Capítulo 26

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Julia volta para a mesa apressada, felizmente o Pedro encontrava-se numa outra mesa a conversar com uns clientes.

- Julia querida, está tudo bem? – Rosa pergunta.

- Sim, está tudo bem obrigado.

- Julia, a Rosa convidou-nos para almoçar amanhã. – Inês diz-lhe sorridente e Julia olha de uma para a outra tentando perceber porque também foi incluída no convite.

- Tu és a única família que a Inês tem aqui e gostaria de te conhecer também. – Rosa explica adivinhando o que ela estava a pensar.

- Claro, vou com prazer. – Julia sorri para a senhora, gostava dela.

Logo de seguida foi anunciado que iriam cantar os parabéns ao aniversariante e a conversa ficou por ali.

O Rafael voltou para a mesa assim que o anuncio foi feito, assim como o Pedro. Ele olhou para ela, ressentido e ela desviou o olhar. Pedro abraçou-a pelos ombros e ela encostou a cabeça no seu ombro enquanto cantavam os parabéns ao Ricardo.

A festa durou pela noite dentro mas felizmente o Rafael não voltou a tentar aproximar-se da Julia, manteve-se sentado numa mesa um pouco distante da deles a conversar com uns clientes e ela pode relaxar e aproveitar melhor a festa.

Ao despedir-se na porta de casa dela, o pedro pergunta-lhe:

- Vemo-nos amanhã?

- Amanhã não posso. A Rosa convidou-me para sair com ela e a Inês. – Ele franze as sobrancelhas e ela explica. – Ela diz que sou a única família da Inês e por isso quer conhecer-me melhor.

- Está bem. – Ele beija-a na boca. – Dorme bem, ligo-te na segunda.

- Está bem. Bons sonhos. – Ela sorri e ele retribui antes de ir embora.


Depois que Rafael soube do almoço resolveu vir dormir a casa dos pais tal como o seu irmão, Ricardo não gostou da ideia e acabaram por discuti:

- Quantas vezes eu já te pedi para deixares a Julia em paz? - Ricardo pergunta-lhe

- E quantas vezes já te disse para te meteres na tua vida? - Rafael pergunta irritado.

- Meninos não discutam. - Rosa pede entrando na sala. - Posso saber porque estão a brigar, logo hoje que decidiram vir dormir cá em casa.

- O Rafael não deixa a Julia em paz. - Ricardo explica à mãe.

- E na tua opinião ele deveria deixa-la em paz, porquê? - A mãe pergunta-lhe

- Porque ele teve a sua oportunidade e estragou tudo.

- Eu já te disse que não fiz nada. - Rafael explode. - Incrível como a Julia poderia acreditar em mim se nem mesmo o meu próprio irmão acredita.

- Ricardo, o teu irmão está a dizer a verdade. - A mãe intervém.

Ricardo olha da mãe para o Rafael, quando eram crianças a mãe sempre sabia quando eles diziam a verdade e mentiam.

- Tu não dormiste com ninguém naquele fim de semana?

- Não Ricardo. Nenhuma mulher supera a Julia. - Rafael admite

- Isso quer dizer que o meu irmão está apaixonado? - Ricardo pergunta sorridente.

Rafael olha-o como se ele tivesse duas cabeças pensativo, mas é a mãe que acaba por responder:

- Perdidamente apaixonado. - Vira-se para o Ricardo. - Viste como não desviou os olhos dela durante a noite toda?

- Só um cego não via. - Ricardo brinca e vai abraçar o irmão. - Ok mano diz-me como posso ajudar-te a reconquista-la?

- Eu preciso saber quem inventou essa história e como a Julia se recusa a falar comigo, a única pessoa que eu vejo que possa saber quem foi é a Inês.

- Já percebi. Eu amanhã falo com ela. Podes contar comigo e desculpa não ter acreditado em ti.

- Tudo bem a minha atitude também não ajudou muito. - Rafael admite e abraço o irmão. - Vamos dormir.


- Bom dia. - Inês cumprimenta a Julia quando ela entra na cozinha.

- Bom dia. - Sorri-lhe.

- Queres contar-me a tua demora ontem na casa de banho? - Inês pergunta.

- Mais do mesmo, para variar. - Julia revira os olhos. - O Rafael seguiu-me e tentou seduzir-me, pelo menos desta vez consegui resistir-lhe.

- Ele está diferente, sabes? - Inês começa.

- Diferente como?

- Não aceitou chamada de nenhuma mulher está semana e na sexta dispensou a Luísa. Ela saiu da sala dele furiosa. - Inês sorri ao lembrar-se da cara da outra mulher.

- Bem feito para a Luísa. - Julia diz depois de pensar algum tempo. - Mas isso pode não significar nada, talvez esteja apenas um pouco cansado e precise de uns dias para recuperar.

- Pode ser. - Inês decide mudar de assunto. - O almoço com a minha sogra vai ser na casa dela em Cascais.

- Tu sabes onde é?

- Sim, Já lá fui uma vez com o Ricardo quando eles ainda estavam em viagem.

- Ok. Então eu vou preparar-me. - Julia levanta-se.

- Eu também. - Inês segue-a.

Julia opta por um vestido cai cai branco, justo até ao joelho e saltos pretos a combinar com a mala. O cabelo deixou-o solto e a maquilhagem muito suave.

- Estou pronta. - Ela diz quando entra na sala.

- Pronta e linda como sempre. - Inês comenta.

- Tu também, como sempre. - Julia pisca para a amiga que tinha optado por usar um vestido azul, justo até à cintura e que depois abria numa saia de pregas.

A casa dos Noronha era enorme, num dos bairros mais conceituados de Cascais. Para entrar tinham de passar por uns portões enormes que tinham vídeo vigilância e percorrer uma pequena estrada de calçada ladeada por um bonito jardim.

- Sejam bem vindas minhas queridas. - Rosa as recebe à porta.- Entrem, os meninos já chegaram e estão no escritório a tratar de negócios como pai, mas já os mandarei chamar.

Julia troca um olhar assustado com a Inês mas esta olha-a surpreendida também. Julia pensava que o almoço seria apenas de mulheres, nunca imaginou que teria de enfrentar o Rafael novamente. Não queria, não se sentia com forças para mais uma batalha.

A casa por dentro era toda decorada em tons de creme e dourado, sofás com almofadões e carpetes de Arraiolos espalhadas pelo chão. Muito elegante e aconchegante.

- Afinal não é preciso chamar os homens. - Rosa comenta quando um minuto depois de se terem sentado no sofá, eles entram na sala.

- Ouvimos quando chegaram e eu tinha de cumprimentar a minha namorada. - Ricardo diz beijando a Inês.

O Patriarca cumprimenta as duas e senta-se junto à esposa.

Rafael beija a cunhada na face e depois senta-se junto a Julia e beija-a também na face de forma demorada.

- Olá Julia. Sê bem vinda à casa onde nasci. - Julia tenta afastar-se sem que os outros percebam mas ele não permite colocando-lhe a mão no ombro descontraidamente.

Julia sente o corpo responder de forma violenta à proximidade dele. Sentia raiva de si mesma por se sentir abalada por ele, ela tinha decidido esquecê-lo e estava com o Pedro, já não devia sentir nada por ele a não ser raiva ou indiferença.

- O almoço está servido minha senhora. - A governanta avisa.

- Obrigada Ana. Vamos almoçar. - Rosa diz e todos se levantam para se dirigirem para a sala de jantar.

Prisioneiros  (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora