❝Achei que tínhamos construído uma dinastia que não poderia se quebrar❞
─ MIIA
295 days before
Finn estava com o corpo escorado no capô do Corvette 1960 preto, ele tinha um cigarro marlboro vermelho sobre sua orelha, e outro na mão, um ray-ban tampava os ematomas no olho esquerdo e sobre o nariz. Um boné preto escondia o resto de seus cachos, já que as laterais foram raspadas mais cedo por Josh no dormitório da faculdade. Seu comportamento era relaxado, do moletom amarelo levantado até a cintura, expondo uma camiseta preta lisa por debaixo, até a mão enfiada no bolso da frente da calça jeans rasgada. Os músculos não se mostravam sob as mangas amarrotadas do tecido, muito menos seu abdômen recém chutado por um grupo de traficantes locais. De acordo com as circunstâncias ele estava muito bem para um garoto com câncer prestas a começar o tratamento. Literalmente. A mão esquerda levava o cigarro diretamente para a boca machucada do jovem rapaz, que não se preocupava com nada além de tragar do seu vício.
Voltar para Nova Iorque o levou a sua velha concepção: Estar pouco se fudendo para morte. A viagem que ele teve para sua cidade de origem o deu tempo suficiente para pensar sobre o câncer benigno, que logo se tornaria maligno, e que acenderia seu corpo como uma fogueira, cedo ou tarde. Entendeu também que o câncer não tem cura, e que tempo a mais ou a menos de vida não faria mais tanta diferença assim. Ele não voltaria para Mauí, e Millie logo conseguiria sua merecida vaga no Colégio para metidinhos talentosos na Itália. E lá encontraria um italiano chamado Élio ou André, com um incrível gosto para vinhos, que dirigiria um carro atual e não um Corvette velho, eles iriam para faculdade juntos, noivariam, se casariam em Paris, teriam dois filhos, mas ele não ajudaria a cuidar das crianças, o que prenderia ela em casa e ele no trabalho. Ela seria incrivelmente infeliz, porquê o Élio ou André não seria Ele, e que seu objetivo na Itália era pintar tão bem quanto Michelangelo e não ser uma dona de casa. Mas já seria tarde demais, pois ela já estaria casada, e Finn já estaria apodrecendo de dentro para fora e sendo digerido por insetos imundos a sete palmos do chão. E Millie seria obrigada a viver uma vida medíocre na Itália, com seus filhos e maridos italianos, porquê o Finn Wolfhard de quase 17 anos perdeu a razão para viver ( de novo ).
É, ele não teria outra saída a não ser dar mais dinheiro para empresa responsável por prolificar o câncer em seus pulmões.Ele corajosamente caminhou para dentro do hospital, com o cigarro de braza acesa nos lábios, soprando a fumaça cinzenta pelas narinas como um touro raivoso. Embora não estivesse nem um pouco raivoso. Ah, sim! ele podia sentir a junção da nicotina com o tabaco queimados com o papel passarem agrumerados pelo seu interior, tão doces quanto uma bala, e a sensação de preenchimento nunca desaparecia quando ele tinha um pecaminoso marlboro na boca. Aquela maravilha fazia os estragos mais gostosos que ele já teve o prazer de sentir. Ela foi responsável por dá-lo um tumor? Sim, mas que se foda. Fumar era bom pra caralho!
Ele passou pela porta como se fosse alguém importante, fumando sem preocupação alguma, incinerando alegremente aquilo que o matava, mesmo sendo mais um mero paciente.
Quando ele olhou para os lados, notou que havia crianças por toda parte. Quase todas acompanhadas por um médico. Quase todas sem cabelo. Quase todas o encarando. Quase todas com angulhas enfiadas na veia do braço. Quase todas tossindo pelo vapor de toxinas. Mas todas, exatamente todas, com câncer.
Não demorou muito tempo para que uma enfermeira o mandasse apagar o cigarro, e ele de fato apagou: Tacando no piso branco da recepção e pisoteando lentamente, permitindo que o cigarro queimasse um pouco do piso. Algo que definitivamente daria trabalho para as faxineiras mais tarde.
─ Eu sou Finn Wolfhard, meu irmão mais velho fez tratamento aqui há alguns anos atrás. ─ Ele tentou dizer do modo mais positivo que podia, mas seu corpo corrompida um pouco mais sempre que a palavra "irmão" saia de sua boca. ─ Meu pai veio recentemente aqui ver quando iniciava meu tratamento.
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Hawaiian Girl | ST+ IT Cast |
Teen Fiction❝Eu sinto como se estivesse no mundo errado. Porque eu não pertenço a um mundo onde nós não estamos juntos. Eu não. Há universos paralelos onde nossa história não aconteceu, onde eu nunca sai de Nova Iorque e você nunca quebrou seu ukulele. Onde nós...