Il tempo non ha tempo

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Clara POV's

Pra variar acordei atrasada. Juro que coloquei o despertador na hora exata, contei o tempo do banho, de me arrumar e do café, mas não deu. Despertador tocou, foi pra soneca, tocou de novo, levantei correndo, demorei demais no banho, não achei a roupa que queria, e pulei o café. Claro que a Tia Helena já estava na loja, às vezes acho que ela dorme aqui pra chegar tão cedo sempre, e claro que fui recebida com aquele olhar julgador de quem estava atrasada DE NOVO.

As manhãs na loja são sempre tão paradas, sempre tenho tempo de arrumar a loja, ver o que vai chegar, e ainda ler um livro. Hoje a única parte diferente do dia foi a Shirley, persona não muito querida pela tia que apareceu lá na loja, e sim ela é louca, mas ela levou uns convites pra uma exposição de fotografia que vai ter aqui no Rio. Como a tia não vai, ela me deu os convites, e estou radiante com a possibilidade de ver gente diferente por uma noite.

Cheguei a casa correndo, dei um jeito nas unhas, tomei um longo banho, fiz escova, maquiagem suave, coloquei um vestido preto meia coxa, que não marca meu corpo, e tem um decote discreto nas costas, optei por uma sandália mais discreta e preta também.

Ouvi um milhão de reclamação do meu pai por conta do vestido, e milhões de 'se cuida' da minha mãe. Pareço um bebê saindo de casa.

E quando cheguei à exposição, nossa, meu coração disparou, era a coisa mais linda que eu vi na vida.

Marina POV's

Dia de exposição. Tenho três assistentes e além delas me ajudarem, elas me deixam mais maluca ainda. Se ganhasse dinheiro por cada vez que meu nome foi dito hoje, não precisaria trabalhar mais. Nem acredito que consegui chegar a casa pra me arrumar.

O vestido que escolhi não estava pronto, e tive que usar outro, pelo menos não posso reclamar que a Giselle fez uma maquiagem perfeita e cuidou muito bem dos meus cabelos.

Uma coisa que sempre cobro é a pontualidade, minha chegada estava prevista pras 22h, mas Vanessa se atrasou, me atrasou e acabei chegando à exposição às 22h. Minha raiva com certeza era percebida a distância, já que poucas pessoas da organização pararam pra falar comigo.

Finalmente, a música toca, posso entrar, posso ver quem está aqui, reconheço a maioria dos rostos. Sorrisos e palmas cercam a minha chegada, e muitas fotos.

Mas tinha alguma coisa a mais hoje, meus olhos pareciam procurar algo diferente, e eles acharam. Ela era linda. Olhos castanhos escuros, olhos curiosos, cabelos compridos cor de mel, corpo perfeito. Foi ali que meus olhos pararam, era o que eles procuravam.

Não consegui me aproximar dela logo que a vi, tive que distribuir autógrafos e fotos, falar com contatos novos e antigos, restabelecer vínculos com agências de modelos. Era quase fim de noite, e ela ainda estava lá. Parada diante de uma imagem era a minha chance.

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Marina foi se aproximando lentamente, a moça ainda parecia presa à fotografia, a olhava com um olhar curioso, cheio de indagações. Quando estava perto o suficiente, pode sentir seu perfume, um cheiro doce, mas não enjoativo, pelo contrário era tão gostoso, que ficava difícil não querer senti-lo mais de perto.

-Boa noite – disse para a moça, com a voz suave.

Clara estava tão perdida na fotografia que demorou para entender que alguém falava com ela. Quando se virou, a procura do rosto da voz perdeu o ar, o chão, a razão. Diante dela, estava a mulher mais linda que já tinha visto. Sua pele branca num contraste perfeito com o cabelo preto, vestido branco que não marcava seu corpo, mas a deixava curiosa para saber como era, e ela mal acreditou que pensou nisso, e seu olhar, seu olhar a dominava, era tão hipnotizante que ficava impossível olhar para qualquer outra coisa.

Se Non TeOnde histórias criam vida. Descubra agora