Mi manca il fiato

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Marina deixou as duas sozinhas na sala, e foi até a cozinha. Fez um copo com água e açúcar, e o levou até Heloísa.

-Toma um golinho pelo menos Helô. – Marina ofereceu até a sogra aceitar. Sentaram-se as três no sofá. Marina ficou ao lado de Clara, que tentava acalmar a mãe.

-Você devia ter me contado. Por Deus Clara, não entendo porque tanto silêncio, tanto mistério. Eu sou sua mãe, poxa.

-Mãe, por favor, estava todo mundo em choque com o que tinha acontecido, eu não quis provocar mais nada.

-Provocar? Clara, eu deixei você com a sua vó, sob a proteção dela. Você era uma criança. Não acredito que minha mãe fez isso, minha própria mãe.

Clara olhou pra Marina, que estava quieta, observando as duas.

-Você não deve estar entendendo nada, não é mesmo? – Clara perguntou enquanto sua mãe segurava sua mão com força.

-Pra dizer a verdade, só as piores coisas estão passando na minha cabeça.

-Eu não fui violentada Marina. – Clara respirou fundo. – O Tobias era um vizinho nosso lá de Goiana. Ele tinha uns 18 ou 19 anos, e eu uns 12 naquela época. Ele era o sonho de toda garota. Todos na cidade gostavam dele, ele era educado, atencioso, gentil, o típico galã de novela. Nós sempre íamos passar as férias com a vó lá em Goiana, eu e a Lu. Mas naquele ano a tia Helena foi viajar, e a Lu não foi comigo. Éramos eu e a vó, e o Tobias, que ficava por lá praticamente o dia inteiro. Ajudando com as coisas da casa, e até brincando comigo.

"Uma noite teve uma festa na cidade, como era verão eu fui de vestido, normal pra uma menina da minha idade. Lá, eu encontrei o Tobias. Ele veio me tirar pra dançar. Minha vó disse que eu podia dançar com ele, quando eu disse que não podia dançar. Fiquei sem saída e acabei indo com ele. Depois de um tempo, não sei como nós acabamos um pouco afastados da festa. Então ele começou a me beijar, pelo rosto, pelo pescoço, dizia que eu era linda. Eu tentei afastar ele, disse que não, mas ele não me ouvia, ou me ignorava, eu não sei. Quando ele passou a mão pela minha perna, eu gritei. Algumas pessoas que passavam perto dali olharam, e ele me soltou. Eu saí correndo pra casa, e naquela noite eu contei pra vó o que tinha acontecido. Ela me disse que era mentira minha. O Tobias não faria nada disso, eu que tinha visto as coisas erradas. Não devia nem falar pra minha mãe, porque eu só iria passar vergonha, e manchar a reputação de um bom menino."

Heloísa se levantou, começou a andar de um lado para o outro, tentando encontrar a calma que mais uma vez havia perdido. Clara continuou.

-Passou alguns dias até que ele apareceu lá em casa de novo. Ele me chamou, disse que queria conversar e pedir desculpas. Eu na minha inocência fui com ele. Andamos até o rio, e sentamos perto da margem. Ele realmente começou pedindo desculpas, disse que não queria me assustar, mas eu tirava o juízo dele. Era difícil se controlar do meu lado, com aquelas roupas que eu usava. E no meio dessas palavras ele veio pra cima de mim. Dessa vez ele chegou a rasgar a blusa que eu usava. Eu gritava, pedia pra ele parar. Ele só dizia que não conseguia. Foi quando alguém tirou ele de cima de mim, e o empurrou pro rio. Acho que ele bateu a cabeça na queda, ou acertaram a cabeça dele quando tiraram ele, mas ele não voltou a superfície. O homem, o meu salvador, era o capataz da fazendo do pai do Tobias. Ele me pegou no colo e me trouxe pra casa. Quando ele contou pra minha vó o que tinha acontecido, ela chamou a polícia. Disse que viu o capataz e o Tobias brigando perto do rio, e depois o Tobias tinha caído no rio, e não tinham conseguido salvá-lo. Acharam o corpo do Tobias alguns dias depois. Ela não disse o que ele tava fazendo. Ninguém soube o que ele fez, além de nós três.

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