Capitulo 29

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Sempre soube que minha existência chegaria ao fim, só não acreditava. Mas nas ultimas décadas já não tenho tanta certeza assim. Afinal sou um ser poderoso e tudo o que preciso é acabar. Pensando melhor estraçalhar a vida daquele bastardo miserável. Aquele que se denominava meu irmão. Ele me trouxe pra cá. Trouxe a droga de uma existência miserável pra mim. Mas é claro o que o queridinho do Senhor do Céu, queria? Ver minha destruição. Sim esse deve ser seu único objetivo, matou sua familia inteira, aquela era nossa família. Ele não tinha o direito de nos matar. Pelo menos era o que eu pensava. Thomas Patterson, esse era seu nome quando humano, sempre quieto e desanimado. Um habitual turista e sem senso de humor, um ser humano patético, eu diria. Ele se limitava a andar conosco. Tudo por que nossos pais eram assassinos. E advinhem só? Agora o assassino é ele. Tornou-se então o Senhor da morte. O grandioso Ceifador.

Não vejo a hora de me vingar, matá-lo nem está dentro dos meus planos, até por que para mim não faz diferença ser ou não seu irmão. Tudo o que quero é destruí-lo e farei o que for preciso para que aconteça, nem que preciso for matar quem ele mas ama.

— Por que o odeia tanto?— Pisco girando o corpo na cadeira giratória da grande sala e a vejo em minha frente. Droga tinha esquecido que a amarrei na cadeira e que esse tempo todo em que estou refletindo ela estava me interrogando. — E então não vai me responder?

E lá vem ela com suas indagações repentinas. Que supostamente detesto ter que responder.

Não odeio o Thomas, só quero matá-lo.

Bufo e rolo os olhos pela parede de sangue. Sangue. Minha cor favorita. Seus olhos castanhos claros me analisam e já não sei se estão cheios de raiva, dor ou compaixão. Em todo esse caos até que tê-la por perto pode não ser uma má ideia afinal.

— Esqueça garota. Isso não é da sua conta!— Rosno desviando o olhar dela e pegando um dos meus charutos da mesa a frente. Pego um dos isqueiros. O acendo e fecho os olhos inalando aquela fumaça dos prazeres.

Ela começa a tossir baixinho, mas insiste:

— Na verdade é... Se estou presa tem que ter uma explicação para isso, não acha?

Que bonitinha. Ela acha mesmo que está presa somente por algo que fez. Por dentro luto contra a vontade de gargalhar, a cena não pode ser ainda mais engraçada que está, não pode. Mal sabe ela que estamos no local em que todo ser humano em sua crença infinita jamais ousa pisar.

Abro os olhos e a fito. Seus cabelos molhados estão sobre seus ombros e um leve bronzeado se refaz em suas bochechas. Tenho que admitir em relação as mulheres meu irmãozinho manda bem.

— Hum... Sabe o que eu acho doce Sophia? Que já está mais que na hora de matá-la.— Ela abre a boca e morde o lábio inferior nervosa.

Que foi tá com medo criança?

— Sei que não quer isso.— Diz engolindo em seco.

Arqueio as sobrancelhas.

—... Como é? Achas que me conhece?— Questiono brincalhão. De repente brincar com ela pode ser divertido.

Após uma longa pausa fitando o nada, seu olhar se volta pra mim.

— Pelo contrário, não sei nem quem tu és. Mas tenho certeza de uma coisa. Se quisesse me matar já teria feito.— Seu jeito ousado e nada amigável podem me fazer rir, mas até que ponto?

Ótimo. Além de ser a protegida da Morte. Ela tem que ser subitamente inteligente e a droga de uma garota tagarela.

—... Chega de conversa. Você está aqui como minha prisioneira e não em um passeio, aliás será minha escrava. — Argumento com esperanças de que ela se dê por vencida. Não a quero como escrava, mas espero que essa palavra a deixe de bico fechado.

Mas infelizmente não acontece:

— Acho que entendo você.— Balbucia pensativa.

Reviro os olhos e levanto da cadeira. Vou até a janela e abro as persianas com o intuito de respirar ar puro que infelizmente onde estou não há ar puro. Sei que não.

— Mandei calar a boca!— Disparo sem olhá-la.

— Queria ocupar o lugar dele... Ser como ele, ter o prazer de matar as pessoas...

Arregalo os olhos. Então ela já sabia?

— Espera... Você sabia que ele matava as pessoas e mesmo assim se envolveu com ele?— Pergunto virando pra ela e a encarando.

Sei muito bem que os humanos não suportariam saber disso, não é atoa que quando algo sai errado matamos sem deixar rastro. As regras são bem claras.

— Não. Não sabia, mas tinha minhas dúvidas...— Afirma olhando pros próprios pés.

Rosno e balanço a cabeça.

— Você é louca, humanos nunca entendem isso e nem vão entender. Como você?...

Sua testa franzi em fração de segundos e me fuzilam.

— Pelo menos não tenho inveja do meu próprio irmão.— Esbraveja irônica.

Pisco incrédulo. Como ela sabe disso? Aliás que porra essa garota não sabe afinal?

— Co-como sabe? E-ele te falou?

Me aproximo e sento na mesa a sua frente, a examinando, procurando qualquer indício de mentira. Outra característica dos humanos.

— Não, mas quando aquela garota demônio... Quando, ela estava mudando de corpo e se transformando em mim, pude ouvir pelo menos o início e escutei perfeitamente.

Tiro o charuto da boca e o jogo abruptamente no chão. O pisando com o calcanhar em seguida.

— Droga. Mas você estava desmaiada, definitivamente quase morta. Eu mesmo fiz você apagar...— Lembro.

Um silêncio se segue.

Fico pensativo. Como ela resistiu ao meu ataque? Como pôde ouvir toda a conversa que tive com Thomas? Tem algo errado ai.

— Senhor?— Chama um dos meus servos. Bufo.

— Sim?— Rosno olhando feio pra ele. Que ao perceber meu jeito arrogante abaixa o olhar pro chão.

— Ele está aqui e deseja falar com o Senhor agora!— Diz com voz trêmula.

Ele. Como esquecer que viria. Agora sim, tudo sairá exatamente como quero.

— Ótimo! — Falo sorrindo e observando a confusão que se espelha nos olhos de Sophia.

Destino ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora