Um gemido de dor escapou entre meus lábios. Caída no chão, tentando recuperar o fôlego, eu via Yugyeom se aproximar de mim.
― Não me diga que já está cansada, Park Hana ― Abriu um sorriso de canto de boca e cruzou os braços, observando-me ― Qual é? Esse é o seu melhor? Ficar no chão é o que sabe fazer? Te derrubei quatro vezes seguidas, sem nem precisar me esforçar. Enquanto você... ― Ri nasal ― Não consegue sequer acertar um soco em mim?
― Eu não quero machucá-lo! Você ainda está se recuperando... ― Bufo.
Yugyeom absorve minhas palavras com ironia.
― Se isso não fosse apenas uma encenação, você estaria morta agora ― Estica a mão para ajudar-me a levantar ― Acha que conseguirá enfrentar Mi-Cha desse jeito? Quando tiver a oportunidade de matá-la, mas ela pedir por misericórdia, você irá dar ouvidos a ela?
― Também não é assim ― Seguro em sua mão e me levanto do chão.
― Eu estou tentando te mostrar como devemos agir quando estivermos cara a cara com o inimigo. E não como ensinar um bebê a andar sozinho. Até mesmo porque... Quando os bebês se sentem preparados, e já tem confiança em si próprio e equilíbrio o suficiente, eles tendem a fazer isso por conta própria.
Respirei fundo.
― E o que eu devo fazer?
― Continue tentando me derrubar.
― Qual é? Eu já tentei isso várias vezes, e é impossível! Não podemos mudar para um método mais fácil?
― Você perde muito tempo reclamando, e pensando em desistir. Quando o seu maior foco, deveria ser outro.
Dou as costas para Yugyeom e aspiro profundamente o ar.
― Eu estou cansada de somente cair no chão. Eu deveria aprender a matar! Assim como Mark disse...!
De repente senti Yugyeom me golpear por trás, prendendo os meus braços e levando-os para detrás de minhas costas. O seu corpo serviu para uma espécie de encruzilhada, onde fazia com que o meu não se mexesse.
― Nunca... Dê... As costas... Para alguém ― Cochichou em meu ouvido ― E eu já disse que você irá aprender a matar, mas agora não será possível.
Yugyeom soltou os meus braços e se afastou um pouco de mim.
― Vamos começar do começo ― Bate uma mão na outra ― Você aprendeu a como desarmar alguém, certo? Use essa habilidade ― Encena uma arma com as mãos ― Agora, olhe para elas. Tente me desarmar. Mas seja perspicaz, como se realmente você precisasse fazer isso.
Respirei fundo e fui me aproximando de Yugyeom.
― Você não está fazendo direito. Seja mais convincente ― Reclamou.
Mais uma vez respirei fundo e tentei fazer o que Yugyeom estava me dizendo.
― Você está brincando comigo, não é, Park Hana? ― Franziu o cenho ― Eu disse para fazer direito! ― Alterou o tom de sua voz.
― Eu estou tentando!
― Chama isso de tentar? ― Diz irônico ― Você deveria desistir então! Você sabe que não vai conseguir.
― Você não sabe de nada!
Yugyeom movimentava-se lentamente para os lados de acordo com que eu ia me aproximando dele.
― Bela primeira impressão que você tem a dar. Mal sei sobre você, e já percebi que você é uma fracassada. Que não vai conseguir ― Ri nasal ― Sabe o seu pai? Ele vai morrer. Sabe o seu amigo, Tuan? Ele também irá morrer. E sabe Mi-Cha? Ela vai continuar viva e vai fazer da sua vida um inferno! Porque você estará sozinha, e todos que você ama, estarão mortos.
Travei o meu maxilar e cerrei os meus punhos. Consumida pelo ódio criado por tais palavras que eu estava ouvindo de Yugyeom, o golpeei com um chute em sua coxa e em seguida uma rasteira, conseguindo derrubá-lo pela primeira vez.
― Não diga para mim que eu não sou capaz! Eu não sou você! Eu ainda não perdi a vontade de seguir em frente e de lutar por quem eu amo! Se você fracassou, não tente fazer com que os outros fracassem também! E se você perdeu quem ama, e sente receio por isso, a culpa é sua! Você no mínimo deveria ter aproveitado o tempo que tinha com eles! ― Dos pés à cabeça eu me tremia por completo de fúria ― Já te derrubei, como queria. Espero que agora esteja satisfeito.
Passei por Yugyeom e saí do galpão.
Não era de costume eu ficar tão furiosa quanto eu estava no momento, mas as palavras de Kim Yugyeom afetaram-me inexplicavelmente. Ouvi-lo dizer que eu era uma fracassada, que eu não iria conseguir enfrentar Mi-Cha e perderia as duas outras pessoas que eu mais amava, atingiu-me dolorosamente. Ninguém podia dizer que eu não iria conseguir. Ninguém podia dizer que eu iria fraquejar no meio do caminho, e muito menos determinar algo sobre mim sem antes ter o meu conhecimento. Porque eu sabia que eu era capaz. Sabia que todas as forças que eu adquiri nos últimos anos, não eram atoa.
Sentei-me em uma rocha um pouco distante do galpão. Tentei controlar a minha respiração e os meus pensamentos, que o tempo todo tentavam me incentivar a voltar para o galpão e não deixar aquele assunto com Yugyeom pendente. Mas eu precisava evitar um enorme desentendimento com ele, pois, naquele momento, ambos estavam em uma corda bamba.
― O seu treinamento já foi concluído?
Ouvi a voz de Mark, e em seguida o vi se aproximar. Como resposta a sua pergunta, apenas bufei e dei de ombros.
― Eu pensei muito sobre isso tudo. E cheguei a uma conclusão ― Sentou-se na rocha, dando as suas costas para as minhas ― Você não precisa fazer isso. Eu sei que a ideia de trazer Kim Yugyeom para Nova York e treinar você, foi minha. Jaebum disse para que eu a protegesse, e a única forma que eu tinha de te proteger, era te ensinando o que eu sabia. Mas... Eu sabia que Yugyeom tinha mais experiência do que eu...
― Yugyeom não sabe de nada. Tudo que ele sabe, é como ferir os sentimentos de alguém ― Reviro os olhos ― Talvez seja por isso que ele é tão amargo, medíocre e egoísta ― Olhei além da mata próximo do local ― Toda aquela história de eu ter bons reflexos, de aprender artes marciais, e aprender a me proteger, foi tudo conversa jogada fora. Porque a única coisa que aprendi hoje, foi ficar no chão.
― Embora eu não confie nele... Ele é o único que pode dar um ponto final.
― E então, o que estamos fazendo aqui, se ele é o único que pode terminar isso tudo?
― É difícil admitir, mas... Tanto ele quanto a gente... Precisamos um do outro. Eu apenas não vou admitir isso e me aproximar dele. Eu tenho os meus motivos.
Fechei os meus olhos e ergui a minha cabeça. Senti algumas gotas de chuva cair sobre a minha face.
― Entre, em breve começará a chover. Eu irei olhar ao redor e ver se a área está segura.
Mark avisou e levantei da rocha, indo em direção ao galpão.
(...)
Sangue...
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Overcast || Kim Yugyeom
RandomO caso de Kim Yugyeom a fascinava. Mas ela havia ido mais a fundo do que devia.