Capítulo 16

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Julia mal entra em casa, é recebida por uma Inês eufórica que a puxa para o sofá:

- Quero saber tudo, conta-me. - diz entusiasmada.

- Bem o jantar não aconteceu, uma loira oxigenada apareceu e eu abandonei o restaurante mesmo antes de começar a jantar. - Julia conta e Inês arregala os olhos.

- Sério?

- Sim. Mas depois ele levou-me para casa dele e acabamos por nos entender. - Julia suspira ao relembrar a noite anterior. - E não te vou contar mais nada. Chega vamos para o ginásio como combinado.

- Esse vestido é muito giro mas não é o que levaste ontem à noite. - Inês diz observando a amiga com atenção. - O que aconteceu ao teu vestido?

Julia sente-se corar mas não diz nada e a amiga arregala ainda mais os olhos:

- Oh meu Deus, eu não quero saber, já percebi que foi intenso. Vai preparar-te para irmos embora. - Acabam as duas a rir e Julia segue para o seu quarto para se preparar para saírem.

O dia passou a correr, as amigas foram ao ginásio de manhã, onde treinaram durante uma hora, depois fizeram sauna por meia hora e no final relaxaram por mais uma hora no jacuzzi. Saíram de lá revigoradas.

  À noite foram jantar a um restaurante na baixa de Lisboa e depois foram a uma discoteca à beira rio que tinha aberto a alguns meses e que estava muito na moda. Dançaram até os pés não aguentarem mais, alguns homens tentaram meter-se com elas mas nem lhes deram hipótese, era a noites delas e nada nem ninguém se meteria entre elas.

Julia acordou no domingo com uma dor de cabeça enorme e com o som do telemóvel a tocar:

- Estou. - Ela diz rouca e apenas meio acordada.

- A noite foi bem animada e parece que alguém ainda não se recuperou. - A voz rouca de Rafael fez com que ela acabasse de despertar e se sentasse na cama.

- Como sabes que a noite foi animada? - Pergunta confusa.

- Se tivesses acordado a horas decentes e visto as redes sociais saberias que estás em todos os sites de revistas a sair de uma discoteca às 5 da manhã com a Inês, a noticia tem o Titulo: "Namorada de Ricardo Noronha diverte-se na noite com amiga" Achas que deva ligar aos jornalistas a contar quem é a amiga misteriosa da Inês? - Ele provoca.

- Nem te atrevas! - Julia exclama aflita. - Isso amanhã já foi esquecido. Foi só por isso que me ligaste? - Pergunta sonolenta

- Não. Liguei para te dizer que não gostei de saber que foste para a noite sem mim, não gosto de ter o que é meu solto por aí sem a minha supervisão. - Diz firme.

- Agora a sério, querias dizer-me algo útil? - Ela começa a ficar irritada

- E que estou a morrer de saudades, senti a tua falta na minha cama esta noite, queria ter-te tido aqui para me poder afundar em ti uma e outra vez. - Ele continua como se ela não o tivesse interrompido.

Julia encolhe-se e fecha os olhos, ele é impossível.

- Rafael eu vou desligar.

- Tudo bem, eu vou reunir com os clientes mais uma vez, as negociações não estão fáceis. Beijo. - Ele imita o som de um beijo e ela sorri.

- Beijo. - sussurra e desliga. deixa-se cair mais uma vez na cama e fecha os olhos, adormecendo mais uma vez.

Julia e Inês passaram o domingo a dormir como se não houvesse mundo lá fora.

Na segunda-feira de manhã, assim que Julia chegou ao escritório recebeu ordem ara se dirigir ao escritório da patroa.

- Bom dia Carla . - Julia cumprimenta a patroa assim que entra na sala.

- Bom dia Julia. Tudo bem? - Ela pergunta curiosa.

- Sim, tudo bem e contigo? - Julia responde sorrindo, sabia onde ela queria chegar.

- Sim, também estou bem. Senta-te e conta-me como correu o jantar de sexta-feira. - Ela pede empolgada e Julia não consegue evitar rir.

- Vou resumir porque tenho muito trabalho para fazer. - Julia avisa.

- Ok, tudo bem.

- O jantar acabou por não acontecer por interferências alheias, mas ficamos juntos nessa noite, foi maravilhoso e agora vamos levando um dia de cada vez e ver o que acontece.

- Bem, estou feliz por ti minha querida. Acho que vocês dois têm grandes hipóteses de dar certo. Eu estou a torcer por isso. - Carla levanta-se a abraça a amiga.

- Obrigado Carla, por tudo. - Julia retribui o abraço. - Agora vou trabalhar, até logo.

- Até logo. - Carla sorri.


Na sede mãe das empresas Noronha, Luísa vai até ao escritório do Rafael para lhe entregar uns documentos, como a  Inês foi almoçar ela vai directo para a porta do escritório dele mas pára ao ouvi-lo dizer ao irmão:

- A minha noite de sexta com a Julia foi a melhor da minha vida e depois deste fim de semana a trabalhar feito louco para fechar o negócio com os chineses tudo o que eu quero é levar a minha miúda a jantar e depois matar saudades na minha cama. - Ambos sorriem.

- Eu já matei algumas das saudades hoje de manhã. - Ricardo diz. - Mas fico muito contente por te teres entendido com a Julia. Só te peço que não estragues tudo por causa de alguma piranha das quais tu gostas de te meter.

- Não pretendo estragar nada. Eu e a Julia combinamos que iríamos com calma, um dia de cada vez. Eu gosto de estar com ela, e para já estou muito satisfeito com o que temos.

- Quem bom irmão.

Luísa ainda houve o Ricardo responder mas depois sai dali a correr e fecha-se na casa de banho a chorar. Passou anos  à espera que o Rafael mudasse, que a quisesse só a ela, ele gostava dela, isso ela sabia porque era para ela que ele sempre corria quando estava só e não ia permitir que nenhuma mulherzinha viesse ocupar o lugar dela, isso estava fora de questão. Lavou a cara e saiu para o seu posto de trabalho, podia entregar os documentos mais tarde.

Quando Julia entrou no edifício sede do grupo Noronha a recepcionista estava de costas a falar ao telemóvel, ia chama-la quando ouviu o que ela estava a dizer:

- Ai amiga a minha noite com o Rafael foi maravilhosa, ele chegou lá a casa todo stressado por causa das negociações com os chineses, mas eu tratei logo de lhe fazer uma daquelas massagens especiais, se é que me entendes. - Ela soltou um risinho e Julia sentiu o estômago revirar. - E ele rapidamente ficou bem relaxado e depois fez amor comigo como não fazia à muito tempo. Sabes? Eu sei que ele tem outras mulheres mas é para mim que ele volta sempre, ele diz que não consegue passar sem mim, nenhuma outra faz como eu. - Voltou a sorrir desta vez mais alto e Julia resolveu sair dali, já tinha ouvido mais do que o suficiente e sabia o caminho para o escritório do Rafael sem precisar da ajuda da incompetente da recepcionista.

Passou directo por ela, que continuou no telefone sem a ver passar, e entrou no elevador marcando o ultimo andar. Enquanto o elevador subia, respirou fundo várias vezes para se acalmar.

Prisioneiros  (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora