Capítulo 26

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De meus olhos nunca sequer saiu lágrimas, mas meu coração estava em chamas. Vê-la assim sem poder fazer nada, sem lhe tranquilizar e lhe dizer que tudo vai ficar bem. Estava me matando por dentro.

Ela andava lentamente em direção ao mar, suas pernas já não se via. Seu vestido mergulhado nas águas se aprofundava ainda mais. A água lhe batia até a cintura.

Viro pra Cam e grito:

— Você não precisa fazer isso.

Ele ri com desdém.

— Não, eu realmente não preciso. Mas quero.

Coloco as mãos sobre a cabeça. Não, não posso perdê-la prefiro apodrecer no abismo do inferno que presenciar essa cena. Minha raiva já não tem tamanho. Sinto o poder se apoderar de mim. Cam sorri sabendo que posso me descontrolar. Isso é o que ele quer. Meus pensamentos já não são os mesmos. Minha sanidade vagueia querendo sumir.

Matar. Preciso matar!

Meus olhos pesam. Logo fecho os olhos e meu corpo flutua. Não me sinto humano. Viro observando cada partícula de mim e me vejo. Voltei a ser ele. Voltei a ser a morte.

— Ceifador. Que honra!— Murmura Cam sorrindo e se ajoelhando diante de mim.

A humanidade que em mim sentia já não existe mais.

— Está feito. Eu aceito o que for preciso pra salvá-la. Diga-me o que tenho que fazer.

— Até ser meu ceifador?— Indaga com surpresa.

— Nunca! — Em um rápido movimento com as mãos esqueléticas o seguro pela cabeça e o jogo distante. Ele cai e me encara com pavor. Os seus servos tremem se curvando.

Pois é, eu voltei!

Saio voando em direção ao mar. Em busca de Sophia. Não a encontro. Dou mais uma olhada ao redor e vejo um vestido preto flutuar sobre as águas. Em fração de segundos me aproximo e a vejo. Toco seu corpo e o carrego pra terra.

Ela está pálida. Sem ar. Friamente. Não estou aqui para te matar Sophia. Não é você, não pode ser.

— Pronto Morte. Essa foi a sua escolha.— Exclama Cam logo atrás de mim.

— O que quer dizer seu miserável?— Sem olhar pra ele continuo analisando o rosto de Sophia.

Cam se aproxima se mantendo distante de mim. Ele ainda está com medo.

— É agora consigo compreender por que os humanos tem tanto medo de você...

Bufo o encarando e ele engole em seco.

— Fale de uma vez!

Inclinando a cabeça pro lado ele ri.

— Hora, não se lembra da escolha? Você escolheu salvar a Angel irmãozinho.

Imediatamente deixo o corpo de Sophia sobre o chão e levanto fechando o punho.

— O que?

Ele anda pra trás e levanta as mãos em rendição.

— Sinto muito. Você já deveria saber. A sina de qualquer um ser sobrenatural que se apaixone por humanos é essa.

Fico nervoso. Ando de um lado para o outro e finalmente me deixo chorar.

— Não, não pode ser... Eu a amava.... Eu... Eu...

— Ai é que tá. Você a amava. Você, ela não te amava.

Dou um soco no ar e seguro seu pescoço.

— Sim, ela... Ela...

Ele balança a cabeça.

— Ela, ela o que? Vai me dizer que ela adorou te olhar como morte? Ou então que além de te amar ainda beijou essa sua caveira? Chega Morte. Não vê que eles te enganaram. —Retruca ríspido. O jogo mais uma vez no chão e piso em sua cabeça.

— Eu acredito no amor verdadeiro e sei que ela ficará bem... É só uma questão de...

Segurando meu pé ele diz:

— Pare, não venha me falar de amor verdadeiro. O que você sabe sobre amor, Morte? Essa garota nunca te aceitaria. Você não é humano e nunca será.

Dou um chute em sua barriga e abro sua maldita boca. Penetro minha mão em sua garganta. Mergulhando minhas mãos entre coração e pulmão. Aperto forte seu coração. Ele se corrói de dor e usando a força da telepatia rosna:

— Irmão, não é destruindo meu corpo que você se vingará. Não vale a pena...

—Vale, até por que ninguém sentirá sua falta seu miserável.— Respondo usando também a telepatia. Dois podem brincar.

Ele geme quase sem vida e vejo seus servos inúteis se aproximarem.

— Faça-os parar ou... —Antes que eu termine vejo seus servos parando no meio do caminho. E se curvando nervosos. — Ótimo, bom é tem um irmão esperto.

— Morte, pare.... Eu...

Sorrio amargamente.

Destino ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora