Anastácia é uma jovem criada que nasceu e cresceu no casarão de uma família nobre. Desde que se entende por gente, tudo que fez foi serví-los e obedecer suas ordens. Ela sempre lutou contra a vontade de sair no mundo e fugir das regras, em vez disso...
Atenção: Essa NÃO É UMA FANFIC. Trata-se de uma obra ORIGINAL com todos os direitos reservados a autora Bella Viana.
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O povoado era a coisa mais bonita e charmosa no outono. As folhas dançando ao redor dos pés das pessoas, guiadas pelo vento, o clima fresco e tudo mais. Faltava alguns meses para o festival de outono chegar. Era uma das comemorações do vilarejo de que Ana mais gostava. Podia dançar pela rua, ao som dos violões e gaitas, beber cidra... Era uma das poucas vezes em que se sentia uma moça qualquer, e não um criada.
─── Ana, pegue a concha maior para mim.
Tia de Ana estendeu a mão que não mexia o ensopado no fogão.
─── Anastácia...?
─── Sim? ─── Ana encarou a mão estendida da tia.
─── Eu pedi que pegasse a concha maior. O Ensopado já esta pronto. Não é possivel... distraída de novo?
─── Não é nada de mais, só...pensando. ─── disse a mais nova ao se levantar para pegar o utensílio de madeira pendurada na parede.
─── Deixe para sonhar acordada depois que terminar seu serviço. Com tanta coisa para fazer, um jantar para servir não é hora de observar as estrelas.
─── Deixe a garota, Eva. Ela é jovem. É normal sonhar nessa idade. ─── disse Silvio, parado ali perto, separando alguns talheres para a mesa. ─── Ana já passa muito tempo presa dentro dessa cozinha te ajudando.
─── Aposto minhas riquezas que ela está sonhando com aquele bendito festival da cidade.
─── A senhora é uma boa apostadora, Titia. Eu não vejo a hora de poder ir. ─── Ana sorriu de orelha a orelha.
─── Pode tirando seu cavalinho da chuva. Eu sei o quanto você gosta dessas festas de rua, menina, mas eu não vou deixar que vá sozinha. Não mesmo. ─── disse tia Eva.
─── Alguns criados daqui do casarão também vão ao festival. Eu não estarei desacompanhada. Jonathan. ele também vai. Poderei ir com ele.
Eva balançou a cabeça com força.
─── Aquele menino cocheiro? Não sei o que pensar disso. Por mais que ele seja um ótimo rapaz, não sei quais são as os interesses dele com você.
─── Jonathan e eu somos amigos desde criança. Apenas isso.
─── Ainda assim, eu não aprovo você ir para a cidade com ele.
─── Com ele ou sem ele, eu não perderei o festival de outono. Faltam apenas três meses.
Tia Eva bufou. Sabia que não adiantava interferir. Ana já tinha idade suficiente para saber o que queria para sua vida. Também porque sabia que a garota não reclamava de trabalhar dia após dia servindo aquela casa, quando as outras garotas de sua idade estavam preocupadas com coisas como vestidos e sapatos. Ana tinha o espírito livre. Gostava de andar pelo povoado, subir em barrancos onde tivesse as melhores vistas, dançar ao som das mais animadas melodias. Eva sabia que um dia Ana iria se cansar daquela vida de servir e obedecer. Esperava que a sobrinha fosse feliz seja em qual caminho escolhesse seguir.
