Capítulo 5

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Julia acordou com os raios de sol a entrarem pela janela do quarto. Espreguiçou-se, saiu da cama e foi directo para o banho, no fim vestiu uma camisola larga e uns calções de ganga curtos e foi à procura de comida. Na cozinha encontrou a Inês a acabar de preparar o almoço.

- Finalmente a bela adormecida acordou. - Exclamou com um sorriso deslumbrante. - Já estava para ir chamar-te, não percebo como consegues dormir tanto.

- Bem precisava de dormir muito depois da noite de ontem. Agora a sério como consegues aguentar aquele homem todos os dias? Que criatura insuportável! - Julia revira os olhos, mas depois sorri para a amiga. - Mas não é disso que te quero ouvir falar. Quero saber é desse sorriso maravilhoso que tens no rosto, aposto que a razão dele se chama Ricardo.

Ambas riem muito e Inês abraça a amiga:

- Julia, estou tão feliz. A minha noite foi maravilhosa, dançamos a noite toda e no final da festa quando me veio trazer a casa, convidou-me para jantar hoje. - Sorri sonhadora.

- Que bom amiga. Eu gostei dele nem parece familiar do outro. - Julia sente um arrepio cada vez que fala no Rafael.

- Ele ficou furioso por teres ido embora ontem, quase discutiu comigo por causa disso o Ricardo é que o acalmou.

- Meu Deus que homem mais arrogante, espero nunca mais me cruzar com ele.

- Ele ficou mesmo interessado, já o vi interessado em muitas mulheres mas nunca o vi tão chateado por causa de uma. - Inês comenta pensando na vasta lista de mulheres que já viu o seu patrão sair no curto espaço de tempo que trabalha para ele.

- O problema dele foi eu não ter demonstrado interesse, não está habituado a ouvir um não, só isso. - Julia reza para que ele a esqueça rápido.

- No final da noite acabou por sair com a Luísa agarrada a ele que nem uma lapa. - Inês lembra com desagrado. - Não sei como ela se sujeita a isso, ele só lhe pega quando não tem mais ninguém.

- Também não compreendo. - Julia comenta, mas não consegue evitar, sentir-se incomodada com o que a amiga acaba de lhe contar e isso enfurece-a. - Mas chega de falar nesse homem. Conta-me como é o Ricardo?

- Ah o Ricardo. - A amiga começa sonhadora. - Ele é um amor, cavalheiro, divertido. Acho que encontrei o homem da minha vida.

- Que bom amiga, espero do fundo do coração que tudo corra bem para vocês. - Julia abraça a amiga.

Depois de almoço, arrumaram a cozinha e foram para a sala ver televisão. Ao final da tarde a Inês foi preparar-se para a encontro com o Ricardo e Julia continuou na sala, não tinha intenções de sair.

A campainha toca e Julia levanta-se e vai abrir a porta, do outro lado encontra um par de homens maravilhosos, devia ser proibido dois homens tão lindos andarem juntos pela rua, podiam causar sérios estragos por onde passassem. Ambos estavam de fato preto justo ao corpo, denunciando dois corpos muito musculados e camisa branca cintada, a única diferença era que o mais velho estava de gravata preta também e o mais novo tinha apenas a camisa aberta no colarinho.

- Ricardo, Rafael. - Ela os cumprimenta tentando controlar os batimentos cardíacos.

- Olá Julia. - O Ricardo é o primeiro a falar, dá-lhe dois beijos nas bochechas e entra.

Rafael continua na porta parado, a olhar para ela de cima a baixo, demorando-se muito para além do considerado aceitável no escrutínio das suas pernas que os calções deixavam à mostra, os olhos deles soltavam faíscas de puro desejo e Julia sente o corpo aquecer mas depois lembra-se que ele não presta e que ontem depois de ter tentado seduzi-la levou outra mulher para casa e sente a frieza dominá-la.

- Olá Julia. - Ele finalmente diz com a voz rouca, mais rouca ainda do que ela se lembrava.

- Entra. - Ela diz-lhe sem muita vontade e volta para a sala sem esperar por ele, mas sente a sua presença mesmo atrás dela. - Sentem-se por favor a Inês deve estar quase pronta, eu vou avisá-la que já chegaram.

- Julia eu não vim com o meu... - O Rafael começa mas é interrompido pelo som do telemóvel da Julia que começou a tocar.

