STRIPPER "Camren"

XXII-Você acredita em mim?

"O AMOR PRECISA DE DOSES ELEVADAS DE EMOÇÃO, MAS SEM DISPENSAR DOSES SERENAS DE RAZÃO."

Confusa, eu!? Talvez um pouco, apesar disso sei bem o que quero e como quero e naquele momento não me importava qual era o certo e qual era o errado.

Depois de alguns minutos suas lágrimas se fizeram raras, seus soluços estancaram. Estávamos tão emocionadas que não conseguíamos nos soltar. Parece que só naquele momento é que tínhamos descoberto a grandiosidade de todo aquele sentimento tão confuso e dolorido.

- Lauren...

- Sim... diz.

- Eu sinto muito. Eu perdi a cabeça. Não devia ter feito isso e...

- Shiiiiiiiii... passou. – Alisei sua face com carinho. – Fica aqui quietinha mais um pouco. Tá tão bom...

Continuamos abraçadas e notei que em dado momento ela aspirou profundamente meu cheiro. Senti seus lábios delinearem um sorriso na superfície da minha pele.

- Senti falta do seu cheiro. Aquelas mulheres fedem!

Soltei uma gargalhada no que ela me acompanhou. Fiquei séria depois.

- Você... esteve com alguma delas? – Soltei de supetão.

Ela suspirou profundamente e se encostou na pia do banheiro com as mãos para trás, parecia não saber o que fazer com elas naquele momento.

- Temos que nos manter vivas lá dentro. – Baixou a cabeça.

- Eu sinto muito.

- Não foi tão ruim assim. Uma das "poderosas" gostou de mim. Pelo menos ela não me batia e ainda me protegia.

Não quis pensar em como deve ter sido difícil a vida dela lá dentro. Nesse momento o seu celular tocou. Ela apanhou no bolso da calça e atendeu com certo receio. Monossilábica, falava com seu interlocutor e olhava para mim como se decidindo o que fazer. Saí em direção à sala para deixá-la à vontade, mas senti uma pontada no peito, uma certa raiva da nossa situação naquele momento. Não podíamos cobrar nada uma da outra, mas não me passava indiferente que potencialmente deveria ser um dos seus "clientes". Segurei na parede do corredor meio zonza.

Consegui chegar na sala e sentei no sofá com as mãos na cabeça. Sentia pontadas doloridas e uma queimação do lado direito do rosto, onde ela havia batido. Olhei pro dinheiro espalhado aos meus pés. O que faria com ele!? Comecei a catá-lo e coloquei em cima da mesinha de centro. Olhei preocupada pro tapete manchado de tinta, com as duas mãos na cintura.

- Quer ajuda pra limpar toda essa bagunça? - Quando me virei me deparei com Camila me olhando extática do outro extremo da sala.

- Pensei que você tinha um compromisso.

- Não. Quer dizer, sim, mas nada importante. Só tenho que voltar a noite para penitenciária, então... pensei que... se você quisesse... eu posso...

- Você está com fome?

- O que?

- Fome. – Fiz um gesto circular na altura do estômago.

- Um pouco.

- Gosta de pizza?

- S-sim... Amo. – Me olhou confusa.

- Tem preferência de sabor? – Perguntei já pegando o telefone e discando o número do disk-pizza.

- Todas e você?

- Mussarela. Temos um impasse. Que tal meio a meio?

- O que você quiser para mim tá bom. – Sorriu tímida. Me deliciei com o duplo sentido de suas palavras.