Quarta-feira.
Seguro o livro firmemente em minhas mãos tentando me concentrar na tragédia romântica que será o tema da prova de amanhã. Literatura inglesa. Não é minha matéria favorita mas eu posso passa tranquilamente.
Eu estava na cafeteria sozinha. Não queria ficar em casa hoje, aquele clima deprimente de minha casa estava estranhamente sufocante então eu procurei conforto aqui, onde há muitas pessoas, calor humano. Não o frio dramático de uma casa vazia, sem vida.
Ok, eu estou muito dramática hoje.
Dou um suspiro leve e solto o livro, substituindo o mesmo por uma xícara fumegante de café preto. Meus olhos vagam pelo local, analisando cada mesa atentamente.
Há pessoas de todos os estilos aqui. Negros, asiáticos, brancos. Pessoas tão diferentes fisicamente mas tão iguais em suas vidas. O casal asiático está preocupado com a falta de dinheiro, deduzo isso pela precaução na escolha de seu pedido e a avaliação rigorosa nos preços do cardápio. Uma mulher negra se senta na mesa ao lado e eu posso notar a sua tensão e preocupação com o trabalho já que os ombros estão rígidos e ela digita furiosamente em seu Notebook, e logo atrás dela, em uma mesa no canto da cafeteria tem um homem alto, com toda a certeza americano tem as mesas feições da mulher e provavelmente compartilham do mesmo problema já que as ações deles são praticamente as mesmas, a única diferença é que ela está mais irritada.
Abro um sorriso para as minhas observações. Até que eu sou boa nisso. Fico imaginando se as pessoas não deduzem qual é o meu problema. Uma garota de 16 anos sozinha em uma cafeteira numa quarta-feira a tarde.
O problema que eu estou enfrentando vai além de um pequeno sentimento de sufocamento por solidão. O negócio é mais embaixo e eu estou preocupada. Ontem a noite eu recebi uma proposta tentadora do meu pai. A empresa na qual meu pai trabalha havia transferido alguns empregados para os Estados Unidos e o meu pai recebeu essa proposta irrecusável, já que, com essa mudança viria a promoção em seu emprego. Essa notícia realmente me animou apesar de não manter contato com ele, ontem recebi uma ligação sua, aparentemente eu tinha o direito de saber sobre essa novidade. E com essa notícia veio a proposta. Estudar nos Estados Unidos. Ir morar com ele.
Essa proposta apesar de maravilhosa, não me interessou e foi recusada instantaneamente. O telefonema foi desligado com a promessa de que eu poderia pensar por mais alguns meses antes de dar uma resposta definitiva e que sempre estaria de pé caso eu me arrependesse.
Por mais incrível que seja os Estados Unidos e por mais que seja um lugar com inúmeras possibilidades eu não poderia jamais largar desse jeito a minha vida aqui em Oslo. Minhas amigas, minha escola, e até mesmo Chris.
Eu só espero que eu não vá a loucura. Essa ligação realmente me abalou. Eu sempre havia esperado pelo convite de meu pai para me juntar a ele e sua esposa, claro que não criava tanta expectativa em cima disso, mas antes de ter amigas ou ter algo pela qual lutar para não perder, eu queria muito aquilo e agora que eu tenho o amor que eu queria procurar lá, a oportunidade cai em meu colo. De supetão.
Ok, Eva. Você tem muito o que pensar.
(...)
Reviro os olhos ao sentir o cheiro de cigarro vindo da boca de Chris. O mesmo havia acabado de me cumprimentar. Estávamos reunidos na casa de Noora para uma noite inesquecível da pizza. Palavras de Vilde.
O garoto se joga ao meu lado me puxando para perto enquanto eu saboreava um licor de menta que William havia oferecido.
- Sabe, hoje eu estava pensando - Chris pega o copinho de minha mão e vira o conteúdo em sua boca - que você está muito quieta. Não fez nenhuma piadinha hoje.
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Toxic
Fantasy" Ama- lo é como pular de um prédio e se arrepender no último minuto, é como as folhas no outono, suas cores brilhantes e lindas que somem de repente, machuca, definitivamente ama-lo dói, ele é confuso e me deixou confusa também, me deixa uma bagunç...