MÔNICA
Voltei para casa logo depois de uma boa caminhada com a Magali, sair com a minha melhor amiga me faz sentir melhor, diante de tanta coisa que estou passando preciso mesmo de algo que me faça descansar a mente, primeiro vejo Cebola indo embora do Brasil, depois o fato de eu estar grávida e ele não saber de nada - Certo sei que o fato dele não saber é totalmente culpa minha, então não adianta reclamar - chegando em casa subi as escadas direto para meu quarto, a coisa que eu mais queria evitar agora era ver meu pai, e escutá-lo falar do quanto fui inrresponsável, e como a adoção irá fazer bem ao bebê, principalmente porque ele quer fazer a adoção sigilosa* e isso me dói muito, o pior é minha mãe aparentar estar a favor, e o próprio pai do bebê, não saber de nada, isso vai me matando por dentro.
*Adoção sigilosa: Adoção em que a pessoa que adota a criança não sabe nada sobre os pais, e os pais não sabem nada sobre quem adotou a mesma.
Toc toc
Minha mãe estava batendo na porta na esperança que eu abrisse, faz mais de uma semana que recuso-me a ver alguém daqui de casa, mas talvez hoje seja a hora que eu posso conversar um pouco com ela.
Me levantei da cama com muito esforço e lutando contra o meu "eu" que constantemente me dizia: Não vai, não vai!. Abri a porta e minha mãe sorriu surpresa com minha atitude.
- Filha..
- Mãe, com todo respeito, mas se a senhora veio me dar mais um sermão.. Por favor, eu estou cansada, eu estou já muito triste, por favor evite-me de piorar..
Eu me virei para retornar ao quarto e minha mãe entrou fechando a porta calmamente.
- Filha nós precisamos conversar
Eu olhei para ela confusa, a sua voz não soava como algo ruim, ou com um tom severo, ela falava doce e calmamente, o que por um tempo me acalentou, sentei-me na cama e ela fez o mesmo ao meu lado.
- Filha, eu sei que você está passando por um momento muito difícil, eu não queria lhe ver no estado em que te encontro hoje, não por estar grávida, mas por estar triste e desmotivada como te vejo, a sua reconciliação com o Cebola me fez pensar que você iria se sentir 100% melhor do que antes e olha como eu te encontro!
- Mãe, não é que eu não queira compreender o que a senhora está me dizendo, mas é que saber como eu me sinto é uma coisa que você e o papai estão longes de entender, poxa mãe, eu estou carregando o bebê do homem que eu amo, e que está prestes a viajar sem saber do filho, e talvez ele nunca o conheça, e só de imaginar que eu posso me afeiçoar por ele, e ter que vê-lo ir para a adoção me dói! Talvez o papai pense que sabe o melhor pra mim, mas talvez as coisas não sejam da maneira que ele pensa.
Minha mãe respirou fundo, coçou a cabeça com nervosismo, me olhou com amor e voltou a falar.
- Eu te entendo meu amor, também não concordo muito com essa idéia de dar meu neto ou neta para a adoção, mas eu tenho tanto medo por você filha.
- Eu não tenho medo mãe, eu já sou moça, eu sei me virar, olha as coisas nas quais eu já me meti, viajei a lua, a terra de prata, lutei com robôs no Japão, atravessei portais do tempo, isso são coisas talvez que para uma criança de sete anos aos olhos de um adulto é muito pesado, mas não! Eu sei que o Cebola e eu, conseguiremos passar por essa juntos.
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Amor de Outono
Teen FictionMônica e Cebola, o casal mais aclamado do bairro do limoeiro, no auge de seu namoro, sofrem com problemas além do que imaginam suportar, levando nosso caro Cebola a uma viagem distante de seu amor, podendo causar uma alteração na vida de outro ser...