09 - Dead of night

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Eu andava inquietamente pelo meu quarto. Eu pensava sem pausa que talvez tudo o que eu estivesse vivendo, fizesse parte de uma farsa. A ausência de meu pai, os assuntos que eram escondidos de mim, tudo se encaixava para me encher de dúvidas.

Tudo começou desde quando minha mãe foi culpada por um crime que não cometera, e a deixa de meu pai, afirmando várias vezes que não tinha o que fazer, mas eu sabia que tinha, iniciou tudo aquilo. E com o passar do tempo, Yugyeom. Parecia que a mesma história se repetia, só que em versões diferentes.

Não sabíamos com quem estávamos lidando de verdade. Duvidar da polícia foi um fato que Yugyeom incrementou em mim. Jinyoung disse uma coisa e Jackson outra. Se ambos não tinham concordância entre si então... em quem eu deveria acreditar?

Eu estava começando a suspeitar de tudo e de todos. O único que parecia saber de mais coisas, era Mark, mas o mesmo sumiu, da mesma forma como ele havia dito sobre os outros investigadores. A única diferença é que ele não foi para a casa em Namyangju-si. Ele estava com Jackson quando foi visto pela última vez.

Eu precisava voltar para a casa de Yugyeom, pois sentia que ele era o único que possuía todas as respostas, afinal, as palavras ditas por ele para os policiais e para mim, eram reais, apenas não foram ditas para as pessoas certas, que realmente iriam acreditar nele. Ainda possuo minhas dúvidas, claro, às vezes não confiamos nem em nós mesmos, mas diferente de antes, não penso mais como somente uma amante de casos nunca solucionados, mas como uma família que sabe a real verdade, sente a dor, mas não pode fazer nada. Mas nesse caso, eu posso.

― Sra. Kim? ― Bati na porta da casa da senhora que morava ao lado ― Está acordada?

Após alguns segundos, a senhora viera abrir a porta para mim.

― Aconteceu algo?

Sra. Kim perguntava assustada por causa do horário.

― Desculpe incomodá-la, mas a senhora pode me emprestar o seu carro? Surgiu uma emergência.

Sra. Kim sabia que eu era filha de um policial e que estava me encaminhando para me tornar uma também.

― Claro. Claro.

A senhora ligeiramente pegou a chave de seu carro atrás da porta e me entregou. Agradeci pelo seu ato e segui até ele. Não era lá essas coisas e talvez não corresse tanto quanto o meu carro, que eu deixei na casa de Yugyeom, e o da polícia, mas me serviria para chegar até lá.

(...)

Ao chegar na casa de Yugyeom, vi outro carro além do meu e o da polícia no jardim. Logo imaginei que Mi-Cha estava em casa. Estacionei o carro da Sra. Kim um pouco afastado do local e em seguida segui caminho até o portão. Ele estava entreaberto, então facilitou o meu acesso.

Ao lembrar de algumas entradas da casa, após tê-la analisado por completo mais cedo, segui até a entrada da cozinha. Abri a porta vagarosamente, evitando fazer barulho.

Me deparei com uma situação desafiadora. Parecia que um furacão havia passado pela cozinha. Haviam pedaços de louça no chão e cactos de vidro. Algo grave havia acontecido. Passei pela cozinha, tendo cuidado para não me cortar e segui caminho. O quarto de Yugyeom ficava no andar de cima, mas eu não sabia se ele estava nele. E Nora não estava por perto.

Olhei ao redor tentando ver se o policial estava por perto ou até mesmo Mi-Cha. Inesperadamente escuto um grunhido. Nora estava caída no chão do corredor que dava acesso ao jardim.

― Nora! ― Corro em sua direção e me ajoelho ao seu lado ― O que aconteceu? Você está sangrando! ― Percorri o meu olhar pelo rosto da mulher.

Por que voltou? ― Disse com a voz embargada ― Você não devia ter voltado... você está fazendo o que ela quer...

― O que aconteceu?

Saia daqui o quanto pode...

― Onde está Yugyeom?

N-não confie na polícia... ― Murmurou ― Saia daqui antes que ela note a sua presença... ― Seus olhos fecharam-se.

― Nora!

Pressionei fortemente o meu lábio inferior. Eu precisava encontrar Yugyeom o quanto antes e teria que ser cuidadosa, pois eu não estava armada.

Me levantei e segui caminho até a escada da casa. Subi na ponta dos pés, procurando ser silenciosa ao máximo possível. O corredor do andar de cima era preenchido de quartos e eu não fazia ideia de qual deles poderia ser o de Yugyeom e talvez ele nem estivesse lá. Sinto alguém me puxar para dentro de um dos quartos.

Você... não deveria... estar aqui...

Yugyeom parecia zonzo.

― O que aconteceu com você?

Ela... me drogou... ― Escorou-se na parede ― O que veio fazer aqui?... Está fazendo o que ela quer...

― E-Eu precisava de respostas. E-Eu...

Você tem que sair daqui... vai acontecer o que ela quer...

― Eu preciso saber o que são os números que você me deu. Por que tem tantos? É algum tipo de código? O que são?

É um nome... ― Murmurou ― Analise os números... eles darão a resposta... ― Geme ― Está me queimando por dentro... ― Grita ― Eu não vou suportar! Saia daqui... vai acontecer o que aconteceu antes...

Yugyeom fica em um silêncio repentino, apenas sua respiração podia ser ouvida.

― Yugyeom? ― Me aproximei dele, assustada ― O que está acontecendo?

De repente ele solta um riso.

― Vocês são tão idiotas... ― Gargalhou.

― Yugyeom...

― Todos vocês são inúteis! ― Soca o espelho ao seu lado.

Me assusto com o barulho da quebra do vidro.

― Está com medo, não está? ― Riu ― Consegue ver o sangue em meu punho? A cor é tão... cintilante... como acha que ela fica quando em muita quantidade? ― Me olha ― Você tem um rosto tão bonito... imagine-o cortado. Várias linhas malfeitas em diversas posições. Chega a ser tentador querer ver de verdade! ― Segura um pedaço do vidro do espelho.

Me viro para sair do quarto, mas Yugyeom me puxa e me prende contra a parede.

― Mas para eu poder brincar de desenhar em sua face... você não deve estar viva, então... ― Sorriu ― Como deseja morrer?

O tom das palavras dele proferiram ironicamente. Eu nem sequer conseguia me mover. Eu estava amedrontada o suficiente para fazer tal coisa.

─ Eu sei que você não vai me matar ― Sussurrei.

Eu sabia que Yugyeom estava drogado. O Yugyeom verdadeiro não faria aquilo, até onde eu sabia. Mas havia sido um erro dizer aquelas palavras, pois soou como uma piada para ele.

― Acha que eu mereço o papel de bom herói? ― Disse irônico ― Já passei por uma situação assim há anos atrás. As mesmas palavras... tudo. E como antes... eu obterei sucesso. Se me veem como um monstro, então darei esse gosto a eles ― Olhou-me intensamente.

Yugyeom estava prestes a perfurar a minha garganta quando um tiro disparou e se fez um mar de sangue no chão.

Aturdida por causa do medo, senti minha visão ficar turva e eu cair no chão.

― Tudo tão perfeito... bons sonhos querida.

Ouvi a voz de uma mulher antes que minha visão apagasse por completo e os meus sentidos se desvaíssem.

Overcast || Kim YugyeomOnde histórias criam vida. Descubra agora