357 days before
Os tênis de Finn tocaram o solo havaiano pela primeira vez. Ele tirou o óculos de sua cabeça, e desceu-os com desgosto até parar de frente aos seus olhos. O sol estava escaldante, e ele se sentiu infeliz de estar vestindo preto.
Ele fixou a mochila nas costas, e caminhou de cabeça baixa até o portão do desembarque. O garoto não queria ter se mudado. Sua vida estava ótima em Nova Iorque, com seu pai. Mas aí ele começou a ir em festas demais, se envolver com gente errada, passar dos limites de velocidade no carro geralmente roubado do pai alcoólatra. Finn nem se recordava quantas vezes parou na delegacia por isso. Mas ai veio a guerra judicial por sua guarda. E aqui parou ele, no Havaí.
Ao chegar na esteira para pegar sua mala, o rapaz flagrou sua mãe sentada no banco de espera, de frente ao portão errado. Ela nunca o encontraria ali, e talvez assim as coisas funcionassem melhores para ele. Finn puxou a mala cinza quando a mesma parou em sua frente, debaixo de uma penca de outras malas. Ele nem havia saído para descobrir como era o lugar, e já estava odiando. Todas as pessoas ali pareciam sorridentes demais, e esbanjavam felicidade. A maioria vestia roupas de estampas floridas, enquanto ele usava preto de cima a baixo. Até mesmo sua meia, se não fosse de ursinhos, seria preta.
Finn aspirou aquele ar novo, e deixou que seus pulmões se encherem daquele oxigênio. Apertou a alça da mala, e foi a arrastando conforme andava até a mãe no banco.
─ Oi! ─ Disse ele sem jeito. Já fazia anos que não se encontravam em um lugar que não fosse o tribunal. No fundo, bem no fundo mesmo, Finn se sentia envergonhado. Pois o filho que ela conhecia agora, era um garoto encrenqueiro, e não o menininho que ela costumava ler histórias para dormir.
─ Acho que errei o portão. ─ Falou ela ao se levantar para abraça-lo, mas o mesmo aparentou rejeitar o comprimento.
─ Podemos ir logo?
─ Ah! Sim. ─ A mulher confirma com a cabeça, afastando-se dele para guia-lo.
. . .
Finn permaneceu quieto todo o trajeto de carro até sua nova casa. Ele não via nada de interessante naquele lugar. Não havia grandes pistas de skate como em Nova Iorque, nem os muros tinham grafites. As lojas que eles passavam em frente eram na maioria de roupa de banho, até mesmo os restaurantes tinham algo referente a praia, e ele tinha medo do mar desde seus seis anos.
Assim que sua mãe estaciona o carro de frente a casa, ele desce avistando um garoto de cabelos ondulados e baixinhos, tentando uma manobra sobre o skate na calçada. Finn olhou rapidamente para sua mãe, e depois para o garoto. Como em alguma hora ela o mandaria socializar com alguém, ele imaginou que aquela seria uma ótima oportunidade para usar o menino para não ter enfrenta-la.
─ Você está com o pé no lugar errado, chegue o esquerdo para mais perto da borda do skate. ─ Disse ele manuseando a mão no ar, para mostra-lo a que lado ir. O rapaz o obdeceu, e tentou novamente. Logo saltando e fazendo com que o skate rodasse abaixo de seus pés.
─ Maneiro. ─ Falou ele com um sorriso simpático no rosto. ─ Eu sou Jack.
─ Finn.
─ O vizinho novo? ─ Perguntou ajeitando sua camiseta branca.
─ É assim que meus amigos me chamam. ─ Brincou Finn vendo sua mãe abrir o porta-malas do carro.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Hawaiian Girl | ST+ IT Cast |
Teen Fiction❝Eu sinto como se estivesse no mundo errado. Porque eu não pertenço a um mundo onde nós não estamos juntos. Eu não. Há universos paralelos onde nossa história não aconteceu, onde eu nunca sai de Nova Iorque e você nunca quebrou seu ukulele. Onde nós...