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"Algo prazeroso, muito desejado e proibido, torna-se uma obsessão."

Nossa alcova cheirava a fumaça de charuto e bebida barata, cortesia de outros frequentadores que já haviam passado por lá. Ela me esperava calmamente, encostada na parede do canto, com um olhar magnético e que eu imaginava estar cheio de promessas. Em uma mão uma cigarrilha e em outra uma taça de um vinho vagabundo que não recordo o nome - na verdade, não prestei atenção a esse detalhe - . Na noite anterior, eu já tinha passado pela boate e combinado tudo com ela antecipadamente. Seria um encontro rápido e fugaz, talvez pra ela, mas não pra mim. Eu tinha estranhamente desejado essa mulher, desde a primeira vez que a vi e nunca tinha parado pra pensar no por que. Ela me chamara a atenção com seu jeito elegante e ao mesmo tempo provocador de andar.

Tinha certo mistério no olhar, um misto de tristeza animalesco e juventude perdida. Toda vez que eu saía do escritório pra almoçar escolhia um restaurante acolhedor e reservado, só que nesse dia eu estava com muitos despachos em cima de minha mesa e o tempo era curto.

Não querendo comer sanduíche e nem pedir pizza, pensei em descer pra encontrar algum lugarzinho razoável pra comer perto da Praça Mauá mesmo. Encontrei um restaurante aquilo muito simples, mas bastante limpo, resolvi ficar por ali mesmo e voltar logo pro escritório.

Foi a primeira vez que a vi passando na rua e de cara ela me impressionou, simplesmente não conseguia tirar os olhos dela e não sabia a razão, a segui com o olhar e me toquei que tinha estacionado os olhos "sem querer" em seu traseiro generoso e bem formado.

A vi atravessando a rua para logo em seguida entrar em uma espécie de clube noturno, algo assim, que mais tarde fui saber por um amigo que era um clube prive de stripper.

No dia seguinte, resolvi almoçar no mesmo self-service só que não pelo mesmo motivo do dia anterior, eu almejava com um pouco de sorte, vê-la novamente. Era certo que ela passasse por ali também. E assim foi no dia e em todos os outros que se seguiram. Então, era só questão de esperar, eu já até fazia isso inconscientemente. E quando ela passava, ou eu queimava a boca no meu cafezinho fumegante ou perdia meus olhos a esmo entre as letrinhas pequenas do jornal de economia e então, como que sentindo sua aproximação, levantava a vista em sua direção. Ela me fazia perder o foco por alguns longos segundos, onde só a sua figura esbelta e cheia de charme tinha lugar, onde suas curvas dançavam de forma provocativa e insinuante na minha mente. Parecia até feitiço. Então eu me tremia por dentro e me arrepiava por fora, acreditando ser por causa da friagem dos dias de inverno e por ser perto do porto.

Minha boca salivava sem estar com fome e sede, apenas por vê-la se afastar e entrar novamente naquele lugar lúgubre.

Fiquei com aquela figura na cabeça por dias intermináveis e sempre com certa inquietação por causa das perguntas sem respostas que se formavam na minha cabeça. Ao final da terceira semana já sentia insatisfação sem motivo aparente e não conseguia me concentrar direito no serviço. Foi aí que aconteceu uma coisa inesperada. Um colega nosso estava pra casar e o pessoal do serviço se juntou pra fazer uma despedida de solteiro justamente no clube onde a mulher dos meus pensamentos parecia trabalhar. Não parecia o lugar apropriado pra mulheres "direitas", mas decidi agarrar essa oportunidade e talvez tivesse a sorte de encontrar por lá o objeto dos meus desejos ocultos.

Assim foi. Na sexta-feira à noite saímos do serviço direto pro "clube". Chegando lá, pegamos uma mesa bem em frente ao palco, pois já estava reservada antecipadamente. Meus amigos estavam todos empolgados com as bebidas que rolavam à vontade na mesa e com as "garçonetes" que serviam ali com o mínimo de roupa possível. Era tipo um inferninho um pouco mais requintado. Havia mais homens no lugar do que mulheres, exceto aquelas que estavam ali com interesse financeiro e uma amiga que tinha decidido nos acompanhar na última hora. Eu estava surpresa com tudo aquilo, e um pouco desconfortável, mas apesar disso, até aquele momento corria tudo muito bem. Decidi beber uns drinques pra entrar no clima, já que cerveja não era minha praia. Os rapazes vibravam a cada desempenho que se desenrolava no palco e faziam questão de pendurar "um agrado" na calcinha das meninas.

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