v i n t e ◬ s e i s

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Eu estava vestindo uma leggie preta, e um moletom com capuz, o chão estava frio então eu calcei uma meia. Estava parada entre a cozinha e sala, estava imóvel desde que me pôs neste lugar. Os garotos estavam aparentemente calmos, - e eu por outro lado. - também estava.

Estava comendo um pouco de sorvete na tigela. - Parece grosseiro mas me sinto anestesiada, - como se tivesse caído e me machucado, porém, não sentisse a dor. Há algumas horas presenciei tamanha atrocidade e meu mecanismo de defesa se tornou uma tigela de sorvete.

É como se quisesse chorar, mas não tenho lágrimas para isso, ou talvez minhas lágrimas sejam orgulhosas demais para cair agora.

- Você está com esse sorvete desde que chegamos, Yang Min, - Disse Park Jimin olhando diretamente para o sorvete. - E você não colocou uma só colher na boca... Você não precisa fingir que está tudo bem, não conosco.

- Eu estou me sentindo bem, - Falo intacta no mesmo lugar ainda sem tocar no líquido que se faz presente na tigela.

Vejo Jungkook se levantar da mesinha do computador e caminhar em minha direção, ele lentamente abre os braços  e eu o encaro, - Eu não o quero, eu não preciso dele. - Ele está se aproximando do meu corpo, e eu não consegui desviar meu olhar dos seus olhos. Então ele só se aproxima. Senti seus braços entrelaçados ao meu corpo e mordi a parte interior da minha boca, como se estivesse comprimido a vontade de chorar. Na verdade, foi exatamente isso o que eu fiz, Mas foi inútil. Meus olhos se fecharam forte e Jimin pegou a tigela de sorvete da minha mão antes que a mesma caísse no chão. Já era tempo, não consegui controlar o turbilhão de sensações ruins que invadiu brutalmente o meu corpo.

- Você está chorando por que dói ou por que está com medo? - JungKook me pergunta tranquilamente.

Eu demorei para lhe responder:
- Pode ser um pouquinho dos dois? - Falo entre soluços. E me solto dos braços do garoto. - Posso ser sincera com vocês?  - Ambos balançam a cabeça. - Eu quero voltar para casa, na verdade, eu preciso voltar para minha família, Brasil, meus pais... Eu não aguento mais ser tão forte, eu não quero ter tantas responsabilidades, eu não sou tão corajosa... - Jeon Jungkook vinha em minha direção novamente mas Jimin sussurrou um "deixa ela". - A mulher que cresceu ao meu lado, se formou comigo acabou de morrer... morreu. E eu vi tudo aquilo. Eu só tenho 23 anos, vinte e três - Respiro fundo - Eu quero o meu irmão de volta, - Foi o momento final, eu desabei novamente. - E se ele 'tiver o mesmo fim? Ou já teve?
O medo corre em minhas veias todas as vezes que minhas amigas me chama para tirar uma foto, eu não posso ser marcada, cutucada, seguida ou retuitada. Eu não posso agir normalmente um só dia. Eu sinto falta do tédio... Eu sinto falta da minha família, eu sinto falta do meu melhor amigo, eu sinto falta de quem eu era.
Eu cansei de ser forte, de brincar de ser adulta. Eu quero voltar a sonhar... Me ensine a sonhar novamente, eu suplico!

- Ela ia te matar, não a Ster, outra pessoa... Eu não sei quem era. Mas a sua amiga deu a vida dela, para salvar a sua. - Agora foi a vez de Park Jimin falar. - Jungkook e eu já estavamos tirando a pistola do bolso por que você seria a vítima. - Jungkook concorda. - Você é a pessoa mais corajosa que eu conheço, sabe, quantos jovens são dados como desaparecidos durante um ano? Acredito que você não sabe, mas são cerca de 2 mil jovens, e Yang Min, você sabe quantas mães, amigas, irmãs de sangue arriscam suas vidas para encontrar um deles? Nenhuma. Nenhuma é capaz de tamanho heroísmo. Mas você fez isso, está fazendo isso agora. Todos os dias quando acorda e vai para faculdade de polícia? Park Yang Min, olhe para mim, Faculdade de polícia? Apenas para ter contato direto com criminoso que muito provavelmente teve um ou dois encontros com Kim Taehyung! Yang Min, você não vai para o Brasil, Ok? Não vai voltar ao Brasil por que sua força é grande demais para ser jogada em qualquer beco escuro. Você tem um amigo para salvar, lembra? Ele precisa de você hoje para você poder sonhar amanhã, ok?

Ele segurou minhas mãos e sorriu.

- Mas no momento, acho que você precisa de um pouco que abraços quentinho, não é Jungkook? - Ele pergunta ao garoto e logo ambos se juntam fazendo um sanduíche.

- Agora que já recebeu amor, vamos dormir pequena criança sonhadora. - Jungkook me pega nos braços e me leva ao meu quarto me colocando sobre a cama.

Ele deita ao meu lado e fecha seus pequenos olhos, e eu o aprecio. Sinto minhas bochechas corarem quando o garoto os abrem novamente e me pega o espiando, ele sorri e eu cubro seu rosto com a mão e ele sorri baixinho.

- E se eu não tivesse você, hoje? - Pergunto sentindo minhas bochechas corarem novamente. - O que estaria acontecendo?

- Muito provavelmente você super durona estaria fazendo algo muito errado, como chorar por alguém que não merece suas lágrimas. - Ele acaricia meu rosto.

- Ou pegando o primeiro vôo para o Brasil.

- Não, definitivamente não. Você é Park Yang Min, olha onde você está, não acredito que fugiria da luta.

- Você acredita em minha força?

- Sim, eu acredito. E por isso que estou tão tranquilo, por que aconteça o que acontecer, você sempre sabe o que fazer. Yang, você não precisa de mim, não precisa dele, não precisa de ninguém. Você conhece essa garoto melhor que qualquer um. Sua estrela já brilha sozinha. - Ele se aproxima e beija minha testa. - Eu queria que você ficasse aqui, para sempre.

Eu sorrio e o abraço:
- Não está mais doendo, você é o meu remédio agora. - Sussurro baixo porém, não o suficiente pois o garoto me escuta.

Não sei bem em qual intervalo de tempo, mas eu acabei por adormecer. Mas não durou muito, acordei quatro horas antes do expediente na delegacia. Ainda estava abraçada à Jungkook, tento a todo custo sair em o acordar porém, falho.

- O que você está fazendo? - Ele murmura

- Eu vou sair agora - Sussurro.

- São quatro da manhã, deita aqui. - Ele me puxa e me abraça novamente.

- Eu realmente preciso sair, agora Kookie. - Automaticamente coloco minha mão sobre minha boca. - Desculpe.

- Kookie vai com você. - Ele levanta meio bêbado de sono.

- O Jeon Jungkook vai permanecer aqui e estará aqui quando eu voltar. - O empurro para a cama.

- Eu não vou deixa-la sair sozinha, pode esquecer.

- Então, pensando bem eu nem preciso sair tanto assim. - Deito-me sobre a cama e espero o garoto adormecer. - Você não vai dormir até eu esquecer essa idéia, certo?

- Correto! - Ele alega. - Mas eu posso fingir que estou dormindo então você pega meu carro e sai, eu pego o de Jimin e te sigo. Assim garanto que você estará segura, senhorita Park Yang Min.

- Você é um chato. - Reviro os olhos.

- Vejo que já está bem. - Ele sorri e Park Jimin abre a porta.

- Vocês já estão brigando? - É a vez do garoto revirar os olhos. - Podem me deixar dormir, por favor?

- Não deveria está no apartamento do Jungkook? - Pergunto.

- E te deixar aqui sozinha? - Ele pergunta e gargalha enquanto Jungkook grita um: - Ei! - Ele te protege, e eu os protejo.

- Ok, tudo bem. Então meus guarda-costas podemos ir à biblioteca mais próxima daqui? - Peço.

- É só por isso que quer sair? - Jungkook pergunta sentando na cama e eu confirmo com a cabeça. - Só me deixa te alimentar, Criança.

Ele brinca com esse nome em seus lábios e eu sorrio e caminho até Park Jimin, sentando-me ao seu lado. Ficamos calados, talvez por não termos assunto, estavamos em uma bolha silenciosa.

- Se brigar com ele, Yang, - Park Jimin começa. - Peça desculpas antes que ele se vá. É visível para quem consegue enxergar: ele gosta de você, os olhos dele brilham todas as vezes que são desviados à você. E não esqueça, estamos aqui para te proteger, "Criança" - Ele sorri. - É o nosso dever, você compreende?

- Em um outro momento, eu assumo que gritaria um machista, para você. Por que nunca fui o tipo de garota que precisou de proteção, mas eu compreendo sim o que você quer dizer, e pode ter certeza: eu concordo com você.

danger /KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora