Capítulo 48

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"Trevas; Me aprisionando; Tudo que eu vejo; Horror absoluto; Não consigo viver; Não consigo morrer; Preso dentro de mim mesmo; Meu corpo é a minha cela." - Metallica ♫

Continuação...

2002

OPescador

Se passaram meses em que eu estou aqui. Não faço ideia de quanto tempo exatamente se passou, mas sei que não aguento mais. Resisti o máximo que pude, mas sinto que cedi a muito tempo. Eu já enlouqueci várias vezes, já me matei várias vezes, já desisti de mim várias vezes. Todo dia uma batalha diferente dentro de mim, não sei de onde tiram tanta criatividade para fazer essas merdas que estão fazendo comigo. 

Meu corpo já não se importa mais com as dores, eu as acolhi como parte de mim depois de tanto tempo assim. Com amargura eu admito que eles conseguiram o que queriam. Me fizeram ceder, mataram todas as minhas fraquezas da pior forma possível. Me torturam tanto fisicamente quanto mentalmente. Sussurram coisas para mim a noite, não me deixaram dormir. Sempre que caio no sono, me acordam com água fria e pontapés.

Vou querer tirar umas férias no inferno depois disso aqui.

O cara de touca preta entra pela porta, caminha até mim, e joga no chão a mesma merda de sempre que me dão para comer todos os dias. Sem demora eu devoro o conteúdo. Aprendi a engolir de uma única vez aquilo que não tem gosto bom. Funciona da mesma forma com as pessoas, inclusive com esse desgraçado que me tortura todos os dias. Aprendi a engolir ele por inteiro, ao invés de tentar saborear seus motivos de estar aqui fazendo isso comigo. Será que está ganhando muito dinheiro para isso? Ou está sendo ameaçado pelo Ryan? 

Já pensei tudo que se pode imaginar, só que engolir o fato dele estar aqui fazendo o que faz, já é o suficiente para mim. Foi o que pus na minha cabeça para continuar tentando sobreviver durante os dias. E mesmo quando parei de comer e tentei me matar de fome, os miseráveis me agarraram e enfiaram comida pela minha goela abaixo.

A cada merda que faço, é um banho de água fria que ganho. A força da pressão da água que sai da mangueira que usam, me faz carinho em comparação com todas as torturas que já me fizeram passar.

O dia passa, e o meu carrasco aparece novamente trazendo a mesma merda de sempre que chamam de comida. Ele joga no chão, e antes que eu pudesse comer, ele pisa em cima, e esfrega a bota.

- A quem você é leal, cachorro?

- Ryan.

- O que você é?

- Um cachorro.

- O que você é?

- Um cachorro.

- A quem você é leal, cachorro?

- Ryan.

Ele me fazia essas perguntas todo santo dia, durante todos os meses que já se passaram. Até enquanto eu dormia ele sussurrava essas perguntas, e se eu não respondesse, ganhava uma surra. Cheguei a acreditar que eu era mesmo um animal depois de tanto tempo preso assim.

O cara se abaixa até mim e apanha meus cabelos, já estavam batendo quase que no meu ombro de tão longos. Ele puxa minha cabeça para trás e olha bem na minha cara, como se analisasse algo, depois me solta. Se levanta e chuta o resto daquilo que era o meu jantar. Pelo visto eu não iria comer hoje.

Amor Assassino - Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora