XVIII- Consequência

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"I Just called To say I love you..."


Os dias seguintes foram de muitas andanças. Finalmente optei por ficar na London Bussines School, era menos contramão pra mim do que Oxford, já que ficava bastante perto do escritório e ainda sobraria algum tempo ocioso pra mim. Eu precisava de um veículo próprio pra me deslocar de um lugar pra outro com mais rapidez. Ashley prontamente me ofereceu ajuda e depois de algumas visitas a revendedoras optei por um carro pequeno, tipo esporte.

Almoçamos juntas naquele sábado, em um restaurantezinho aconchegante, quase em frente ao Hide Park. Ashley como sempre muito falante abriu sua vida pra mim e invariavelmente especulou sobre a minha.

- Você deixou alguém no Brasil? – Inquiriu casualmente.

Sua pergunta me pegou de surpresa, não sabia o que responder. Sim? Não? Talvez?

Ao contrário de mim, Ashley era aparentemente bem resolvida com a sua vida pessoal e não se afetara com a recente separação com um cubano que emigrou ao seu país a trabalho. Ele era um excelente artista plástico e rodava o mundo atrás de inspiração e aventuras. Desta relação nasceu o pequeno Ron de 3 aninhos. Ela não demonstrava sinais de arrependimentos pela paixão avassaladora e tão instável. Já eu não poderia dizer o mesmo, minha vida sentimental tinha sido um desastre até agora.

- Lauren.. dónde estás mujer?

"Estou com a minha menina" Sorri do pensamento. "Minha menina?" Caía na mesma armadilha de sempre, pensando nela.

Descobri com o passar dos dias que  Ashley costumava misturar os idiomas enquanto conversávamos. Naturalmente foi a influência do cubano Juan em sua vida. Decidi mudar o rumo da conversa e perguntei de que forma ela havia aprendido o português tão bem.

- Meu pai é brasileiro. Ele conheceu minha mãe em um intercâmbio cultural aos 17 anos e se apaixonaram. Ela engravidou e decidiram morar juntos. Só que amor de jovem é muito volúvel e minha mãe sentia falta de casa. Decidiram se separar e meu avô a trouxe de volta pra cá. Eu nasci aqui.

- Mas você fala tão bem o português...

-Eu costumo viajar pra casa do meu pai quando tiro férias. Apesar de ele ter outra família, eu tenho um pé no Rio também. Mais precisamente em Búzios, onde ele tem uma pequena pousada que administra com a mulher. Se um dia você for praqueles lados, me avise. Terei prazer em estar lá para recebê-la.

- Claro - Sorri com o pensamento, parecia algo agradável. Férias... tão cedo não poderia pensar nisso. Teria que me dedicar aos estudos agora, mais do que nunca, para ser a melhor na minha área.

- Mas, você fugiu da minha pergunta.

- Hã!? Que pergunta? – Me fiz de desentendida.

- Quem você deixou no Brasil que tem o poder de fazer esses olhinhos brilharem de felicidade?

Pensei na resposta que poderia dar sem me comprometer. Não havia razão pra falar sobre algo que me incomodava. Mas também não tinha razão pra mentir... então...

- Ninguém... – Disse vagamente olhando pela vidraça do restaurante a paisagem cinzenta lá fora.

- Não é o que seus olhos dizem... – Ela esperou que eu continuasse, mas como me calei, resolveu mudar de assunto, amenizando a situação. - ...tudo bem. Entendo que você deva ter seus motivos pra não tocar no assunto. Mas, não me convenceu que uma mulher tão atraente como você, não tem ninguém te esperando voltar.

Fiquei sem graça pelo elogio disfarçado.

- Atraente? – Debochei.

-Não se faça de desentendida, você sabe que sim. Já se olhou no espelho essa manhã?

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