Capítulo 41 - Felizardo ou Cruel? ( DANIEL) parte 3

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     O peso da culpa me impediu de dormir nesses últimos dias.

     Com a informação que dei, Veronika Page tomou a vila. O lugar que eu esperava tanto um dia ser meu lar definitivo, agora, nem sequer sabia se a vila ainda existia, e tinha certeza que não era mais segura.

     Fui cuidado, alimentado e vestido, sem muito cuidado. Os guardas encarregados de fazer isso não pareciam muito felizes em estar vivos, então acabaram me atirando roupas na cara, e poderiam ter me vestido se eu não tivesse impedido. Meus hematomas continuavam escuros, doloridos, e os sangramentos não manchavam mas o chão da cela. Meu mindinho realmente não teve volta, e agora eu me acostumava com uma vida de 9 dedos.

     Pelo que algum guarda menos idiota, com o instinto de me punir e me torturar abafado e a sanidade mental um pouco construída, me disse, fizeram uma cirurgia em mim. As adagas furaram meu estomago, e agora eu fiz uma redução de estomago não planejada.

     O que, pensando morbidamente, era útil para um apocalipse, você comer menos...

     Naquele dia, minha refeição foi dopada. O sono me atingiu, irresistível... Tentei até resistir quando percebi a merda acontecendo, mas era um sono avassalador que me embalou mais rápido do que achava ser necessário.

     Porque estavam me dopando? Provavelmente levariam para me torturar mais um pouco, ver se eu poderia dar mais alguma informação pra eles...

     Senti meu corpo ser carregado, e a minha consciência se dissipar cada vez mais até sobrara apenas a escuridão.

    Então acordei.

     O chão abaixo de mim era duro, escuro, encardido de tão sujo. Era outra cela, percebi, e nela tinha apenas um colchão m cima de uma placa de cimento tão dura quanto o chão. Aquele lugar era o completo contrário da que eu estava antes. A antiga cela era clara, em tons de branco e essa era um completo breu, com exceção da luz que entrava por debaixo da porta, vindo do corredor.

     Minhas cicatrizes doíam muito a cada toque, o que me fazia pensar que devo ter sido jogado com brutalidade naquela cela. Haviam trocado meus curativos e limpado os ferimentos, o que me fez pensar porque ainda me queriam vivo...

     As horas se passaram devagar como a minha vida estava sendo naqueles dias. Sem comida, sem luz, e um frio estranho rodeando cada passo meu. Sentado no canto, as mãos juntas, os dedos batendo de impaciência, o rosto entre as pernas, passei minhas horas, tentando entender o porque de muitas coisas.

     Por fim, passos passaram pelo corredor, duros e ecoantes. Quando parecia que estavam se distanciando, a porta se abriu com um estampido forte, e a luz do corredor me cegou, fazendo eu espremer os olhos contra os joelhos.

     _ As celas desse lugar são detestáveis, realmente querem punir quem está aqui._ Veronika olhou em volta sadicamente, franzindo o nariz para a escuridão a minha volta e me olhando por fim, as duas safiras brilhando em seus olhos. Então ela sorriu, vendo meu estado deplorável e cruzou os braços, a arma encostada no quadril balançando levemente. Eu não estava na mesma base do que antes, em uma cela diferente como cogitei, pelo que entendi que Veronika disse. A morena voltou a falar, as palavras cortando o ar até mim._ Acho que devemos aderir a esse modelo._ E sorriu, fazendo mais um arrepio subir pela minha espinha.

     O silêncio continuou enquanto a mulher me observava tentar sumir nas sombras da cela.

     _ Estou com fome._ Disse, simplesmente. Patético? Sim, mas era a única coisa que veio a minha mente para dizer. A única verdade que me permitiria dar pra ela novamente.

     _ Eu sei. Mas acho que gostaria de comer em outro lugar, do que em uma cela de prisão._ Murmurou, sorrindo cruelmente. Olhei ela com nojo, todo o nojo que conseguia expressar com todas as dores que sentia juntas._ Não me olhe assim, uma mulher poderosa precisa ter crueldade para se manter viva nesse mundo. Um homem poderoso também, mas acho que é por isso que está dentro de uma cela de prisão, não é mesmo?

     Nem me importei em olhar para ela quando continuou.

     _ Mas você foi cruel o suficiente em dar a informação pra nós, e por isso, meu querido, vamos te dar uma pequena recompensa._ Ela disse, chegando mais perto e fazendo eu me encolher na parede._ Ah, pare de ser covarde, se fosse para eu te matar, você já estaria morto. Vou te dar uma chance extremamente boa, que não vai influenciar em nada sua ideologia medíocre, mas você vai preferir continuar faminto aqui? Não é como se tivesse alguma coisa a perder agora.

     Ela tinha razão, eu não tinha. Não tinha mais nada a perder, além de mais um pouco da minha dignidade. O que eu tinha era medo. Medo de não saber o que acontecia, e medo de acabar descobrindo e me arrepender disso. Mas aquilo era o que menos importava agora. Por isso, me levantei, e fui com Veronika, sem esboçar nenhuma reação nem pra ela, nem para os guardas que nos acompanhavam.

     No momento em que coloquei o pé fora da cela, a revelação de onde eu estava me atingiu. Um tapa na cara teria sido melhor.

     _ Eu to na vila..._ Sussurrei.

     _ Está realmente surpreso com isso?_ Ela perguntou, sem parar de caminhar._ Essa vila agora é nossa, e a usaremos, vocês aceitando ou não. Sua sorte, é que estão aceitando vagamente nossas ofertas de paz, e ninguém se rebelou contra nosso governo.

     _ Como se rebelariam dentro de celas escuras, sem água ou comida?_ Provoquei, rispidamente.

      _ Ah, mas você é o único privilégiado nessa situação. Os outros continuam tocando suas vidas como sempre fizeram, treinando, indo a escola e tomando inúmeros cafés naquela cafeteria que tem... Romand's...

     _ Reinald's._ A corrigi, interrompendo-a.

     _ Que seja. Lamento apenas dizer que sua equipe de elite foi desfeita, já que ela não tem muito propósito agora que estamos por perto. Mas de resto, as coisas estão normais._ Então, ela parou em frente a uma porta branca, dos corredores do banker, segurando a maçaneta e me olhando antes de abrir._ Ou tão normais quanto podem estar... Ouça, darei uma ultima chance para você, se ousar me decepcionar uma ultima vez, sua cabeça estará rolando e eu terei sangue nas botas.

     Concordei, sem muita vontade de aceitar suas exigências. Veronika Page abriu a porta, e o ar que antes enchia meus pulmões sumiu com um baque. Ela ter me matado, ter a cabeça jogada aos seus pés e sangue naquele chão limpo e branco teria sido muito menos doloroso.

     Acorrentada como eu estive, com sangue seco nas roupas e uma ou duas cicatrizes profundas suturadas, estava a pessoa que substituiu a parte mais importante da minha vida, que cuidou de tudo o que eu precisava desde antes do apocalipse. 

     Acorrentada em uma sala escura, estava Clara.


     Sim, quem reparou na informação que Maylle deixou escapar pro Nando, aqui está ela. O que vocês acham que Veronika vai oferecer pro nosso Daniel? Coloquem suas opiniões e teorias nos comentários e não se esqueçam da estrelinha linda que me ajuda demais.

     Ganhei um livro de natal que to ansiosa pra carai pra ler, mas não posso, pq amo vocês e se eu começar a ler eu sumo em um quartinho escuro por seis dias ( pq esse livro tem 680 pags), e não publico capítulo. AMO VCS!!!

     Cap 27 do mês de festas!!! Até amanhã!!

Gêmeos Contra O Apocalipse Zumbi (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora