Destino Proibido

Capítulo 19

Não sei exatamente o que aconteceu meu cérebro não conseguia registrar tal ato. Apenas sei que alguém me levantava do chão como se eu não pesasse nada. Com os olhos fechados me encolho e sinto um vento rápido soprar meu rosto. Devo estar sonhando... A qualquer hora vou acordar, sei que vou. Penso em meio aos acontecimentos confusos.

- Abra os olhos Sophia.- Pede uma voz irreconhecível. Thomas. Hesitante os abro soltando um grito gutural.

- Ah, me solte....- Peço nervosa. Olhando pra Thomas, ele sorri de lado e me aperta contra seus braços. Olho pro chão e estremeço, a altura chega a me assombrar, por isso enterro meu rosto no seu pescoço, qualquer tipo de desejo ou pensamento ardente se esvai de mim. Estou confusa, com medo. E apesar do pânico crescer não quero que ele me solte, jamais. Ele está voando comigo nos braços. Isso não é normal. Eu estou louca só pode. Engulo em seco e pergunto:

- Vo-vo-você é um anjo?- Pergunto apertando seu pescoço. Quero que me solte e ao mesmo tempo preciso me sentir segura e sei que apenas ele é capaz de me dar tal segurança.

- Não. Na verdade não chego nem perto de ser um anjo baby.- Responde sobrevoando algumas arvores e parando no topo de uma colina. Ele parece tão descontraído que quase me faz esquecer seu lado horrendo. Seu sorriso se amplia quando percebe que estou lhe admirando.

- Gosta do que vê Sophia?- Pergunta tirando uma mão da minha cintura e a deslizando por minha bochecha. Tenho vontade de gritar com ele, de xingá-lo de todos os nomes e apelidos possíveis, de lhe perguntar o que ele é e de onde veio, por que estou aqui e por que apesar de temer todas as suas atitudes ainda me sinto enfeitiçada por seu olhar e seu sorriso? Mas um lado meu. Maldito lado. Me impede disso. Fecho os olhos e o deixo acariciar toda a minha face. Seus dedos e a palma de sua mão são plumas que derretidas pelo vento passeiam por mim. Um simples roçar de seu polegar no meu lábio inferior me faz arrepiar. Ele rosna e geme enquanto admira minha boca, sua admiração me faz ser a mulher mais bonita do mundo. Me encanta, me tortura. Abro os olhos e sinto seu olhar de desejo em mim. Morde o lábio inferior e resmunga baixinho, com muito esforço e de olhos fechados ele me solta delicadamente e se afasta ficando de costa pra mim.

Fico sem jeito. Por que agiu assim, não quer me beijar, será que beijo tão mal assim?. E por que esse pensamento me mata, por que quero tanto que me beije, quero ser beijada por ele?

Sim... Talvez!

Já nos beijamos e a lembrança me deixa estupidamente excitada, lembro-me de cada detalhe, de sua lingua mergulhando, penetrando em minha boca. De nossos lábios um no outro, seu beijo quente, apaixonante, louco. Desejo, sabor, cheiro e por fim toque suave, mas cheio de promessas. Aquele beijo me marcou e com uma pitada de ignorância quero afastar essas lembranças vagas de meu subconsciente. Porém sei que será impossível.

Cheia de insegurança e com um constrangimento nítido no olhar. Passo a mão direita por uma mecha solta do cabelo e a prendo atras da orelha. Volto a olhá-lo e me delicio com sua imagem. Ele ainda está sem camisa. Esse homem pode ser qualquer coisa, pode ter feito qualquer coisa no mundo, mas quero tocá-lo. Abraçá-lo. Lhe dizer que não importa o que é e sim o que sinto. O que senti desde o primeiro dia que sem querer me derrubou no chão e que levantando o olhar fiquei em silêncio como nunca e que apenas o seu toque em meu braço me dizia o quanto eu o amava. Sentimento estranho, realmente confuso, indescritível. Tenho a sensação de que ele sente o mesmo. De que sou sua, mas algo me faz recuar com os pensamentos. Quero este homem, mas preciso que me queira da mesma forma.

Respiro fundo e faço uma das minhas manias irritantes comer o interior da boca. O que posso fazer? Quando estou nervosa ou quando algo sai do meu controle teimo em fazer isso. Levanto as mãos pro céu e bufo de tédio.

A pergunta que paira no ar é: onde estou, para onde vou, quem é esse estranho que se dizia ser Thomas, onde ele vive e por que insiste em me manter sempre por perto?

Não sei se por impulso ou lendo meus pensamentos. Ele se move e vira pra mim me fitando com seus olhos curiosos. Parece querer descobrir o inexplicável. Como se quisesse olhar além do meu corpo, além do meu olhar, querendo entender e compreender minha alma. Dos meus pés a minha cabeça ele me observa destinado a me corroer por dentro, ler meu passado, minha vida, minha historia. Um pingo de chuva pesa sobre minha cabeça mergulhando por meu cabelo e desaguando em minha testa, passeando por meu rosto e deslizando por meu pescoço. Logo gotas se misturam a uma chuva densa. Hesitante meu observador misterioso se aproxima de mim. E sem aviso prévio me toma em seus braços.

- Preciso tirá-la daqui.- Exclama com sua voz grave, quase como um sussurro. Em resposta apenas balanço a cabeça e no meio da chuva forte voltamos a voar. Deixo meu lado pânico-feminista preso e olho ao redor. A chuva se torna um vento forte e congelante, e meu observador misterioso tenta inutilmente nos arrastar para uma cabana abandonada. Chegando na mesma ele me faz adentrá-la e do lado de fora tenta se secar. Revirando os olhos murmuro:

- Se quiser realmente se secar creio que ficando do lado de fora não vai adiantar.- Afirmo e ele levanta os olhos pra mim como se não acreditasse que eu havia pronunciado uma palavra. Sorri com isso.

Desconfiado e cabisbaixo ele resolve aceitar. Fechando a pequena porta atras de si. Desviando o olhar dele rolo os olhos pelo lugar e vejo algumas colchas de cama velha. Me aproximo das mesmas e as espalho pelo chão. Sei que meu observador esta me fitando a todo momento, mas não me intimido. Viro pra ele e sem jeito ele desvia o olhar fitando seus pés que não me parecem nada admiráveis.

- Hum... Preciso dormir, estou cansada.- Murmuro e ele me olha rapidamente.

- Cl-claro.- Responde sentando no chão e me olhando. Não sei se seu jeito hesitante é para me manter afastada ou pra me manter calma.

Ele me olha. Eu olho pra ele. Entre olhares curiosos e inexplicáveis construímos uma certa conexão invisível.