❝ Com cada batida do coração que me resta eu vou defender toda a sua respiração. E eu vou fazer melhor ❞
─ Sleep at the last
89 days before
─ Hey, Wendy! ─ Fora as primeiras e as únicas palavras que passaram pelos lábios inchados de Connor assim que Jack abriu a porta. Seu delicado rosto agora vibrava vermelho do sangue, e um sorriso ousado criava mentiras em seus lábios.
Ele quase caiu sobre o menor, mas limitou-se em descansar o corpo ferido na batente. Poderia ter ido pra sua própria casa do outro lado da rua, ou para de Finn ou Cody. Mas ninguém cuidaria tão bem dele quanto ele sabia que Jack faria.─ O que diabos-
─ Eu sou gay.
─ Por Deus, Con, não repita isso.
─ E eu o amo.
Jack olhou rapidamente para trás; para seu pai rezando na sala, e então empurrou Connor toda força para fora, assim fechando a porta atrás dele. Rezando também, mas por motivos diferentes.
─ Eu sou gay. Totalmente gay. ─ O loiro disse com sua voz grossa e falha, fazendo tanto esforço para dizer que temia perder o ar e desmaiar antes mesmo de terminar. ─ E eu tenho pavor disto. Eu venho escondendo quem sou, meus sentimentos e emoções, por medo de que um dia eu morra por estar andando ao lado de um homem por qual sou apaixonado. Por medo, até mesmo, de por este homem em risco. Não que minha mãe vá fazer algo contra mim, Rangi foi bondoso em me dá-la, e ela bem sabe quem é o filho. Mas por você e seu pai.
Jack o observou preocupado, e tomou seu rosto nas mãos, sentindo todo o sangue fresco que descia da testa de Samuels cair em sua palma. Seus cílios; seus olhos; sua boca; seu nariz e bochecha; sua pele de porcela. Tudo, exatamente tudo, marcado por sangue e inchaço.
Grazer puxou a manga da camisa cinza que Keenan Kyle largou com ele, e esfregou no rosto do rapaz, ouvindo seus baixos gemidos e suspiros de dor.
Se perguntou do quê o namorado pensaria sobre isso. Se seria o motivo de mais uma briga ou não, entretanto, o pensamento se perdeu no instante em que Connor gemeu com a dor de seu toque.─ Essa camisa não cheira a você. ─ Connor cochichou, a face apoida sobre a palma de Jack.
─ Como ainda pode se lembrar de meu cheiro? Nos afastamos faz tempo.
─ Como eu poderia esquecer? ─ Disse. Desequilibrado. ─ O aroma de lavanda e twizzers. Ás vezes perfume amadeirado. Ás vezes chocolate e creme de barbear. Mas nunca... esse.
Jack sorriu para ele, e Connor tentou fazer o mesmo sem sentir uma imensa dor lasciva.
O dos cachos ajudou-o a se sentar no chão abaixo da árvore e fez menção de ir para dentro de casa, fazer ou buscar algo, mas o outro não deixou. O queria por perto. Caso contrário, enlouqueceria.─ Fique. ─ Suplicou. Os olhos azuis muito além dos castanhos de Jack e a voz mais distante que o Sol da terra.
─ Tenho que buscar ajuda, Con.
─ Você já é.
─ O quê?
─ Minha ajuda.
Seu suspiro desenhou o ar gelado, e mesmo que suas palavras fossem capciosas, Jack não caiu nelas e adentrou em casa mesmo assim.
A luz da sala estava apagada, mas seu pai ainda estava orando para que Deus excomungasse o pecado de seu filho 'viado'. Melhor que me espancar ─ Pensou Grazer, embora incomodado com as altad preces.O menino voltou para o jardim trazendo nos braços mais coisas que poderia carregar, e então ajoelhou-se frente ao garoto que amava, mas que não possuia. E vendo-o chorar encostou o algodão com álcool no ferimento.
─ Como isso aconteceu? ─ Perguntou quando finalmente limpou todo o sangue do rosto de Connor, e não deixou nada além das marcas roxas onde um punho o atingiu.
─ Um desentendimento, eu acho.
─ Você acha? ─ Jack o olhou estranho, e riu quando pôs um corativo infantil no corte em sua testa.
─ Ele estava bêbado e magoado, e eu deveria ter sido o último rosto a encara-lo.
─ Encarar quem? ─ O moreno traçou o polegar pelo queixo de Connor, preocupado pelo o que estava por vir e pelo o que já estava acontecendo. ─ Diga! Encarar quem?
─ Ninguém, Jack. Esqueça isso.
─ Não. Eu quero saber.
─ Não importa.
─ Mas é claro que importa. Quem diabos faria isto contigo? É adorado por todos. Jamais faria mal a uma mosca.
─ Eu fiz mal a você.
─ Não. ─ Jack disse, e beijou-lhe o rosto. ─ Eu o magoei. Jamais deveria ter dito tudo o que disse.
─ Desculpe, por ter gritado contigo naquele dia! Fui egoísta.
─ Não importa mais. ─ O dos cachos sorriu, e enrolou o loiro no cobertor, ajudando-o a se por de pé logo em seguida. ─ Preciso leva-lo para casa.
Connor concordou.
O silêncio pairou sobre o quarto assim que pouseram os pés no local, e Jack o auxiliou ao sentar-se na cama com a compressa de gelo no rosto.
Mas, não incomodava, nem mesmo um pouco. Connor gostava de poder encara-lo perto o suficiente para ver os cachos desarmados e grandes cairem sobre seus olhos castanhos profundos e repletos de dor. De observar até mesmo as pequenas sardas salpicadas no rosto pálido de bochechas rosadas, e os cortes em seu lábio fino resecado pelo frio, e mesmo que o matasse por dentro saber que era de Kennan o prazer de beija-lo, era ele mesmo quem beijava Jack em seus sonhos.─ É verdade? ─ As palavras de Grazer soaram tão baixas e vazias quanto o vento.
─ O que?
─ Você me ama?
Connor resmungou. Sabia que não era certo, mas o torturava esconder.
─ De todo o coração.
E olhando para o vazio, as palavras frias e de dor voaram de seus lábios. Cortantes e perigosas como uma faca de dois gumes:
─ Eu também.
Connor olhou para Jack tão assustado quanto apaixonado, e fez sua súplica tão forte quanto a de mim fiéis:
─ Fique essa noite.
─ Quem foi?
Ele não quis responder.
─ Quem fez isso a você, Connor?
─ Jack, por favor, não.
─ Quem?
─ Kennan.
Em silêncio o menor levantou-se de cama, e seu olhar brilhou com as lágrimas que não caíram. Apagou a luz, regressou a cama, passou os braços de Connor entorno de sua cintura e deitou-se de lado em completo mutismo. Ouviu-se um fungada, e nada mais que isso.
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Hawaiian Girl | ST+ IT Cast |
Novela Juvenil❝Eu sinto como se estivesse no mundo errado. Porque eu não pertenço a um mundo onde nós não estamos juntos. Eu não. Há universos paralelos onde nossa história não aconteceu, onde eu nunca sai de Nova Iorque e você nunca quebrou seu ukulele. Onde nós...