ Uma mulher e um adolescente. Vamos descobrir alguma coisa com eles, não se preocupe se é isso que está pensando._ Respondi, vendo ele assentir com a cabeça levemente._ Como vai sua Haninha?
O rosto dele se iluminou quando citei o nome da menina. Ele sorriu, largamente, como o pai orgulhoso que era. Eu nunca entendi o porque de toda a felicidade que ele demonstrava quando falávamos de sua filha. Ter filhos era uma coisa que eu não entendia como alguém iria querer ter. Davam um trabalho enorme, e muita dor de cabeça. Era demais pra mim.
_ Ela está com 4 aninhos. Mal aprendeu a andar já quer segurar uma arma._ Ele balançou a cabeça, como se estivesse indignado, um sorrisinho no rosto.
_ Isso é ótimo, ela vai ser uma guerreira desde cedo!_ Sorri também.
_ Não quero que ela seja uma guerreira agora, ela tem 4 anos, ainda é praticamente um bebê.
_ Bebes precisam saber se proteger._ Murmurei.
_ Nisso eu concordo. Mas por enquanto, não a minha Hanna._ Balancei a cabeça, concordando._ Ah, suas coisas estão no dormitório 3, eu mesmo levei pra lá.
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Gêmeos Contra O Apocalipse Zumbi (Concluído)
Science FictionLivro 3 da saga apocalipse. A 5 anos, o segundo apocalipse assolou o planeta Terra. Maior, mais forte, mais destrutivo do que nunca esteve. As pessoas moradoras da América, foram as principais desfavorecidas. Climas fáceis para o vírus se espa...