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Dale e eu continuamos nos baloiços. Neste momento estamos em silêncio, não sei o que dizer e penso que ele também não.Está a tornar-se um bocadinho constrangedor mas eu não sei como quebrar o silêncio entre nós.

-Sabes... -Começa Dale com um olhar pensativo- Até foi engraçado a maneira como nos conhecemos... Quer dizer, podias ter-me morto mas mesmo assim.

Começamos os dois a rir outra vez.

-Peço imensa desculpa Dale, eu estava num mau dia.

-Eu sei... Eu notei isso... Ainda penso nisso, gostava de saber porque estavas assim...

Suspirei, nunca foi uma pessoa aberta o suficiente para conseguir desabafar os meus sentimentos.

-Tanta coisa Dale, por acaso, nesse dia, estava a ir para casa do meu pai.

- Foi nesse dia que resolveram as coisas?

-Sim, por acaso foi. -Olho para ele e solto um sorriso, um sorriso verdadeiro, e este retribui com um ainda mais encantador.

Dale aproxima-se mais de mim, esticando o seu braço para me tocar na cara, eu não recuo como costumo fazer, apenas me deixo ficar. Fecho os olhos quando sinto as pontas dos seus dedos a tocarem na minha maçã do rosto. Ele começa a traçar um caminho desde a minha maçã do rosto, maxilar, pescoço, passando a mão pelo meu ombro, braço e repousando no final a mão na minha perna. Eu aprecio e sinto o efeito que ele estava a ter em mim enquanto ele me toca lentamente. Abro os olhos quando a senti que a sua mão parara. Ele olhava para mim completamente envorgonhado.

-Ahm desculpa, não sabia onde tinha a cabeça ... -disse Dale retirando a mão da minha perna.

-Nem eu.... -admito.

Ele levanta-se, olho para ele confusa.

-Vamos entrar?- ele perguntou coçando a parte de trás do pescoço, parecia nervoso talvez ainda esteja envorgonhado.

-Hmm não obrigada, podes ir eu fico aqui está mais agradável e eu quero ir dar uma volta.- digo levantando-me também e começando a caminhar.

-Espera!- eu paro não porque ele me chamara mas porque o seu toque me impossibilitava de andar, pois este agarrava o meu braço- Vais por aí sozinha?

A sua pergunta deu-me vontade de rir.

-Sim. Sempre o faço porque não o iria fazer hoje?

-Eu vou contigo.

-Não precisas, eu fico bem.

- Mas eu quero ir contigo.

O meu coração saltou. Por alguma razão as suas palavras tocaram-me mais do que era preciso.

-Está bem... -digo, desviando o meu olhar para longe e descolando-me do seu toque. Ele tem um efeito em mim que eu não percebo.

Começamos por caminhar em silêncio, apenas apreciando a paisagem que nos rodeava mas eu via,que, de vez em quando, ele olhava-me pelo canto do olho. Estava nervosa, a sua companhia deixa-me sem saber o que fazer. Arrepiei-me.

-Estás com frio?- olho para ele e vejo preocupação repleta nos seus olhos.

-Sim.. -digo baixinho, esfregando os meus braços numa tentativa falhada de os aquecer.

-Toma.- ele diz, estendendo-me o seu casaco.

-Não não e tu?- tento recusar mas em vão.

-Não te preocupes eu estou bem.

Penso uns minutos mas acabo por aceitar o casaco. No momento em que estava a vestir não pude evitar de cheirá-lo concluindo que o seu aroma a menta me agradava.

-Com que então a menina está a cheirar o meu casaco?- ele sorri, divertido.

-O quê?!- guincho completamente vermelha de vergonha.- Eu não estava nada!

-Estava sim senhora que eu vi!

-Não não estava!- disse, dando -lhe uma pequena chapadinha no braço.

-Oh a menina acabou de me bater?!- disse dramaticamente fingindo que lhe tinha magoado. Eu riu abanando a cabeça afirmando o seu comentário e mostrando a língua logo de seguida.

-A menina não devia ter feito isso, vou -me vingar!! - disse soltando uma gargalhada maléfica antes de correr atrás se mim.

Eu corro também, tentando, numa tentativa falha, fugir dele mas este corria muito mais rápido e como eu ria compulsivamente a tarefa era ainda mais difícil. Em menos de cinco minutos ele já me tinha apanhado.

-Hahaha apanhei-te!!!!- ele diz abraçando-me por trás. Fazendo-me cócegas na barriga.

-PA.... pa... pára Dale por favor!!! Não aguento mais!- digo entre risos. Já me doía a barriga tanto de rir. Dale ria-se também às gargalhadas tal como eu, eu viro-me e descanso a minha cabeça no seu peito enquanto tentávamos acalmar as nossas respirações.

-Obrigada.- eu sussurro no seu peito.

-O quê?! porquê?- Ele diz pegando no meu queixo obrigando-me a olhá-lo nos seus olhos.

-Eu não sei bem... -reconheço- pelo bom bocado que passamos talvez... - digo envorgonhada.

Dale ri-se suavemente nunca largando o meu queixo.

-E eu agradeço por finalmente apareceres na minha vida.

Não entendi muito bem o que ele queria dizer com isso mas o que eu sabia é que agora o meu coração estava finalmente preenchido.

And Now?Onde histórias criam vida. Descubra agora