Os momentos que sucederam o soco que Eduardo deu em Edward se passaram como lampejos borrados. Eu, como já era de se esperar, não consegui fazer nada a não ser olhar como um idiota para a cena patética que se desenrolava a minha frente, pedindo a Deus pra que me levasse de uma vez; enquanto isso o Gustavo ainda tentava segurar o bicho que ele chamava de "amigo" e que atendia pelo nome de Eduardo. Edward por sua vez, não ficou por baixo, ele apanhou sim, mas também bateu e por isso eu pelo menos me senti um pouquinho melhor por ele, mas como um todo, foi um verdadeiro fiasco de noite e só depois de o Gustavo ter praticamente pulado em cima do Eduardo segurando ele no chão e eu ter puxado o Edward pra longe, foi que tudo finalmente se acalmou.
Agora temos quatro homens sentados um de frente para o outro em uma sala que, apesar de grande, agora se tornou minúscula com a quantidade de testosterona que tem no ar. O Edward está ao meu lado e segura um saco de gelo no rosto, eu já ajudei ele a por um algodão no nariz, que sangrava litros e quanto ao Eduardo, o Gustavo ajudou e agora ele tá sentado no outro sofá, encarando a gente com um olhar assassino; seu olho esquerdo está um pouco inchado e ele tá com um hematoma meio avermelhado no canto da boca, mas fora isso, ele parece bem.
- Você só pode ter ficado maluco! - digo sem conseguir mais me segurar.
- Cala a boca... Ele mereceu!
- O único que merece apanhar aqui é você, seu idiota. O quão infantil você é, afinal de contas?!
- André, eu tô te avisando, não enche o meu saco, beleza?! - ele diz e seu olhar prende o meu com uma seriedade avassaladora que faz eu me calar, pelo menos por agora.
****
Edward está sentado com a cabeça baixa, apoiando um cotovelo na coxa enquanto a outra mão segura o saco de gelo, agora no nariz. Odeio vê-lo desse jeito, ainda mais quando quem o convidou fui eu; nesse momento o peso da culpa tá quase me consumindo. Aquele imbecil estragou o rosto dele e isso também me dói, afinal o que ele vai dizer no trabalho?! Isso também mexe com a imagem pessoal dele, meu Deus...
- Olha, eu sinto muito mesmo, Edward! Por minha culpa você pagou caro... Eu não devia ter brigado com o Eduardo!
- Você sabe que a culpa não foi sua, não é?! - ele me encara e sorri divertido - Eu não sei se você também percebeu, mas ele só tava com ciúmes, e ficou tão óbvio que até o amigo dele percebeu.
- Não, eu não acho que seja isso... Eu não sei de onde que ele tirou isso, mas ele pensa que a gente tá se pegando e ficou com raiva, porque faz um mês que ele não transa e pensa que eu tô transando. - ele ergue as sobrancelhas - Eu sei, ele é um idiota!
- Você não tá com fome?! Pode ir comer, eu vou pra casa.
- Tks, eu fiz o jantar especialmente pra você, é uma pena que aconteceu esse... hum... acidente...! - ele ri - Mas eu não vou te deixar ir embora de barriga vazia... Nem pensar! Vem, vamos comer, o Eduardo já deve ter comido com Gustavo.
- Você tem certeza?! - ele me encara parecendo em dúvida, mas eu concordo insistentemente e então ele se levanta da poltrona e me segue - Se você insiste.
- Já lavei os pratos. - Eduardo fala passando por nós junto com o Gustavo, que me olha como se pedindo desculpa; respiro fundo e entro na cozinha já sabendo que vou ficar com raiva de novo.
- EDUARDOO!!! - grito com ódio e ele aparece na porta da cozinha com a cara mais cínica do mundo.
- O que é?! Pra quê todo esse escândalo?!
- Cadê a merda da comida que eu fiz?! - aponto para as panelas, agora vazias.
- Ué, eu pensei que tinha sido feita pra ser comida, então, obviamente, eu e o Gustavo comemos. - ele responde como se isso fosse uma coisa óbvia fazendo eu me corroer de ódio.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Casamento arranjado ( Em Revisão )
RomansaAndré, um jovem esforçado em seu último ano de faculdade e passando por uma de suas piores fases financeiras, se vê dentro de uma estranha situação, após uma ligação que mudaria sua vida. O jovem descobre que seu avô, que se afastou completamente de...