Capítulo 19

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Julia deixa-se cair na sua cadeira e respira fundo de olhos fechados, não ia chorar, tinha prometido a si mesma mas sentia-se completamente morta por dentro. Amaldiçoou o dia em que o conheceu.

Inês e Ricardo estavam a conversar quando o Rafael entrou como um furacão e sem sequer olhar para eles entrou no seu escritório e bateu com a porta.

- Eu vou falar com ele. - Ricardo beija a namorada e segue para o escritório do irmão.

- Eu não quero ver ninguém. - Ele avisa com raiva sem tirar os olhos do computador.

- Sou eu mano. Queres contar-me o que aconteceu?

- Tu não passas de mais um traidor. - Rafael olha com raiva para o irmão. - Sai vai-te embora não estou com paciência para ver ninguém.

Ricardo olha por um instante para o irmão mas depois desiste, ele está furioso e o que quer que diga só vai piorar a situação por isso sai e fecha a porta sem dizer nada.

- Não entres ali dentro por nada deste mundo ele está insuportável. Qualquer coisa liga-me que falo com ele. - Ricardo avisa Inês e beija-a rápido. - Agora vou trabalhar.

- Ok, até logo. - Inês tenta sorrir mas não consegue muito bem, sabe que vai sobrar para ela mais tarde ou mais cedo.

Não se tinham passado nem cinco minutos quando a Luísa passa por ela toda sorridente e entra no escritório dele.

- Olá lindo.

Ela diz melosa chegando perto dele, ele faz-lhe sinal pata se sentar na secretária à sua frente:

- Senta-te e abre as pernas, vou-te foder forte e duro. - Ele sorri de lado e beija-a com força sem qualquer tipo de carinho.

Inês ouve os gemidos da Luísa e não aguenta ficar na sua secretária, levanta-se e corre para fora do escritório mas acaba por esbarrar no Ricardo.

- Aconteceu alguma coisa? - Ele pergunta

- Eu não suporto o teu irmão, está a comer a Luísa na sala dele e os gemidos são tão altos que tive de sair dali. - Inês faz uma careta e o Ricardo abraça-a.

- Ele não tem emenda mesmo. Anda vamos tomar um café e esperar que a palhaçada acabe.

Meia hora depois eles vêm a Luísa passar para a recepção com visíveis dificuldades em andar e ambos balançam a cabeça, nenhum percebe porque ela se sujeita a este tipo de tratamento.

Julia trabalhou o dia todo com afinco, era a única forma de não pensar nele. À noite foi para casa comeu uma sandes e deitou-se, dormir sempre a ajudava a curar as feridas.

E assim se passaram duas semana, Julia trabalhava e dormia apenas e Inês via o sofrimento da amiga sem poder fazer nada. No escritório as coisas iam de mal a pior, o Rafael a cada dia que passava estava mais insuportável, distratava todos e para ajudar todos os dias uma mulher diferente ai visitá-lo, por vezes mais que uma por dia. Ele estava completamente fora de controlo, ela chegou a comentar com o Ricardo e ele concordava com ela só não sabia o que fazer para parar com aquela loucura.

- Olá desaparecida. - Julia olha para a porta do seu escritório e vê o Pedro.

- Pedro! Que bom que voltaste. - Julia levanta-se para cumprimentá-lo, Abraça-o e beija-o na face mas ambos saltam de susto quando ouvem um estrondo trás deles.

- Desculpem se interrompo o casal mas tenho uma reunião marcada com a Carla. - Julia fica imediatamente tensa e separa-se do amigo.

- Eu acompanho-te até à sala dela. Pedro eu volto já. - Sorri para o amigo que olha dela para o Rafael sem entender muito bem a tensão que paira no ar.

- Não perdeste tempo em me substituir. - Ele diz atrás dela e ela sorri não acreditando nos seus ouvidos mas continua o seu caminho sem lhe responder ou sequer olhar para ele.

- Responde-me. - Ele agarra-a pelo braço forçando-a a olhá-lo. - Estás com ele?

- Não é da tua conta. - Ela sussurra e ele aperta-lhe mais o braço.

- Sr. Noronha. - Ouve-se atrás deles, era a Carla que tinha chegado na hora certa. - Por favor entre.

Rafael olha mais uma vez para a Julia e depois solta-a entrando na sala, deixando-a para trás.

Julia suspira de alívio e volta para a sua sala, sabia que mais tarde ou mais cedo iria encontrar-se com ele mas não esperava que fosse assim, que tremesse só de olhar para ele e que o seu toque ainda mexesse tanto com ela. Respira fundo mais uma vez e entra na sua sala sorrindo para o Pedro e fecha a porta para não voltarem a ser incomodados.

- Então agora conta-me como foi a viagem? - Pede sentando-se ao lado dele na sofá do canto da sala.

- Foi boa, cansativa mas no fim consegui resolver tudo e penso que não terei de voltar tão cedo. - Ele faz uma pausa e olha para ela. - Pensei que estavas chateada comigo não me atendias o telemóvel nem respondias às minhas mensagens.

- Desculpa, eu tive alguns problemas e não andei com cabeça para nada. Desculpa-me mesmo a sério.

- Alguma coisa que eu possa ajudar? - Ele pergunta analisando-a

- Não, obrigado a sério. Está tudo bem agora. - Sorri tentado ser convincente.

- Julia antes de viajar nós estávamos a dar-nos muito bem e durante este tempo em que estive fora pensei muito em ti e gostava que aceitasses continuar a sair comigo, só comigo entendes? - Ele segura na mão dela, acariciando-a.

- Tipo um relacionamento? - Ela pergunta

- Sim. - Ele diz aproximando-se mais um pouco.

- Eu acho que precisamos de nos conhecer melhor antes de assumir qualquer tipo de compromisso, mas sair em regime de exclusividade parece-me muito bem. - Ela sorri e ele beija-a na boca com carinho e ela retribui.

Não é um beijo avassalador como os do Rafael, mas esses só lhe trouxeram dor por isso estava disposta a dedicar-se de corpo e alma a uma relação com o Pedro, tinha o direito de ser feliz e iria ser.

- Vamos jantar hoje? - Ele pergunta com a testa junto da dela.

- Sim vamos. - Ela sorri.

- Eu vou buscar-te às oito então. Agora vou para casa descansar que vim directo de aeroporto. - Julia arregala os olhos e ele ri da expressão dela. - Estava com muitas saudades. - Completa e ela sente o rosto aquecer.

- Até logo então. Bom descanso. - Julia acompanha-o até à porta.

- Até logo. - Ele beija-a rápido na boca e vai embora.

Quando Julia se vira para entrar na sala, vê o Rafael a olhar para ela com puro ódio no olhar e encolhe-se com medo, mas ele aperta os punhos com força, vira-lhe as costas e sai dos escritórios a pisar fundo.

Julia suspira de alívio e volta para a sua sala. Desta vez ia fazer o que estava correcto e esquecer que alguma vez aquele desgraçado tinha passado pela sua vida.

Prisioneiros  (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora