❝Querida você é para mim. Embora não era para ser❞
─ Aaron Smith
Ainda está escuro, mas está começando a clarear. Nova Iorque está acordando ao som de Give You My Heart enquanto ele se inclina sobre o parapeito. Seu nariz está próximo da câmera e seus olhos escuros apresentam uma genuína alegria quando o verso "Ask me another coke and I'll give you my heart. Yeah, girl. I'll give you all my heart" é cantado pelo próprio. E ela desaba com o rosto repousado sobre o peitoral de Noah. "Make us a revenge and break me. Break me like you wanna do"
– Você não sabe o quanto eu o odeio por fazer tudo isso com você. – A voz de Noah estava grossa e raspada, e por um segundo Millie acreditou que ele também estava chorando. Mas era Noah Schanapp, e ele nunca chorava,independente do qual triste fosse a situação. – E ele nem canta tão bem assim. – Ele mentiu e a olhou, esperando gritos, raiva ou qualquer explosão de sua parte porque ele a conhecia o suficiente para saber que ela faria isso.
133 days before
Millie Bobby Brown
A calmaria que vem do cigarro é o que nos vicia e nós nem percebemos. Tudo começa depois de um episodio patético e estressante. Onde seu corpo termina frágil, seu coração partido e sua mente vaga. Então você compra um maço de marlboro ice ball em um barzinho mal frequentado na esquina, porque eles precisam tanto de dinheiro que nem pedem sua identidade. Você pega seu carro e dirige para bem longe, onde nenhum problema é capaz de te perseguir e você esconde seu pecado do julgamento de Deus. Você põe o cigarro na boca, passa a língua sobre o filtro e ali encontra o maravilhoso gosto mentolado. Sua narina ofega com o cheiro no tabaco, seus olhos se apertam porque o aroma é gostoso e ele nunca pareceu tão fascinante antes; É como se você estivesse faminto e apenas o veneno pudesse preencher seu vazio. Portanto, você acende um deitada no banco detrás, escutando If I believe you no rádio porque era a musica favorita dele. Dois, quando abre as portas para sair o cheiro e a brisa do mar te atinge tão forte que você decide observar as ondas. Três, porque a falta dele arde como o inferno. Quatro, porque ele não merece nada que venha de você. Cinco, porque você pega o celular e lá está a ultima mensagem dele dizendo "Até logo, querida". Seis, mas esse você sequer traga, pois está ocupada demais usando a mão para tampar todas as lagrimas que escorrem por seu rosto. Sete, porque a musica parou, o som das ondas tornou-se distante, suas lagrimas secaram, e lá está a tranquilidade que você tanto precisava. É por isso. É por causa de toda essa merda que fumar se tornou tão bom. Amores não são como nos tempos da brilhantina, pais são ausentes e traem, amigos são falsos e adolescentes acreditam cada vez menos na vida e cada vez mais na morte.
Mas, é quando você estaciona o carro de frente a casa do seu ex que tem câncer que você percebe que o cigarro não é mágico o suficiente para te acalmar, e que para tomar coragem e bater na porta dele você precisa de algo que realmente a deixe chapada o suficiente para conseguir olhar na cara dele e não chorar como chorou por todos esses meses.
Então você desce o olhar para seu braço, sem nem lembrar como aquela agulha parou em sua veia, onde e com quem você arrumou heroína e se pergunta por que essa porra arde tanto quando entra em sua veia. Seu corpo começa a queimar, sua boca secar, e de repente você está socando a porta dele com toda a força do mundo. Porque você acha que tem toda essa força. Seu corpo inteiro formiga com a sensação de poder, que nem mesmo ele, parado e confuso em sua frente consegue destruir.
Ele assente e olha pro chão, triste com algo que você nem lembra que disse. Mas, você continua porque você está drogada demais para saber a hora de parar. Você o xinga . Você o empurra e grita alto o suficiente para que todos os vizinhos escutem:
– Você acha que mandar uma tonelada de mensagens dizendo coisas bonitinhas e musicas me farão esquecer a merda que você fez com a minha vida? – Fiquei esperando que ele respondesse, as pernas inquietas e o pescoço coçando. E eu não sei se passaram três séculos ou três segundos. – E eu estou pouco me fudendo pra se você tem câncer ou não. Você destruiu a merda da minha vida, Finn Skata Wolfhard e... e... E eu não quero que você morra, porque eu não posso mais viver sem você. Nem por mais um segundo. E eu te odeio tanto por isso. Dizer que me amava foi à coisa mais cruel e egocêntrica que você já fez, mas me deixar sozinha foi a pior.
– Eu amo você. – Sua boca formou um meio sorriso, e eu bati em seu peito – Eu amo você. – Repetiu, e eu o golpeei de novo – Eu amo você, Millister.
– Cala a merda da boca!
– Eu te amo! – Olhei para ele com uma expressão assassina. – Eu amo você. Eu amo você. Eu. Amo. Você. Eu amo você, Hawaiian Girl! E nada que você disser me fazer parar de te amar. – Perdi o foco por um instante, e ele ficou absorto em pensamentos enquanto me observava chorar como uma criança. Surtando. Esmurrando seu abdômen. Seu rosto. Todo seu ser até que conseguisse segurar meus pulsos e me puxar para perto. Mesmo que drogada pra caralho eu sabia que seus olhos se estreitaram enquanto ele olhava nos meus, com a mesma determinação de quando fumava. Eu era seu cigarro. – Eu não vou desistir de você só porque você está se perdendo. Eu vou continuar aqui, esperando você aceitar minha ajuda e deixar que eu te salve de si mesma. – Finn beijou meu rosto, enquanto tudo que eu conseguia fazer era olhar para seu peito, sentindo o mundo inteiro girar. Meu interior era totalmente elétrico, mas meu exterior era imóvel. Ele me beija. Faz muito tempo que não lembro como era beijá-lo. Seus lábios são macios como pétalas de flores, mas com um perversidade oculta. Sem pressa, deixo que cada momento se transforme no seguinte. Sinto sua pele no fervor da minha, sua respiração. Provo a condenção de nosso contato, sendo dominada pelo calor dele. Passo a mão pelos seus ombros enquanto ele passa as dele por minhas costas. O beijo atrás da orelha. Ele beija meu pescoço. Nas vezes que paramos, damos selinhos, choramos. Erro tolo. Amor tóxico. Pessoas estupidas.
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Hawaiian Girl | ST+ IT Cast |
Ficção Adolescente❝Eu sinto como se estivesse no mundo errado. Porque eu não pertenço a um mundo onde nós não estamos juntos. Eu não. Há universos paralelos onde nossa história não aconteceu, onde eu nunca sai de Nova Iorque e você nunca quebrou seu ukulele. Onde nós...