Il tempo è una conquista

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Clara conseguiu apenas sorrir diante da resposta de Marina. Era cedo para sonhar com um futuro tão sério assim, mas não era impossível. Ela estava com medo de assumir para si o que sentia, mas sabia que não conseguiria esconder muito mais tempo. Ela estava sim amando Marina e isso só fazia ela se sentir bem.

Diante do silêncio de Clara, Marina resolveu mudar de assunto. Não queria pressionar Clara, muito menos assustá-la, mas conversar com ela era tão natural e fluía tão bem que qualquer assunto era bem-vindo. Mesmo que colocassem as duas em saias justas.

-Você e o Ivan tem uma boa diferença de idade, teve algum motivo em especial?

-Ah bom, eu fui um acidente, meus pais eram muito novos quando descobriram. E o Ivan, também foi meio que um acidente. Meu pai é bem descabeçado quando o assunto é dinheiro, por conta disso a gente sempre viveu em perrengue, então um segundo filho nunca esteve nos planos reais. Eu lembro que minha mãe sempre quis ter outro filho, mas conforme o tempo foi passando, meu pai não foi mudando, acho que ela abandonou a ideia. E por descuido, o Ivan veio. Ainda bem que foi em um tempo onde nossa situação estava melhor.

-Mas seu pai trabalho em quê mesmo?

-Em sonhos. – Clara sorriu – Meu pai é um crianção que vive num mundo só dele, onde ele arrastou minha mãe. E os dois vivem assim, ela puxa ele pra realidade e ele puxa ela pros sonhos, e meu irmão e eu ficamos no meio.

-Nossa, é complicado, prover uma família dessa forma. Sua mãe nunca trabalhou fora?

-Nunca. Minha mãe é mulherzinha, lava, passa, cozinha, leva os filhos pra escola, busca, acho até que ela sabe costurar roupa. – Disse rindo. – Meu pai é machista, acha que mulher tem que ficar em casa, e o homem é que é responsável por cuidar da casa. Por ele, eu já tava casada e nem trabalhava.

-Credo, que horror isso. Ainda acho difícil acreditar que existe homens assim, e mulheres como a sua mãe que ainda não buscaram essa independência.

-E como tem, é só a gente olhar bem que tá cheio de gente assim. Mas acho que se ele abrir esse restaurante dele, minha mãe vai ajudar, o que não é a independência sonhada, mas é melhor do ela viver em função de marido e filhos.

-Com certeza, só o fato de ver gente nova todo dia, de lidar com o público, isso muda a pessoa. Tomara que dê certo essa empreitada do seu pai. – Marina pegou a taça – Um brinde a isso.

Clara pegou seu copo e brindou com Marina, sorriram uma pra outra.

-Vamos?

-Vamos. – Marina chamou o garçom e pediu a conta, pagou e na hora de sair, Clara segurou a mão dela, e foram assim até o lado de fora do restaurante.

-Então, agora eu vou chamar um táxi, e você leva o carro pra casa.

-Como assim Marina? – Clara não acreditou no que ela estava dizendo – O vinho te pegou hein?

-Não Clarinha – Marina sorriu – Você fica com o carro, amanhã e o resto da semana você vai com ele trabalhar e eu vou de táxi agora.

-Marina eu não posso ficar com o seu carro.

-Carro de trabalho Clara, isso é normal, várias empresas têm. Você é a assistente que mora mais longe, logo você usa o carro. Eu tenho outro, não se preocupa.

-Não. – Enquanto elas discutiam o manobrista trouxe o carro, e Clara abriu a porta para Marina – Eu levo você pra casa e de lá eu pego um táxi.

-Clara

-Marina – Se olharam e relutante Marina entrou no carro.

Passaram o caminho inteiro argumentando, as duas eram infinitamente teimosas e no final após muitas concessões de ambas, acordaram de Clara ficar com o carro durante a semana, mas as sextas após o expediente Marina a levava em casa e voltava na segunda de manhã para buscá-la.

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