- Peço desculpa. - Ela diz e vai atender junto à porta da cozinha.

- Estou? - Ela atende consciente que o Rafael não desvia o olhar dela um segundo e que provavelmente está a ouvir a conversa.

- Olá como estás? - Ela pergunta animada quando percebe que é o Pedro, o colega da Inês que ela conheceu ontem na festa, não sabia como ele tinha conseguido o seu numero mas desconfiava que isso tinha dedo da Inês.

- Hoje? Sim pode ser. Sim fica combinado até logo então. Beijo. - Julia desliga o telemóvel e quando se vira para a sala vê o Rafael a olhar para ela com cara de muito poucos amigos e maxilar serrado, era visível que estava muito irritado.

- Boa noite. - A Inês chega à sala e olha para a amiga e para os homens sem perceber o porquê do seu patrão estar ali e muito menos com aquela cara.

- Boa noite. - Ricardo vai até ela beija-a na face com carinho e segura-lhe as mãos entre as suas. - Estás linda. - Ele diz e ela cora até à raiz dos cabelos, Julia não consegue evitar um sorriso.

- Bem nós já vamos indo. - Ricardo diz e olha de Julia para o irmão.

- Divirtam-se. - O Rafael diz, deixando claro que vai ficar e que eles devem sair.

Julia olha para a amiga e esta olha-a de volta com ar que diz que não sabe o que se passa mas que nada pode fazer e vai embora com o Ricardo.

Assim que a porta se fecha, Rafael caminha na direcção de Julia:

- O que quer que combinaste, desmarca vais jantar comigo. - Ele ordena chegando muito perto dela. Julia, instintivamente, recua mas a parede está logo atrás dela e vê-se encurralada e com os braços dele a prendê-la, cada um de um lado do seu corpo.

- Primeiro não vou desmarcar nada, segundo não me lembro de ter recebido convite nenhum teu para sair, terceiro mesmo que o tivesse recebido não ia aceitar sair contigo. Porque não convidas a Luísa? Aposto que ela ia adorar ir jantar contigo. - Julia termina com um sorriso irónico nos lábios e ele sorri de lado.

- A Inês fala demais. A Luísa foi apenas uma diversão. - Ele sorri e Julia sente o estômago embrulhar. - Eras tu que eu queria na minha cama ontem.

Ele diz junto ao seu pescoço e ela sente repulsa por ele. Escorregando passa por baixo do braço dele rápido e afasta-se.

- Tu metes-me nojo. De homens como tu eu quero distância. - Ela diz com raiva e ele olha-a como se ela tivesse duas cabeças. - Sai Rafael vai procurar uma idiota que goste de ser usada e descartada, eu preciso me preparar, pois tenho um jantar com um homem a sério.

Ele olha-a furioso e sem ela esperar abraça-a e dá-lhe um beijo, e que beijo. Julia não se lembrava de alguma vez na vida ter sido beijada assim, era um misto de raiva com paixão e possessividade que a deixaram sem reacção por algum tempo, mas depois lembra-se que o dono do beijo não presta para nada e afasta-o.

- Nunca mais te atrevas a tocar-me ouviste? - Ele olha-a confuso, estava transtornado pelo turbilhão de sentimentos que o beijo lhe causou, sabia que o desejo que sentia por ela era intenso, mas nada o tinha preparado para o que sentiu quando a beijou. Olha para ela durante algum tempo, ela era tão linda, principalmente assim, com raiva, com os lábios inchados pelo beijo dele e os olhos brilhantes, de raiva sim mas havia também desejo, por mais que ela tentasse esconder ele conseguia ver o desejo dela.

- Tu também me queres, não vale a pena tentares negar. - Ele afirma sério e tenta aproximar-se mas ela avança rápido para a porta e abre-a:

- Sai Rafael e esquece que existo.

Ele para na frente dela e olha-a por uns tempos.

- Muito bem. Nunca me arrastei atrás de mulher nenhuma não é agora que vou começar. - Diz altivo. - Adeus Julia.

- Até nunca Rafael. - Ela responde olhando-o da mesma forma altiva e ele serra os punhos e sai porta fora sem olhar para trás.

Julia fecha a porta e deixa-se escorregar por ela até ficar sentada no chão, Rafael não prestava e ela tinha feito o correcto mandando-o embora, tenta convencer-se.

Prisioneiros  (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora