O baile foi como todos os outros que Juan já estava acostumado desde que nascera. Orquestra, vinho em abundância, vestidos bufantes, danças e muitos pisões nos pés. Mesmo a temporada longe daquilo tudo não o fez perder o jeito.
Mas aquele baile em especial o deixou enjoado. Havia tantas pessoas que ele não conhecia, tantos nobres tinham sido nomeados enquanto esteve viajando. As pessoas do reino pareciam loucas para reencontrar o príncipe que sumira de Monterrar a mais de dois anos e que agora estava de volta e anunciando se casar.O baile só piorou quando Juan soube que Ana não estava nele. Depois de varrer o salão inteiro com os olhos, ele percebeu isso. Tereza estava ao lado de Laurel e Sierra. Ana não estava com ela. E nem com outras damas de companhia.
Só então o príncipe pensou na burrice que tinha feito. Não devia ter entrado no quarto de Ana, a beijado e esperar que tudo continuasse como era antes. Devia ter se controlado, guardado aquele desejo só para si. Era melhor ter a companhia de Ana só como amiga do que não ter.Ele pegou uma taça de vinho e andou pelo salão, deixando que pessoa após pessoa enchesse seus ouvidos com baboseiras que ele fingia ouvir.
─── O que foi? Parece entediado ─── disse Felipe, se aproximando com uma taça de vinho na mão.
─── Toda essa palhaçada não te irrita?
─── Se eu fosse o príncipe, talvez ─── o de olhos verdes alisou o próprio terno. ─── Mas como não sou, até que o baile como esse é bem divertido. Não vê quantas damas carentes há aqui? Diferente de você eu fico mais do que feliz em dar atenção a elas.
─── Você precisa parar de iludir essas garotas.
─── Olha quem fala. O homem que foi o responsável pelo descabelamento de pelo menos dezenas de garotas em uma única cidade na nossa viagem as terras Highlands.
Juan bebeu mais um gole de seu vinho. Não podia discordar daquela observação. Durante as viagens que fazia, passava curtas temporadas em algumas cidadezinhas. Acaba conhecendo muitas garotas, até chegava a se interessar mesmo por algumas. Mas eram sempre romances de poucos meses, ou dias, até que Juan de cansasse da mesma cidade e resolvesse ir embora. Algumas despedidas acabavam em choros e soluços das garotas mais dramáticas.
Aquelas pareciam lembranças de um moleque irresponsável e idiota. Parecia que as viagens que fizera com Don e Felipe foi a décadas atrás e não a alguns meses. Sentiria falta de andar pelas ruas como um homem normal. Livre. De se hospedar em estalagens pequenas e jogar cartas nas tavernas enquanto bebia uma boa cidra.
─── Além do mais ─── continuou Felipe. ─── São elas que não conseguem ficar longe de mim ─── sorriu para uma garota ali perto. ─── Vou sentir falta de viajar sem rumo.
─── Você ainda pode viajar. Não está acorrentado a esse reino, como eu.
─── Não seria a mesma coisa sem você e Don. E também eu sou seu assistente pessoal. Quem è que anotaria seus compromissos e inventaria a melhor desculpa para o rei quando você os faltasse? ─── Felipe deu dois tapinhas no ombro do amigo. ─── Eu estou com você, primo. Até quando for rei e depois disso.
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Dança Do Destino - Livro 1
Ficción históricaAnastácia é uma jovem criada que nasceu e cresceu no casarão de uma família nobre. Desde que se entende por gente, tudo que fez foi serví-los e obedecer suas ordens. Ela sempre lutou contra a vontade de sair no mundo e fugir das regras, em vez disso...