Capítulo 28

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Julia sai do edifício dos Noronha a correr e desce a rua sem saber muito bem para onde ia, sentia-se completamente perdida. Era tudo mentira, ele não a tinha traído, pensar no quanto sofreu, nas coisas que disseram um ao outro. Por outro lado ele, mal discutiram foi logo a correr de volta para os braços da Luísa mas ela também tinha corrido para os Braços do Pedro. Estava tudo errado e não sabia se teria solução. Por mais forte que seja o sentimento que os une a forma como ele usa as mulheres torna difícil ela conseguir confiar nele. Julia sente-se perdida.

Parou no passeio e olhou à sua volta, viu um táxi a passar e pediu para que parasse, entrou no carro e pediu que andasse que logo lhe diria onde parar.

Já estava a andar de carro à quase uma hora quando passa por um hotel e ela pede ao taxista para parar o carro, paga, sai e entra no hotel, pede um quarto. Não quer ir para casa, não se sente preparada para ver ou falar com ninguém, nem mesmo a Inês.

Entra no quarto, desliga o telemóvel, onde já tinha várias chamadas perdidas e algumas mensagens mas nem se dá ao trabalho de ler. Tira a roupa e vai para a casa de banho, entra no chuveiro e abre a agua, sentia uma necessidade enorme de se lavar, talvez assim conseguisse clarificar também os pensamentos e sentimentos.


- Ela desligou o telemóvel ou ficou sem bateria. - Rafael diz. 

- Eu vou para casa, pode ser que ela esteja lá. - Inês diz

- Eu também vou. - Rafael e Ricardo dizem ao mesmo tempo.


- Ela não está aqui. - Inês conclui depois de procurar pela casa toda.

- Eu vou encontrá-la. - Rafael diz decidido e abandona a casa.

- Que confusão, nunca imaginei que a Luísa chegasse a este ponto. - Inês comenta com o namorado.

- Nem eu. Mas o pior é que não acreditei no meu irmão e ele estava a dizer a verdade. - Ricardo lamenta-se.

- Nós bem que queríamos acreditar nele, mas as atitudes dele também não ajudaram. - Inês segura a mão dele. - A Julia está demasiado magoada mas também sei que ela gosta do teu irmão, no seu tempo ela vai perceber que eles devem ficar juntos.

- O meu irmão é muito casmurro mas ele adora a Julia, custou a admitir mas agora que o fez, acredito que não volte a fazer asneira.

- Assim espero. 


Julia estava à duas horas deitada na cama, apenas de roupão, a beber uma garrafa  de  whisky que  tinha retirado do frigorífico-bar do quarto. Não gostava muito de beber mas hoje sentia que precisava esquecer tudo e esta foi a melhor forma de o conseguir.

Alguém bate na porta do quarto e ela reclama para si, não queria ser incomodada, não tinha pedido nada, quem estaria a importuná-la. Levantou-se e percebeu que o quarto estava a rodar, com dificuldade vai até à porta e abre-a.

- Como me encontraste? - Ela pergunta com a voz arrastada.

- Tiveste a beber? - Ele pergunta, entrando e fechando a porta.

- E se tiver? não te diz respeito. - Ela tenta andar para longe dele mas sente uma tontura e ele segura-a para que não caia.

- Por Deus Julia. - Ele exclama abanado a cabeça, pega-a ao colo e leva-a até à cama onde a deita. - Tudo o que é relacionado contigo diz-me respeito, tudo.

Ele diz baixinho sentando-se ao seu lado.

- Como me encontraste? - Volta a perguntar.

- Foi fácil, pagaste o quarto com o teu cartão bancário. - Ele olha para ela deitada naquela cama, com o cabelo molhado e o rosto sem qualquer maquilhagem e sente o coração encher-se de um sentimento que não conseguia muito bem identificar, mas ela estava linda, como ele não se lembra de a ter visto antes, mesmo que estando muito bêbeda. Sorri para si mesmo e ela resmunga:

- Qual é a piada? posso Saber? - Mal consegue abrir os olhos e ele acaba por soltar uma gargalhada rouca e baixa-se para roçar os seus lábios nos dela.

Julia fecha os olhos e ele levanta-se e manda uma mensagem ao irmão a avisar que a encontrou e que está tudo bem. Quando volta a sentar-se percebe que ela dorme profundamente, sorrindo, tira-lhe o roupão, abre a cama e tapa-a. A visão do seu corpo totalmente nu desperta-lhe todo o corpo. Sentia muito a falta dela, depois da noite que passaram juntos na sua cama, nunca mais conseguiu dormir sem de lembrar de como era tê-la ali ao seu lado.

Rafael vai até à casa de banho e toma um banho de água fria, tinha-se tornado tão normal, para ele, nos últimos tempos tomar banho de água fria que ele já nem ligava. Pelo menos ajudava-o a adormecer.

Sai do banho, limpa-se e sem voltar a vestir-se vai para o quarto e deita-se ao lado dela, abraçando-a, ali com ela nos seus braços, sentia-se em casa. Sorrindo fecha os olhos e adormece quase de imediato. 

Prisioneiros  (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora